OSESP INICIA O FESTIVAL VIVA VILA COM BRILHO. CRÍTICA DE MARCO ANTÔNIO SETA COM EXCLUSIVIDADE PARA O BLOG DE ÓPERA & BALLET.
Festival Viva Villa abre com brilho na Sala São Paulo
Homenagear o grande mestre Villa-Lobos é mais do que justo pela OSESP , considerando-se o espaço da Sala São Paulo; eventos estes que incluem a presença de grandes solistas instrumentistas do porte de Fabio Zanon, Douglas Braga, Horácio Schaefer e o pianista Marcelo Bratke e a batuta do MtrºIsaac Karabtchevsky. Merece, entretanto, um espaço mais central na agenda da OSESP, não limitando-se ao mês de fevereiro (pós-carnaval) incluindo assim, esta programação por exemplo, no mês de maio ou novembro, quando a temporada está bem mais aquecida, intercalando-o no fluxo da temporada oficial, inclusive em suas séries de assinatura.
Iniciou-se às 19h30 de 20 de fevereiro com o "Uirapuru", composto por Villa em 1917, o bailado sinfônico, que viria a ser estreado em 1935, em Buenos Aires. O canto do belo pássaro conhecido do folclore do Norte do Brasil com base numa lenda indígena coletada pelo compositor em viagens pelo interior do Brasil, nos foi apresentado pela OSESP sob a direção de Isaac Karabtchevsky. A primeira obra-prima de Villa-Lobos e que dá início a uma linguagem orquestral mais tipicamente villa-lobiana. A peça recria poeticamente os sons da ambientação da selva brasileira, com uma impressionante variedade de sonoridades através do oboé, saxofone, clarinete e flauta em solos de relevância na execução. Representando o índio feio, ouviu-se o violinofone, em rara utilização na partitura sinfônica, em atuação do spalla da orquestra.
Seguido do 2º movimento (Lento) da Sinfonia nº 7 composta em 1945 ouvimos coesão,
nas cordas e amplas sonoridades das harpas, complementadas pelos sopros de madeiras e metais. A OSESP está lançando a integral das sinfonias de Villa-Lobos em álbum composto por seis CDs, regidos pelo ilustre Mtrº Isaac Karabtchevsky.
O Choro nº 10 para coro e orquestra é de 1926, tornou-se a obra coral-sinfônica mais conhecida e de forma mais convincente, tenta interpretar a reação do homem civilizado em relação à natureza. Ritmos emocionantes na percussão orquestral, porém extáticos são tecidos organicamente por uma melodia popular expressada nas vozes, inicialmente pelos tenores e baixos, seguida pelos contraltos e sopranos (Coro da OSESP), muito bem preparado pela maestrina Valentina Peleggi. Vozes coesas em afinação exemplar, em melodias que não conseguem ocultar na obra de Villa, sua fina melancolia. O público retribuiu-lhes com uma tempestade de aplausos por tão efusiva execução coral-sinfônica. Nosso cumprimento ao Mtrº Isaac Karabtchevsky, por tão valiosa revisão nas partituras das sinfonias do mestre Villa-Lobos.
Escrito por Marco Antônio Seta, em 21 de fevereiro de 2018.
Jornalista pela FCL sob nº 61.909 MTB / SP. Graduou-se em Piano, História da música, harmonia e contraponto no Conservatório Dramático e Musical "Dr. Carlos de Campos", em Tatuí / SP e licenciado em Artes Visuais pela UNICASTELO
Julgo o interesse pelas sinfonias de Villa Lobos mais musicológico que musical,ou como se quisessem dizer ao mundo através dessa empreitada ciclópica de gravar e editar estas obras:"vejam um compositor brasileiro foi capaz de escrever 12 sinfonias!"Para mim estão ausentes quase sempre nessas sinfonias as qualidades que mais admiro nesse compositor,a saber seus dotes como orquestrador,seu talento melódico,seu lado modernista,o nacionalismo etc.Existem muitas obras melhores desse autor que nunca foram gravadas,como O Martírio dos Insetos e a Fantasia de Movimentos Mixtos,ambas para violino e orquestra.Roberto Duarte que soube escolher melhor o repertório,a Marco Polo lançou gravações feitas em Bratislava por este maestro,nelas podemos ouvir somente obras pouco conhecidas mas de excelente qualidade desse mestre.Não sei o motivo,mais o lado mais modernista da produção deste compositor parece não interessar muito a OSESP.O poema sinfônico Amazonas já foi gravado várias vezes no estrangeiro,na França,Venezuela,Eslováquia,Bulgária já neste país quase nunca sequer tocam este peça!Isaac Carneiro Victal.
ResponderExcluirMarco Antonio Seta
ResponderExcluirRealmente a última vez que ouvi A Floresta do Amazonas foi em 1971 com a Sinfônica Municipal, tendo como solista a cantora Maria Lúcia Godoy, sob a direção de Eleazar de Carvalho. Bons tempos aqueles e que não voltam mais !