AGNES AIRES: UMA DAS MAIORES ARTISTAS LÍRICAS BRASILEIRAS . ARTIGO DE MARCO ANTÔNIO SETA NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

                                                  Agnes Ayres assinando o contrato com a rádio Cultura de São Paulo  em 1945.

Agnes Ayres (1925-2008) nasceu em Itapetininga, Estado de São Paulo, cidade origem também do primeiro presidente da República eleito pelo povo, Júlio Prestes (1882-1946); da primeira aviadora Anésia Pinheiro Machado (1904-1999),  realizou o primeiro vôo para passageiros entre o Rio de Janeiro  e São Paulo. E também o crítico musical J.Jota de Moraes (1943-2012) nasceram em Itapetininga.  

Agnes Ayres iniciou-se no canto em 1941, transferindo-se para a capital, onde foi descoberto o talento, introduziu-se logo no elenco da rádio Cultura; a seguir para o elenco da rádio Gazeta, onde assinou contrato.  

Alguns anos mostrando os seus dotes vocais, estreou em 1946 no Theatro Municipal de São Paulo, como Gilda da ópera "Rigoletto", seguida logo após de "Il Barbiere di Siviglia" (Rossini); nestas óperas a cantora celebrizou-se com as suas vocalizações, o timbre cristalino e de superior qualidade, suas primorosas notas filadas e os seu agudos seguríssimos





Na foto acima vemos Agnes Ayres ladeada pelo barítono Gino Becchi (nas vestes de Rigoletto) e o maestro regente Edoardo de Guarnieri.  Na oportunidade, Agnes Ayres cantou,  nessa temporada de 1951 aqui em São Paulo,  com outros expressivos artistas italianos: Mario Fillipeschi, Fedora Barbieri, Enrico Campi, Giuseppe Modesti; em La Traviata, com Giuseppe Di Stefano, Gino Becchi, atuando também com Gianni Poggi, Enzo Mascherini e Italo Tajo ( L'Elisir d"amore, de Donizetti); com Antonietta Stella, Giuseppe Taddei e Antonio Salvarezza  em (Lo Schiavo); e Ida Miccolis, Zaccaria Marques, Paulo Fortes, Mario Rinaudo e Constanzo Mascitti em "Fosca". No Rio de Janeiro atuou inúmeras ocasiões em concertos como a Nona Sinfonia de Beethoven,  e após,  em várias récitas de "I Pagliacci" (com Alfreo Colósimo, Paulo Fortes, Guillermo Damiano e Nino Crimi; "La Traviata", com Bruno Lazzarini e Lourival Braga, sob a direção musical de Edoardo de Guarnieri,  também "Os Pescaodres de Pérolas", com B. Lazzarini, Paulo Fortes e Newton Paiva; e " Don Pasquale",  com  Guillermo Damiano, Paulo Fortes, B. Lazzarini  e Nino Crimi. Finalmente em 1960 cantou I Pagliacci agora com Alfredo Colósimo, Aldo Protti, Paulo Fortes e Nino Crimi. (na foto vemos Agnes Ayres, ladeada por Aldo Protti e Nino Crimi, no Ato II de "I Pagliacci", Theatro Municipal do Rio de Janeiro. 



    De seu repertório contam as seguintes óperas: La Bohème (Mimi); La Traviata (Violetta Vallery); Rigoletto (Gilda); Il Barbiere di Siviglia (Rosina), "Os Pescadores de Pérolas" (Leila), Adriana Lecouvreur; I Pagliacci, Don Pasquale, L'Elisir d'amore", Lo Schiavo (Condessa de Boissy) e Fosca (Délia). Desta última existe,  gravada em  2 CDs piratas e VHS (em preto x branco), registro esse do acervo do patrimônio histórico e artístico da TV Cultura de São Paulo. Foi ademais, solista da OSESP em concertos de estilo barroco e clássico englobando peças de J. S. Bach, Boccherini, Pergolesi, Mozart e Beethoven, sob a batuta dos  maestros Eleazar de Carvalho, Santiago Guerra, Tullio Colaccioppo, Henrique Morelenbaum, Diogo Pacheco, entre outros importantes maestros brasileiros. 

    Merecidamente Agnes Ayres deveria estar em destaque no Museu do Theatro Municipal de São Paulo, o qual está desativado, amontoado e arquivado na Praça das Artes, impedido de visitação aos munícipes paulistanos e a quem mais possa interessar, o que é inaceitável, tendo em vista o acervo histórico lá existente, cuidadosamente preservado por Marcio, seu último museólogo, ainda nos baixos do Viaduto do Chá. 

    Escrito por Marco Antônio Seta, em 13 de abril de 2021.
    Jornalista inscrito sob nº 61.909 - MTB / São Paulo
    Diplomado no Conservatório Musical Dr. Carlos de Campos, em Tatuí / SP em piano, história da música, teoria, harmonia e contraponto. 
    Licenciado em Artes Visuais pela UNICASTELO e pela FCL (Jornalismo e Comunicação).

Comentários

  1. Beleza vocal e talento de Agnes nos emociona!
    Ao ler sobre a sua história...
    Tantas óperas magníficas, adoraria ter assistido pessoalmente.
    As fotos são belíssimas e vale o apelo `a Secretaria de Cultura de São Paulo, para que cuide melhor da nossa história da cultura; de nossos artistas e tradições.
    Um abraço com gratidão por esta bela publicação. A. I. L.

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  2. Beleza vocal e talento de Agnes nos emociona!
    Ao ler sobre a sua história...
    Tantas óperas magníficas, adoraria ter assistido pessoalmente.
    As fotos são belíssimas e vale o apelo `a Secretaria de Cultura de São Paulo, para que cuide melhor da nossa história da cultura; de nossos artistas e tradições.
    Um abraço com gratidão por esta bela publicação. A. I. L.

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    Respostas
    1. Não se cuida do patrimônio artístico como se deveria cuidar realmente: Museu do Theatro Municipal fechado ao público, há anos; com um acervo de programas de toda a sua trajetória de 110 anos de existência, bem como de suas fotografias, documentários em geral relativos ao seu equipamento técnico e artístico; adereços de óperas e ballets , banners, e outros documentos de sua legendária história. Até quando vai ficar inativo ao público do Brasil ?

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  3. Mario Sancigolo Junior disse: Agnes Ayres é uma das maiores cantoras do Brasil e bem poderia ter realizado uma carreira no exterior como também ocupar o lugar vago deixado pela Bidu Sayão no Metropolitan Opera House , prestigiando a arte brasileira.

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  4. Sou apreciador de longa data dos artigos do Marco Antonio sobre as artes eruditas. As críticas são comedidas e bem embasadas e não economiza elogios, quando são merecidos. Também gosto muito das referências históricas, permitindo conferir o contexto no qual os eventos acontecem e os respectivos protagonistas.

    Folgo em constatar que o artigo sobre a Agnes Ayres mantém o padrão e possibilita perceber os parceiros de elevada reputação com os quais ela contracenou.

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  5. Gosto muito dos artigos publicados por Marco Antonio, profundo conhecedor e estudioso da arte lírica.
    Parabens por destacar Agnes Ayres, mais um talento do interior de SP.

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  6. Profundo conhecedor e estudioso da arte e cultura, Marco Antonio, novamente nos saboreia com mais um ícone dos palcos.
    Linda materia!
    Parabéns

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  7. Agnes Ayres, na verdade após essa lição através deste texto do Seta, não tem como não buscar saber mais sobre a cantora. Hoje ressaltamos o popular, mas pouco nos atentamos para as demais modalidades musicais e o quanto desses nomes estão indo para o pó da história sem que nomes como o Marco nos salta os olhos sobre estas pessoas e personalidades. Texto realmente fantástico e continue reativando a memória musical brasileira.

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