TRIO PAINEIRAS LANÇA SEU PRIMEIRO CD NA SALA CECÍLIA MEIRELES.
Reunindo obras de Rami Levin, Pauxy Gentil Nunes, Liduino Pitombeira, Marcos Lucas e Sergio Roberto de Oliveira, que assina a produção. Formado por Marina Spoladore (piano), Batista Junior (clarinete/clarone) e Marco Catto (violino/viola), trio lança luz às obras de compositores contemporâneos
No universo da música de concerto, sobretudo da música contemporânea, dedicados compositores e intérpretes buscam, a cada dia, novos projetos para divulgar o seu trabalho e fomentar a crescente produção artística atual. Assim nasceu o Trio Paineiras, Formado por Marina Spoladore (piano), Batista Junior (clarinete/clarone) e Marco Catto (violino/viola), que lança, no próximo dia 25 de julho, terça, às 19h, seu CD de estreia, “Trio Paineiras interpreta Compositores de Hoje” (A CASA Discos), no Espaço Guiomar Novaes, Sala Cecília Meireles. O CD reúne novas obras para formação mista: violino/viola, clarinete/clarone e piano.
No repertório, a obra “Asas”, escrita por Rami Levin em dois movimentos, abre o disco eexplora as chamadas de dois pássaros distintos, ambos comuns no brasil. O primeiro movimento, escrito em 2012, foi inspirado pelo som do Bem-te-vi. O segundo movimento, Sabiá, escrito em 2015 para o Trio Paineiras, é uma descrição musical de vários pássaros ao mesmo tempo, tendo o sabiá ficado como voz dominante cuja melodia toma várias formas.
Em seguida, desfilam peças de outros compositores expoentes do cenário erudito contemporâneo, todas, por coincidência, divididas em três movimentos cada. “Paineira (Barriguda)”, de Sergio Roberto de Oliveira, que também assina a produção do disco, fala sobre a árvore em seus diferentes aspectos. No primeiro movimento, evocando sua ancestralidade africana, a linha do clarone surge como uma “fala de preto-velho”. O apelido “barriguda”, refere-se ao nome que a árvore tem por apresentar no seu caule um bojo, onde armazena-se água. No segundo movimento, descreve-se a paina, tão leve e delicada. Por fim, no terceiro movimento, o compositor retrata a fase da maturidade da árvore, após 20 anos, quando perde seus espinhos e passa a hospedar passarinhos e seus ninhos. Paineira faz parte da série de obras de Oliveira sobre árvores, foi composta especialmente para esse CD e dedicada ao Trio Paineiras.
“Três Telas de W. M. Turner”, de Marcos Lucas, expressaa profunda admiração pela obra do pintor inglês William Turner (1775-1851), cujas telas sempre fascinaram o compositor pelo seu uso inovador das cores, texturas e a intensa luminosidade. O primeiro movimento “Ulisses DerridingPolifermo” é o mais gestual e, em sua livre representação do gigante mitológico que tenta afundar o barco de Ulisses, contrapõe densas texturas acordais a trechos mais colorísticos, evanescentes. O segundo movimento “RainSteamandSpeed – theGreat Western Railway” abre-se com uma nostálgica e brumosa elegia à Revolução Industrial, após a qual o compositor buscou transpor a representação Turneriana do movimento para o domínio sonoro. O movimento final “The FightingTemeraire” é - na interpretação pessoal da obra que retrata o velho navio de guerra sendo rebocado para ser desmontado - uma alusão ao artista que, em seus últimos anos de vida, rememora seu vigor do passado.
“Paineiras”, de Liduino Pitombeira, para violino, clarinete e piano, é dedicada ao Trio Paineiras. Os títulos dos movimentos foram extraídos do poema “A Paineira e o Poente”, de J.G. de Araújo Jorge (1914-1987), publicado no livro "Bazar de Ritmos", 1a edição, 1935. O primeiro movimento, “Lembrança em Turbilhão” tem como material básico uma série de doze notas que se descortina gradualmente logo no início do movimento. O cromatismo e os gestos bruscos criam uma atmosfera misteriosa e ao mesmo tempo agitada. O segundo movimento, “Saudade ao redor”, lento e meditativo, é construído a partir de sonoridades quartais que se desenvolvem em uma estrutura palindrômica, denotando a ideia de circularidade. O último movimento, “Dispersos”, traz de volta a agitação do primeiro movimento, mas, dessa vez, contaminada com a saudade do segundo.
A obra “Tríptico”, de Pauxy Gentil Nunes,é um experimento sobre a relação entre forma e conteúdo. É composta por três peças quase gêmeas, onde elementos comuns são organizados de formas diferentes em cada uma delas, de modo a encontrar expressões distintas para o mesmo material. Os gestos são facilmente reconhecíveis (trilos, volatas, fórmulas de acompanhamento, glissandi, blocos). São organizados a partir da mesma estrutura de alturas, chamada de Carrossel, que é constituída de 12 conjuntos ligados por relações de condução melódica e não se alteram durante toda a obra, o que torna as três peças ainda mais conectadas.
TRIO PAINEIRAS
Os músicos que formam o Trio Paineiras são atuantes no cenário da música de câmara e sinfônica do Rio de Janeiro, e desempenham importante atividade acadêmica na UFRJ e na UniRio. A versatilidade da formação para violino/viola e clarineta/clarone com o piano é o diferencial do conjunto. A proposta estética é o incentivo às novas obras de compositores brasileiros, e tê-las lado a lado com obras mais tradicionais.
Marina Spoladore
Pianista paranaense premiada em mais de trinta concursos nacionais, trilha um caminho sólido e reconhecido pela seara da música contemporânea. Atua nos principais eventos ligados à música brasileira de hoje, sempre muito elogiada pela crítica. Concluiu seu bacharelado na classe do renomado professor Luiz Senise e desde 2014 é professora assistente de piano e música de câmara da UNIRIO.
Integra o Abstrai Ensemble, grupo carioca especializado no repertório contemporâneo, o PianOrquestra, que explora as infinitas possibilidades do piano preparado e vem se apresentando com muito sucesso na Europa e nas Américas, além das parcerias com o violinista Daniel Guedes e a cantora Veruschka Mainhard.
Batista Jr
Natural de Aracaju-SE, Batista Jr. reside no Rio de Janeiro desde 1998 onde concluiu graduação em Música/Clarinete e mestrado em Música/Praticas Interpretativas, ambos pela UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Entre 2002 e 2012, atuou como clarinetista e claronista da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, além de atuar como convidado em diversas orquestras no Rio de Janeiro e no Brasil.
Desenvolve atividades ligadas à música de câmara e música contemporânea, atualmente participando do Abstrai Ensemble - grupo dedicado a música contemporânea conjugando o uso de instrumentos tradicionais às novas tecnologias - e do Trio Paineiras. Em 2011 é aprovado em concurso público para UFRJ e desde então é professor de Música/Clarinete da Escola de Música/UFRJ.
Marco Catto
Formado pelo Instituto de Artes da UNESP, o paulista Marco Catto estudou na Franz Liszt Music Academy em Budapeste, onde foi bolsista da Fundação Vitae e atuou como solista da Sinfônica de Szolnok. Mudou-se para Chicago, onde concluiu seu mestrado com honras na classe do professor Ilya Kaler, pela DePaulUniversity. Nesse mesmo período foi integrante da Civic Orchestraof Chicago e AdvantChamberOrchestra.
Atualmente é spalla da Orquestra Sinfônica da UFRJ, é membro fundador da orquestra Johann Sebastian Rio, Trio UFRJ, Trio Paineiras e violista do Quarteto Radamés Gnattali.
SERVIÇO
25/07, terça-feira - Lançamento do CD Trio Paineiras na Sala Cecília Meireles
Local: Espaço Guiomar Novaes
Horário: 19h
Endereço: Rua da Lapa, 47 - Lapa, Rio de Janeiro - RJ, 20021-180
Entrada gratuita
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