FALANDO DE MÚSICAS ESTRANHAS OU POUCO CONHECIDAS II. ARTIGO DE ISAAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.


Avet Terterian:Terceira Sinfonia.O compositor da Armênia escreveu uma barulhenta e nacionalista peça sem sutileza alguma.Tudo nela é nu e cru.Resta ao ouvinte ou se entregar ao frenesi,talvez se mexer junto com terremoto,ou sair correndo.Não se trata de uma obra-prima,é uma peça de efeito bombástico,impressionante.Gravação recomendada Orquestra Filarmônica da Armênia,Loris Tjeknavorian.

Jon Leifs:Hekla.Literalmente uma explosão.Música que procura evocar uma erupção vulcânica.Hekla é um nome de um vulcão na Islândia,terra do compositor.Também não se trata de obra excepcionalmente bem escrita.É barbarismo puro,busca o efeito e impressionar o público,o que efetivamente consegue.Para isso que serve.Gravação recomendada Orquestra Filamônica de Helsinqui,Leif Segerstam.

Alberto Ginastera:Panambi.Agora um negócio mais próximo da gente,um balé sobre uma lenda dos índios da região do rio Paraná.Dessa vez se trata de uma obra-prima,opus 1 de um menino de 21 anos!Sucessivamente ouvimos muito barulho e as mais delicadas sutilezas.Harmonias e melodias cativantes e orquestração de um mestre dos timbres orquestrais.É UM MILAGRE O QUE CONSEGUIU ESSE RAPAZ.Recomenda-se ouvir o balé completo,para se ter uma melhor noção do que estou falando,uma suíte dessa obra funciona como aperitivo.Gravação recomendada Orquestra Filarmônica de Gran Canária,Pedro Halftter.

Silvestre Revueltas:trilogia de poemas sinfônicos Esquinas,Ventanas e Cuauhnahuac.Aqui temos um compositor que parece ter adorado as sobreposições de Stravinsky em A Sagração da Primavera .Servindo-se de diferentes técnicas de composição modernas,foi capaz de criar algo bastante original,quase um Varèse que canta,de maneira irônica ou distorcida.Algumas vezes temos melodias próptias evocando o folclore,outras vezes temos um modernismo acerbo nada nacionalista.Essa música dificilmete terá vasta difusão.São as melhores obras dessa lista.Na primeira versão de Esquinas(1931)temos uma soprano entoando melodias sem texto,sendo interrompida por clamores orquestrais.A peça mesma se inicia com um clamor das trompas,num salto para um difícial agudo,seguem-se madeiras e metais evocando talvez a cacofonia de uma esquina engarrafada,depois temos um glissando no trombone e toque do gongo.Uma das introduções mais estranhas que já ouvi.Ventanas parece uma guerra de fanfarras orquestrais,interrompidas por trechos de calmaria,numa peça estruturalmente não repetitiva(Through-Composed para falar na terminologia erudita).Cuauhnahuac é tão estranha quanto seu nome indígena.Começa atonal,com a orquestra explodindo aqui e ali,trompetes procurando chegar até a região mais aguda e trompas perdendo o fôlego ao tentar fazer o mesmo.Segue-se uma bonita seção lenta bem menos dissonante,onde aparece uma polifonia mais tradicional;isso por pouco tempo,rapidamente tudo muda,se chocam vários materiais,tanto novos quanto já ouvidos antes,em diferentes tonalidades,uma verdadeira orgia musical.Imagino que o encaixe correto de todos esses elementos deve ser dificílimo para a orquestra e o regente.Estamos num terreno de "classicos alternativos",isso é complexo e original demais para ser largamente apreciado.Gravações recomendadas Esquinas Sinfônica de Guanajuato,José luis Castillo(versôes 1931 e 1933).Ventanas Orquestra de Louisville,Jorge Mester.Cuauhnahuac Filarmônica da Cidade do México,Enrique Bátiz.

Isaac Carneiro Victal.

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