RICHARD WAGNER- GUIAS BRASILEIROS TORNAM SUA OBRA MAIS ACESSÍVEL. ARTIGO DE OSVALDO COLARUSSO NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.
A obra de Richard Wagner (1813-1883), tirando os famosos excertos sinfônicos extraídos de suas gigantescas óperas, é de difícil compreensão. Obras longas (cada ópera dura em média 4 horas) e com uma simbologia extremamente densa, muitas pessoas, por não compreende-las, as tratam como enfadonhas. Alia-se a isso um certo preconceito que ronda o compositor, que volta e meia, é acusado de nazista, racista e belicoso. Ignorando este tipo de bobagem o que importa mesmo é que Wagner foi o mais influente criador musical da segunda metade do século XX, e a lista completa dos compositores que foram diretamente influenciados por ele inclui, além de grandes compositores alemães e austríacos como Richard Strauss, Schoenberg, Mahler, Bruckner e A Zemlinsky, compositores italianos como Verdi e Puccini e franceses como Debussy e Paul Dukas. Sua maneira de ver a arte como um instrumento de transformação espiritual e não apenas um entretenimento, sua concepção de dramas repletos de profundas reflexões existenciais são aliados a uma música de beleza exuberante. Um verdadeiro pensador musical que questionou a função da arte, que renovou a linguagem musical através de uma harmonia livre das amarras vigentes e um orquestrador fenomenal e inovador. A obra de Wagner é complexa, suas óperas, como disse, são extremamente longas, e sem o conhecimento do texto (escrito sempre por ele mesmo) e da teia de “Motivos condutores” (Leitmotiven), as ideias musicais associadas a personagens, estados de alma ou objetos, fica difícil compreender totalmente suas obras, que são muito mais do que óperas, são “dramas musicais”, verdadeiro teatro. Suas óperas maduras não contem arias, e em muitas delas não existe a participação efetiva de um coro, nada para desviar do efetivo assunto dramático. Nietsche em sua obra “O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música”, de 1872, afirma serem as obras de Wagner verdadeiras descendentes das tragédias gregas. Acredito que o filósofo foi certeiro nesta observação.
Dois guias brasileiros ajudam a compreender a produção wagneriana
O Anel do Nibelungo – Richard Wagner – Guia Prático Do Ouvinte” (2012) foi editado pela Musimed de Brasília. Através do site da livraria e editora ( www.musimed.com.br ) você pode encomendar por R$ 67 mais as taxas de envio. Já “Wagner – Parsifal- Guia do ouvinte” (2015) foi editado pela editora paulista Keyboard (www.keyboard.art.br) e custa R$ 70 mais as taxas de envio.
Este livro é encontrado também na Livraria Cultura e nas Livrarias Curitiba. Mergulhando nestes guias podemos com relativa facilidade nos familiarizar com uma arte densa, mas ao mesmo tempo essencial. Em breve será publicado um terceiro “guia wagneriano” que enfoca “Tristão e Isolda”. Não há dúvida que estamos numa era em que existe uma facilidade maior do que a que eu encontrei nos meus tempos de estudante para melhor compreender o universo do compositor alemão. Vídeos com legendas são, por exemplo, um instrumento facilitador para esta aproximação. Mas em língua portuguesa não há nenhuma ajuda eficiente. Neste aspecto tais trabalhos são extremamente bem-vindos e úteis.
Osvaldo Colarusso
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/falando-de-musica/richard-wagner-guias-brasileiros-tornam-sua-obra-mais-acessivel/
Bravíssimo pela iniciativa,é inestimável facilitar o acesso à obra de um artista que fez tudo para dificultá-lo premeditadamente.Só gostaria de acrescentar não sou wagneriano,mas reconheço que o pleno desfrute da obra de Wagner,bem como de qualquer literatura ,só é possível com o conhecimento da língua original,coisa que nem eu mesmo devido às minhas grandes limitações alcancei neste caso.Viva aos tradutores!Outro ponto é o fato de Wagner abominar ter sua arte usada para fins de entretenimento,mas defender o uso de suas obras para as finalidades de um nacionalismo extremado,este foi um dos motivos dentre vários que fizeram o autor de O Nascimento da Tragédia(ele mesmo também teve sua obra usada para os fins do partido NAZI) romper violentamente com Wagner;enxergava no autor de Parsifal o músico romântico por excelência,não tendo este nada de grego ou antigo,pelo contrário o autor de Zarathustra via na obra de Wagner um meio de compreender a época moderna,onde os valores modernos(na altura em que foram criadas as óperas ou dramas musicais a que estamos nos referindo) seriam expressados com pouca censura ou vergonha,ao contrário de compositores mais conservadores e com nostalgia de tempos passados como Brahms.Isaac Carneiro Victal.
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