MINCZUK E MARTÍNEZ DÃO UM "OLÉ" .CRÍTICA DE FABIANO GONÇALVES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

OSB brilha em noite de zarzuelas e estreia mundial.
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Em um palco em que se celebra a linguagem universal – a música –, a estrela da noite de 6 de julho foi o idioma de Cervantes. A Orquestra Sinfônica Brasileira, sob a regência de Roberto Minczuk, recebeu o soprano lírico porto-riquenho Ana María Martínez para concerto de zarzuelas e canções espanholas.
Para abrir os trabalhos, criar a atmosfera da noite e mostrar a excelência da OSB, o concerto foi aberto com o poema sinfônico Dom Juan, Op. 20, de Richard Strauss, sobre o célebre conquistador espanhol. A partir daí, começou o banquete. La Penetera, da zarzuela La Marchenera (1928), de Federico Moreno Torroba, foi a primeira executada pelo soprano convidado, seguida por Que se Importa que no Venga, de Los Claveles (1929), de José Serrano. A parte inicial do programa encerrou-se com uma canção de Roberto Chapí, da zarzuela Las Hijas del Zebedeo (1889): Carceleras.
Além do apuro técnico, perceptível em uma emissão cristalina e nos belos agudos em pianíssimo, Martínez esbanjou simpatia, talento e brejeirice que poderiam transformá-la em uma Gabriela madrilena – o que pôde ser comprovado após o intervalo, em peças como De España Vengo, composta por Pablo Luna em 1978 para a obra El Niño Judio.
“Maravilhosíssima!”
Os belos vocalises, cheios de lirismo, que imitavam gorjeios de pássaros na canção En um País de Fabula, escrita por Pablo Sorozábal em 1934 para a zarzuela La Tabernera del Puerto, arrancaram aplausos feéricos da audiência. Um fã mais exaltado atacou de “Maravilhosíssima!” e ganhou, além de acenos e murmúrios de “obrigada” da cantora, alguns bis ainda no meio da segunda parte do programa. Entre os extras, uma delicada interpretação de O Mio Babbino Caro, ária de Gianni Schicchi, de Puccini. Ana María Martínez sai de cena e entra na memória afetiva do público carioca.
A primorosa noite ainda teve outro momento alto com a estreia mundial da peça sinfônica Domingando em Itambé – Fantasia para Orquestra, composta pelo brasileiro radicado nos EUA Raimundo Penaforte. A vibrante e sincopada peça remete à praia pernambucana de Itambé, retratada pelo compositor com o colorido de um Ravel tropical, coroada aqui e ali por ecos de um delicioso xote.
Roberto Minczuk conduziu com graça e claras intenções a Sinfônica Brasileira, orquestra viva e homogênea, que se apresentou com muita dignidade e talento nesse concerto. Acompanhou à altura as belas interpretações de Martínez e teve seus momentos de esplendor, como na interpretação elegante da rodopiante suíte para orquestra de O Cavaleiro da Rosa, também de R. Strauss. Ao fecharem-se as cortinas, fica a agradável sensação de que nossa OSB cresce a cada dia – seja em zarzuelas, valsas ou xotes, no Brasil ou na Espanha.


Fabiano GonçalvesPublicitário e roteirista (formado no Maurits Binger Film Institute - Amsterdã. Co-roteirista do longa O Amor Está no Ar e outros programas de TV (Chiquititas - 1998/2000). Redator na revista SuiGeneris, no site Escola24horas e no Departamento Nacional do Senac.

Fonte: http://www.movimento.com/

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