HONEGGER, KORNGOLD E MONTSALVATGE, SUCESSO ENTRE GRANDES INTÉRPRETES, IGNORADOS PELA CRÍTICA E PELO PÚBLICO! ARTIGO DE ISAAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.


Três compositores que raramente, exceto uma ou outra obra, aparecem nos programas de concertos. Muitos melômanos podem passar a vida inteira sem escutar quase nada dos dois primeiros e o último, dele muitos talvez nem sequer tenham escutado o nome!


Honegger escreveu uma das maiores sinfonias do século XX, a "Litúrgica", transcrita para dois pianos por Shostakovich, estreada por Munch e gravada por nomes como Karajan, Mravinsky e Ansermet. Criou uma das mais espetaculares peças de efeito para orquestra do século XX, Pacific 231, gravada por Bernstein, Martinon, Plasson e Dutoit, entre outros. Duas obras poderosas, mas que não conseguiram tornar Honegger um nome muito reconhecido. A obra dele pode ser relativamente conservadora como o concerto para violoncelo escrito para Rostropovich ou agressivamente moderna, como o Prelúdio para A Tempestade de Shakespeare. A sinfonia Litúrgica até onde sei foi tocada pela OSESP uma vez, não tenho notícia de outra execução no Brasil.


Korngold conseguiu que apenas uma de suas obras integrasse o repertório, seu concerto para violino, gravado por Heifetz, Mutter, Perlman, Shaham e quase todo grande violinista que se preze. Obra que usa temas tirados de trilhas de filmes escritas por Korngold, a saber as películas "Another Dawn" e "Juarez"(tema de Maximiliano de Habsburgo e de sua esposa Carlota, interpretada por Bete Davis). Com essa ajuda toda para a divulgação da obra, enfim esse concerto fez um sucesso tremendo! O mesmo não pode-se dizer da Sinfonia escrita por Korngold, com um longo adagio contradizendo a noção que se espalhou dele, de compositor superficial que não dominava o contraponto e o desenvolvimento temático. Sua Sinfonietta, enorme obra juvenil, é impressionante. A Serenata Sinfônica, escrita para Furtwangler, tinha que ser executada muito mais, pois é tão bela quanto as serenatas para cordas de Tchaikovsky ou Dvorak. Não tenho notícia de apresentações da Sinfonia ou da Serenata no Brasil, provavelmente nem foram estreadas por aqui.

  O caso de Montsalvatge é ainda mais grave. Depois que Victoria de Los Angeles e Alicia de Larrocha morreram, as obras Cinco Canções Negras e Concerto Breve, as mais conhecidas desse autor, nunca mais encontraram intérpretes que defendessem essas peças com tanta convicção. De Larrocha também defendia muito bem a deliciosa "Sonatina para Yvette" de Montsalvatge, obra que gravou mais de uma vez. Quando se trata das obras mais vanguardistas e ambiciosas desse compositor catalão, como a "Desintegração Morfológica da Chacona de Bach", aí o desinteresse pela obra é total! Mas a música dele é maravilhosa, desde os tipos divertimentos neoclássicos "Caleidoscópio Sinfônico" e "Partita 1958", passando por coisas mais herméticas e modernas como os concertos para cravo "Albayzin" e concerto "Capriccio" para harpa, até a modernidade atonal ou dodecafônica de "Laberinto" ou da "Sinfonia da Requiem", essas últimas obras totalmente diferente daquele primeiro Montsalvatge viciado em habaneras das Canções Negras cubanas, este parecia o sétimo integrante do Grupo dos Seis da França, ao qual Honegger pertencia... Montserrat Caballé cantou Montsalvatge, Neville Marriner, Simon Rattle e Gianandrea Noseda gravaram, Jean Pierre Rampal e Henrik Szeryng encomendaram peças dele, mas o público continua o ignorando completamente e a crítica nem sequer menciona o nome Montsalvatge!

Isaac Carneiro Victal


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