GRANDES INTÉRPRETES NACIONAIS DE MIMI, LA BOHÈME. ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET

   


   A ópera La Bohème me seduziu desde a primeira audição. Com o passar dos anos, fui acumulando gravações em áudio e vídeo desse extraordinário trabalho de Puccini.     
   Pesquisando em minha coleção e ouvindo amigos, descobri que a personagem Mimi já foi cantada magistralmente por pelo menos quatro grandes sopranos brasileiros. Temos Bidu Sayão, Violeta Coelho Neto Freitas, Araci Belas Campos e Leila Guimarães. Confesso que nunca ouvi nada do segundo e terceiro soprano citados, me foram indicados por alguns amigos de confiança, que as viram cantar ao vivo. Conheço uma gravação da Bidu Sayão em áudio e uma versão em vídeo de Leila Guimarães.

Bidu Sayão- Foto Internet
      Bidu Sayão foi soprano de muito sucesso no exterior, fez carreira no Metropolitan Opera House de New York, nas décadas de 50 e 60, onde cantou mais de uma centena de vezes. Sua estréia nesse palco foi com Manon, de Massenet; tenho essa gravação em CD pela Naxos , simplesmente esplêndida. Voz cristalina, límpida, pequena, dona de um timbre delicado, suave e muito bonito. Cantou diversos personagens, e sua voz é ideal para a personagem Mimi. Inocente e pura.  


Rarities

      Outra Grande Mimi é Leila Guimarães, cantou esse papel 117 vezes pelos grandes teatros líricos do mundo. Juntamente com Pavarotti, fez essa ópera em Filadélfia, em 1982. Felizmente existe registro em vídeo dessa récita; Leila estava fenomenal, impecável. Esse vídeo até hoje é usado como modelo de representação dramática por muitos sopranos internacionais para compôr a personagem. Já o digitalizei e o guardo com muito carinho.
    A  imprensa internacional da época noticiou que Leila é uma das mais belas Mimi de todos os tempos. Faturou, com a gravação, o prêmio "Emmy" da televisão norte-americana. Mas não é só de Mimi que vive Leila Guimarães: é a única cantora brasileira a apresentar uma obra de Puccini no Teatro Regio di Torino, emTurandot, 1998 e na mesma Turandot, na Torre del Lago, terra onde viveu e está enterrado Puccini. Em Montreal, Canadá, cantou, no Estádio Olímpico essa mesma ópera para mais de 40 000 pessoas, em 1997. Incrível, não acham?!
Leila Guimarães- Foto Internet

      Voltando a La Bohème, Leila se apresentou diversas vezes no Brasil. Cito sua apresentação, em 1981, no Teatro Municipal de São Paulo, ao lado do tenor Sergio Amorin e sua récita no Rio de Janeiro, com o tenor Marcello Giordani. Para terminar, Leila Guimarães se apresentou em mais de 140 cidades fora do Brasil. Isso tudo com passaporte brasileiro, que muitas vezes dificulta o trabalho de nossos profissionais.

Ali Hassan Ayache

Comentários

  1. Não nos esqueçamos de Diva Pieranti, Ruth Staerke, Ida Miccolis e Rosana Lamosa.

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  2. Ruth Staerke foi uma das nossas grandes MIMIs de todos os tempos! É uma pena que o Sr. não tenha tido o privilégio de ter visto, ouvido e se emocionado com nossa Diva carioca!

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  3. Ruth Sataerke e Diva Pieranti foram ambas grandes intérpretes de “La Bohème” nos dois papéis femininos da ópera.
    Não era raro vê-las, as duas, juntas no palco do Municipal do Rio, a revezarem-se nos dois personagens.
    Um dia era a dramática e intensa Mimì de Diva Pieranti ao lado da belíssima e exuberante Musetta de Ruth. Na récita seguinte, Ruth Saerke, a mais delicada e sensível Mimì que se possa imaginar, contracenava com a espevitadíssima Musetta da Pieranti.
    Foram récitas inesquecíveis.

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  4. alô pessoal! estas cantoras que vocês citam acima se limitaram a cantar bohèmes por aqui mesmo onde era reduto delas,mas não fizeram a magistral carreira da Leila Guimarães no exterior! Vamos lá gente! Não comecem a comparar que fica estranho! Estas duas aí eram comuns e puxando para baixinhas,com vozes bonitinhas mas comuns! Outra Bohéme linda era a Zylis-Gara,sem a figura da Guimaraes,mas de voz bem bonita.

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    1. Não houve comparação. Cada uma das cantoras citadas tem seu próprio valor. A recordação de outros nomes não desmerece o valor de Leila Guimarães. E a carreira internacional de Leila não diminui a excelência das interpretações de Ruth Staerke e Diva Pieranti.

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    2. hmmm... "sem a figura de Guimaraes", o que quer dizer com isso. Leyla era e é uma mulher lindíssima, mas, dizer que "estas duas aí eram comuns puxando para baixinhas" e tudo mais, claro que é alguém apaixonado por Leyla que escreveu. Hm, acho que eu sei quem é inclusive.

      Sim, Leyla tinha uma voz impressionante, e é verdade que as outras cantoras interpretaram Mimi a fizeram onde era o reduto delas. Sim, o Rio de Janeiro sempre foi um teatro de redutos. Antes eram os cantores, agora sao os agentes e alguns diretores... agora, sendo reduto ou nao, elas cantaram, e julgá-las por dizer que a voz era comum e eram baixinhas nao é critério para se julgar artista algum. Conheco uma porcao de cantores de voz normal que sao melhores cantores e artistas do que pessoas com materiais vocais impressionantes.

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    3. Nem Ruth Staerke, nem Diva Pieranti e, muito menos, Ida Miccolis tiveram vozes comuns.
      Diva Pieranti lembrava em voz, em método, em fraseado e em interpretação as grandes cantoras italianas do verismo (as suas contemporâneas e as que a precederam) como Mafalda Favero, para citar um exemplo conhecido. O timbre era personalíssimo e reconhecível à primeira nota. Foi capaz de interpretar óperas dificílimas como “Lulu” de Berg e a “Voz Humana” de Poulenc.
      Ruth Staerke tinha (e ainda hoje é capaz de demonstrar como se deve cantar!) uma voz de soprano lírico puro, ampla, aveludada e homogênea, de belíssimo timbre. Das citadas foi a que melhor compreendeu e interpretou o personagem pucciniano.
      As duas, sem a opulência da voz de Leila Guimarães, em personagens como Mimì em que canto, interpretação e atuação cênica têm igual importância, levavam vantagem sobre a colega mais jovem.
      O caso de Ida Miccolis é oposto. Talvez tenha sido a mais bela e fascinante voz de soprano que o Brasil já teve. Era um soprano spinto e à sua época era comparada pelos críticos à Tebaldi e à Callas. Foi intérprete inesquecível de Leonora do “Trovador”, Tosca (extraordinária ao lado de Carlo Bergonzi), Aida, Ilara do “Schiavo”, Fosca... Em Bohème, a opulência do timbre e a majestade da figura jogavam contra uma interpretação justa do delicado personagem de Mimì. Aqui vale o paralelo com Leila Guimarães, fulgurante Turandot.
      Sobre a citada Rosana Lamosa não falarei por se tratar de cantora em plena carreira.
      Agora, “baixinhas”, só pode ser piada. E a Scotto? E a Freni? E Bidú Sayão?... Fala sério!

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  5. Alias,a Scotto concorreu com a Guimaraes para aquele Emmy! A primeira cantando Manon Lescaut e a Segunda Bohème. Uma das récitas das duas óperas foi transmitida em telecast Coast to coast nos USA para milhões de telespectadores e a Guimaraes ficou com o premio. Depois disso, a voz dela cresceu e eu a vi em Paris(Pavillon Baltard) no Lohengrin.. DI-VI-NA!!!!! Também vi em Paris a Eva Marton neste mesmo papel,mas achei calante. Que saudade destas cantoras todas!!

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    1. Se voce viu a Marton na segunda metade da década de 90, isso é bem normal para papéis como Elza. Nao é o melhor dela nem de perto.

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  6. assim como tem gente implicando por eu falar da Guimaraes,tem gente aí defendendo muito a Pieranti e Staerk!!acho que sei até quem é!! a propositp,meu nome é Alexandre Antunes.

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    1. Eu, que defendo a Pieranti e a Staerke, não sou a mesma pessoa que implica com você até porque sou um grande admirador de Leila Guimarães. Também não sou aquele que tenta advinhar a identidade dos anônimos, já que o anonimato é regra aceita nesse jogo. A propósito, meu nome é Adeílton Arrabal.

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