ÓPERA NO THEATRO MUNICIPAL / RJ : POR UMA NOBRE MISSÃO DE RESGATE. ARTIGO DE WAGNER CORREA DE ARAÚJO NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
DON PASQUALE/ FOTO BY JÚLIA RÓNAI
A ópera começou a reconquistar seu espaço cativo e a se tornar mais presente no palco do Theatro Municipal / RJ, a partir do segundo semestre de 2015. Por obra e graça do dinâmico esforço de sua nova direção, sob o comando mor de João Guilherme Ripper.
Iniciada na gestão anterior, a temporada lírica teve, então ,apenas uma polêmica montagem do Fidélio, de Beethoven. Numa experimental concepção de fusão de linguagens artísticas por uma expert em encenações teatrais vanguardistas, Christiane Jatahy.
Que, se por um lado, quebrou inventivamente os paradigmas convencionais, não agradou ao público, com visível prejuízo no resultado musical ,apesar de todos os esforços de seu condutor, o maestro Isaac Karabtchevsky.
Dando uma merecida visibilidade a um funcional e criativo trabalho da direção cênica de André Heller, Don Pasquale, de Donizetti, foi a primeira grande surpresa do novo comando do TM. Com magnífico desempenho da OSTM e Coro, sob a batuta de Sílvio Viegas.
Além da requintada e funcional arquitetura cênica inspirada no estilo"commedia dell'arte”, o elenco(Sandro Christopher,Ludmila Bauerfeldt,Luciano Botelho,Homero Velho,Murilo Neves) priorizou o artista nacional, provando que temos uma nova geração capaz de preencher com dignidade nossos palcos operísticos.
Também numa idealização de maior valoração da criação brasileira de óperas, um raro exemplar da produção de Villa-Lobos, A Menina das Nuvens, mais de meio século depois de sua estréia no mesmo palco(1960), retornou na bela visão cenográfica do diretor William Pereira.
Capaz de tornar sedutor,musicalmente, o tema infantil mesmo que a partitura não alcance a mesma dimensão das grandes obras do compositor. Com cuidadosa arquitetura cênica,segura condução sinfônica (Roberto Duarte), envolvente coreografia(Tindaro Silvano) e competente elenco de solistas(Gabriella Pace,Inacio De Nonno,Lício Bruno,Regina Elena Mesquita,entre outros).
Mas o mais acertado lance operístico ficou com As Bodas de Figaro, de Mozart, na espontaneidade poética da direção cênica de Livia Sabag, numa produção original do Theatro São Pedro( SP).
Com seus cenários mouriscos, elegantes figurinos e uma afinada performance de música/teatro.Mais uma vez com expressiva atuação de artistas brasileiros( Carla Cottini,Rodrigo Esteves,Marina Considera, com destaque) ,em exponencial sincronia estética com a regência de Tobias Volkmann.
Para fechar esta sensível e qualitativa retomada operística, o TM fez uma estréia definitiva, em seu palco centenário, de uma obra contemporânea dedicada ao público infantil, Menino Maluquinho.
Transformando em eficiente trama dramatúrgica o livro campeão de Ziraldo, o libreto ( Maria Gessy) estabeleceu, com sua poética ironia, uma sintonia perfeita com as harmonias tonais e os acordes melodiosos do compositor Ernani Aguiar. Ressaltada na cenografia de Daniela Thomas , na visão teatral de Sura Berditchevsky e na regência musical de Roberto Duarte. Além das reveladoras vozes infantis entre os protagonistas.
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