UM "QUEBRA NOZES " DE SONHO . CRÍTICA DE MARCUS GÓES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

Só me foi possível estar  presente ao “Quebra-Nozes”do dia 21, e me regozijo com minha boa sorte.
Isto não quer dizer que os espetáculos anteriores não tenham sido bons, mas o do dia 21 que ora enfoco foi um dos melhores que já vi, pela correção dos conjuntos, pela concepção geral, pela atuação dos solistas, pela regência musical, pela simplificação de muitos detalhes, como poucas batalhas ratos/soldados, como poucas mágicas de  Drosselmeyer, como pouca valorização do quebra-nozes como presente de natal.
Je ne sais si je veille ou si je revê encore”, diria Werther. Não sei se estou acordado ou se estou ainda sonhando. A regência de orquestra do maestro Sílvio Viegas foi estupenda. Até a Valsa das Flores deixou de ser uma coisa rotineira, esplendidamente valorizada pela entrada e presença correta de todos os instrumentos, principalmente os de sopro.
Houve muitas cenas de conjunto com o corpo de baile, o que, sendo ele da qualidade que é, foi um encontro com a arte. O final do primeiro ato todo em branco foi entusiasmante.
A bailarina Karen Mesquita e seu partner Filipe Moreira estiveram excelentes o tempo todo, mas excederam ao dar ao público do TMRJ uma das edições mais românticas do grand pas da Fada Açucarada. Ambos conseguiram traduzir com a dança um grande amor, uma sensação de paixão amorosa absoluta, culminando em umarabesque mágico plantado sem apoio por Karen. As descidas em quinta de Filipe foram de manual, assim como seus entusiasmantes jetés. Todos os demais estiveram muito bem, não cabendo destaques.
Esse Quebra-Nozes compõe com o recente Lago dos Cisnes, um painel de absoluto valor artístico, em que avulta como ponto altíssimo um corpo de baile devidamente ensaiado, preparado e orientado. Balé clássico é fruto do romantismo do século XIX, desde quando Marie Taglioni subiu nas pontas. É um protótipo, com todo seu maneirismo. Aquele final em branco absoluto do corpo de baile no final do primeiro ato, o pas-de-deux da fada açucarada, a valsa das flores, os conjuntos, tudo nos conduziu à magia de um tempo que nunca vai ter fim.
No final, não seria justo não mencionar o nome de Sérgio Lobatomaître de ballet (sucessor de Hélio Bejani),  general comandante da vitoriosa batalha.
Marcus Góes

Comentários

  1. Teatro absurdamente quente, cenários pobres.O Municipal não tem mais seu corpo de balé, então os bailarinos não tem mais o nível técnico de apresentações anteriores. Que o sucesso de bilheteria leve o Municipal a repensar suas políticas dis últimos 10 anos.

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