QUARTAS MUSICAIS, AMARAL VIEIRA E UMA PESTANA NO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

   

   Quartas musicais é um programa do Theatro Municipal de São Paulo dedicado à música de câmara. A intenção da direção é diversificar artistas e repertório nas apresentações convidando solistas e produzindo eventos. O preço atrativo dos ingressos, vinte mangos, impulsiona a lotação da casa.
   O convidado para abrir a série foi Amaral Vieira, pianista de vasto currículo e professores famosos. O recital teve seus altos e baixos, primeiro é louvável a resistência física em fazer todo o programa em uma só tacada, sem intervalos e com uma memória segura e invejável. O solista extrai do piano som agradável embora fica evidente a falta de energia em seus fortes.
   A abertura com peças de Beethoven mostrou um solista com tempos deveras atrasados, uma leitura muito pessoal das obras. O primeiro movimento tocou com freio de mão puxado, a "Grande Sonate Pathétique" é do período mais clássico do compositor, exige precisão rítmica exata que não se ouviu. Em Schumann teve seu melhor momento, sonoridade com aspectos pertinentes ao período romântico mantendo o balanço rítmico do "Arabeske". Chopin careceu de vibração, sem a energia necessária e com o teto das dinâmicas não passando de um mezzo-forte. "Adios Nonino (Tango Rapsódia)" de Piazzolla teve um arranjo válido, como sugere o título. Embora floreios desnecessários e harmonias distantes das originais desviaram a melodia original da obra.  
   Amaral Vieira mostra nesse recital que está em plena forma e como anunciado pelo diretor Cleber Papa deve se apresentar mais vezes no Theatro Municipal de São Paulo. Duas curiosidades aos leitores: o programa distribuído gratuitamente mostra um desenho simples de um gatinho regente que segura a batuta na mão direita. Muitos imaginaram um sentido fálico nele. Se você leitor ler uma crítica em outro site não dê bola, o crítico tirou uma pestana enorme em quase todo o recital.  
Ali Hassan Ayache