OSESP, PELEGGI E "AS SETE ÚLTIMAS PALAVRAS DO REDENTOR NA CRUZ" DE HAYDN. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.



   A programação de "As Sete Últimas Palavras do Redentor na Cruz", de Joseph Haydn, pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo se mostra acertada na semana de Páscoa. A mesma é composta por sete adágios iniciados por uma "Introdução" e fechados por um sombrio Presto intitulado "Terremoto". Escrita inicialmente para orquestra sofreu diversas alterações pelo compositor, tem versão intimista para quarteto de cordas e em forma de cantata com coro e orquestra, esta apresentada pela OSESP.
   A obra resume as cinco importantes etapas da vida de Jesus: Nascimento, Batismo, Transfiguração, Crucificação e Ressurreição. Trata musicalmente a imagem de Cristo que impressiona por ser religiosa sem ser trágica, seu caráter de iluminação e transfiguração é realçado pela musicalidade expressiva de Haydn.
   A OSESP, regida por Valentina Peleggi, transmitiu essa expressividade e conseguiu sonoridade que leva a atmosfera ideal à cantata. A música soou divina pela Sala São Paulo com bom rendimento dos naipes. Poderia ser melhor se os 15 painéis do teto fossem adaptados ao estilo da obra. O tempo de reverberação muda conforme a posição dos painéis e a sonoridade mais próxima a de uma catedral era o objetivo a ser alcançado com a mudança. Poucos regentes se preocupam com eles.
    A regência de Valentina Peleggi é estática, muitas vezes robótica e linear. Musicista de talento que assumiu o Coro da OSESP e tem intenção de saltos maiores sendo regente orquestral. Vejo um grande futuro nela quando atingir um estilo próprio e se comunicar melhor com os naipes. Violinos e contrabaixos são desprezados. A tendência é que ela cresça com sua estada em São Paulo. Espero que seu temperamento não atrapalhe seus planos, a atendente do café que o diga.
   O Coro da OSESP esteve impecável com vocalidade expressiva.  O destaque entre os 4 solistas é Lina Mendes, voz única , lírica e de grande beleza no timbre. Os outros três não passaram do comum.
Ali Hassan Ayache

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