JOHN NESCHLING MORREU? NÃO SE PUBLICA NO BRASIL NADA SOBRE ELE! ARTIGO DE ISAAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.


Pouco tempo atrás aqui mesmo neste espaço destaquei os lançamentos pelo selo BIS da obra orquestral de Respighi sob direção de John Neschling. É este o único artista clássico brasileiro atualmente com lançamentos regulares de gravações no mercado internacional, interpretando cavalos de batalha.
Isso não importa nada para a "imprensa oficial", colunistas dos grandes jornais de SP e Rio e da Revista Concerto, todos ignoram tudo que Neschling faz desde que não ocupe posição importante na Terra de Vera Cruz.
Pude ler no site da OSESP textos comemorando os 70 anos da orquestra e 25 anos da Sala São Paulo, por puro despeito em relação ao maestro Neschling, lá elegiam o disco com a Sinfonia Alpina de Strauss, sob direção de Shipway, como a melhor gravação da agrupação paulista, opinião baseada na "critica internacional". Alguém acha mesmo que estão deixando por aí de ouvir a Alpina na versão de Karajan, Solti ou Kempe por exemplo, para ouvir a muito inferior performance de Shipway com a OSESP?
O que se sabe é que desde a saída de Neschling a OSESP nunca mais ganhou prêmios como GRAMMY LATINO ou Diapason d'or. Neschling recebeu o convite do selo BIS para continuar gravando, após um primeiro disco muito bem sucedido com a OSESP, obras de Respighi com a orquestra de Liége, na Bélgica, mesmo após ser mandado embora da OSESP.
Neschling conseguiu um feito único para um maestro brasileiro, além de se destacar por ter realizado gravações de referência de música brasileira, também se firmou como intérprete de Respighi, um dos maiores orquestradores da história.
Notável a ousadia de registrar peças pouco conhecidas e gravadas do mestre italiano, como a Ballata delle Gnomidi e abertura Belfagor, representativas do lado mais moderno da produção de Respighi, compositor que escrevia tanto em estilo neoclássico, inclusive arranjando música antiga, quanto bombásticos poemas sinfônicos, usando bitonalidade e formas livres por exemplo.
Peças negligenciadas como essas duas contradizem avaliações de certos críticos de que Respighi seria um compositor que se manteve alheio aos modernismos de sua época. Também negligenciada é a partitura do balé completo BELKIS, REGINA DI SABA, obra apenas disponível em disco no formato de suíte, só existe uma versão em vídeo da coisa completa. Uma pena pois muita música extraordinária fica de fora da suíte.
Um regente lançar no mercado internacional discos com obras tanto conhecidas como negligenciadas de Respighi, em interpretações bem sucedidas, é um feito que merece destaque, pena que o ambiente musical provinciano de São Paulo está mais interessado em falar de produções modernas de ópera como se elas tivessem sido inventadas agora, ou como se elas fossem acabar com a ópera de uma vez por todas!
Recordo quando Neschling dirigiu o Municipal de SP, apresentaram produções modernas, se bem que não tão ridículas quanto as atuais desse teatro, embora elas também tenham sido mal faladas, mas por outro lado, musicalmente o nível era tão superior ao de agora...
Isaac Carneiro Victal

Comentários

  1. Gustavo Quaresma no facebook:
    Não existiu nenhum diretor artístico e musical do nível desse cara no Brasil. O que ele fez na OSESP no início do século e durante todos os anos que ele esteve a frente foi incrível.

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  2. Regina Harder no facebook:
    Quando era adolescente ele regeu nossa humilde Orquestra Sinfônica Estadual Juvenil SP.

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  3. sim, foi o melhor diretor artístico da Osesp disparado, ele criou a nova Osesp, e tinha melhor qualidade que a de hoje! não importa que fosse intratável como pessoa, aqui a análise é técnica. provoca inveja ate hoje! saudades da OSESP vibrante e musicalmente superior dessa época.

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  4. Brasil não estava preparado para este homem visionário.
    Perdeu por inveja, ignorância e medo.
    Absurdo deixar ir um profissional deste nível.
    É só observar o que a orquestra que ele regia era e o que é hoje.
    E imaginar o que poderia ter sido.
    Lamentável !!!

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