HOMENAGEM AO CRIADOR DE ROMEU E JULIETA, "SINFONIA DRAMÁTICA", MAIS ORIGINAL VERSÃO DE ROMEU E JULIETA! ARTIGO DE ISAAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.
Já se passaram 150 anos da morte de Hector Berlioz e boa parte de sua obra continua a ser pouco tocada e compreendida, como é o caso da sinfonia em questão.Ao desfazer os limites entre as formas musicais "Ópera" e "Sinfonia" e aparecer com essa "Sinfonia Dramática" o autor criou uma grande confusão na cabeça de muita gente. Até hoje as sinfonias de Brahms são muito mais populares que os poemas sinfônicos de Liszt por exemplo,o que demonstra essa situação de que se afastar das formas clássicas pode causar ainda estranhamento no público.Esse texto se inclui na série sobre músicas estranhas e pouco conhecidas,talvez essa seja uma "obra-mãe" nesse conceito.Ao contrário do escasso apreço que despertou em grande parte do público,esta criação exerceu uma imensa atração sobre grande s compositores,de Wagner,cujo celebérrimo início da ópera Tristão e Isolda parece citar aproximadamente o início da seção Romeo Seul,até Pierre Boulez,que gravou a peça numa de suas raríssimas gravações de repertório do romantismo.
Composta após ganhar o rebelde compositor uma boa soma em dinheiro,presente da estrela muito bem paga Paganini,essa é a única das versões musicais de Romeu e Julieta a ter um caráter decididamente inovador,como teve boa parte da obra literária de Shakespeare em sua época.A libertinagem formal a que Berlioz se permite ainda hoje desconcerta.Romeo e Julieta não cantam,a orquestra com todos os seus recursos deve representar a história do par.Há recitativos instrumentais,como a trombonística passagem em seguida ao fugato do início,este começo em contraponto deve representar uma briga.A passagem Romeu sozinho inclui trechos da peça seguinte,a Festa na Casa do Capuleto,esta por sua vez se interrompe para incluir um pedacinho do trecho anterior Romeu sozinho.Passagens em recitativo envolvendo solista e coro,como a curta intervenção do tenor, narram passagens da tragédia que serão em seguida representadas por meio de todos os recursos orquestrais de que dispunha Berlioz,como o caso da passagem da rainha Mab.Personagem que quase nada aparece na peça,Frei Lourenço possui a maior parte cantada aqui,um longo sermão em que a intervenção do coro logo se nota e assim encerra a peça,numa condenação às famílias Capuleto e Montecchio.Além disso chama a atenção a sensibilidade francesa e latina,o uso de danças italianadas(a história se passa em Verona), tudo bem diferente do romantismo alemão,como se Berlioz quisesse mostrar que não apenas os alemães escrevem música.
Felizmente muitos maestros souberam reconhecer a peça e resolveram gravar trechos dela ou a empreitada completa.Desde Toscanini até o Tilson Thomas.Gravações Recomendadas:Pierre Monteux,Regina Resnik,André Turp,David Ward com a London Symphony e Coro-Colin Davis,Olga Borodina,Thomas Moser,Alastair Miles com a Wiener Philharmoniker e Coro da Rádio Bávara-Daniel Baremboim,Yvonne Minton,Francisco Araiza,Jules Bastin com a Orchestre de Paris e Coro de Paris-John Eliot Gardiner,Catherine Robbin,Jean Paul Fouchécourt,Gilles Cachemaille com a Orchestre Revolutionaire et Romantique e Coro Monteverdi-Colin Davis,Daniela Barcelona, Kenneth Tarver,Orlin Anastasov com a London Symphony e Coro-Michael Tilson Thomas,Sasha Cooke,Nicholas Phan,Luca Pisaroni com a San Francisco Symphony e Coro.
Aqui está está uma insignificante tentativa de homenagem por parte desse escrevinhador de blog sujo e de fofocas ao compositor maldito Hector Berlioz!
Nota do autor:
Gostaria de dizer para quem deseja escutar apenas uma suíte dessa peça,as gravações de Giulini são ótimas para isso,tanto a versão registrada pela EMI em Chicago quanto a gravação radiofônica ao vivo em Amsterdam,disponível no YOUTUBE.Os trechos registrados por Bernstein não incluem passagens importantes,mas a Festa na Casa dos Capuleto está incrivelmente animada com esse regente na direção,além disso dá para escutar todas as estripulias orquestrais de Berlioz com clareza.A interpretação completa de Toscanini tem valor histórico e muita intensidade,mas está um pouco passada.Pierre Boulez nos deixou uma interessante visão da obra lançada pelo selo DG,nela podemos escutar muitos detalhes da partitura que permanecem obscurecidos na interpretação de outros diretores,mas a frieza analítica do maestro não é suficiente quando se trata do romantismo exacerbado e extravagante de Berlioz.Não gostei tanto assim dos 2 registros de Munch em Boston(orquestra e coro mal balanceados) e o de Levine em Berlin(uma interpretação algo sem personalidade,parece também menos entusiasmada que outras,apesar dos excelentes músicos envolvidos na ocasião).Uma surpresa a gravação de Maazel em Viena,essa sim dá para incluir tardiamente entre as melhores.Isaac Carneiro Victal.
Isaac Carneiro Victal.
Meus agradecimentos pela rápida publicação,só gostaria de fazer uns reparos,o seguinte trecho deve ficar assim:"narram passagens da tragédia,que serão em seguida representadas..." Em outro caso "Ao desfazer os limites entre as formas musicais "Ópera" e "Sinfonia" e aparecer com essa..." outra correçãozinha.Também gostaria de dizer para quem deseja escutar apenas uma suíte dessa peça,as gravações de Giulini são ótimas para isso,tanto a versão registrada pela EMI em Chicago quanto a gravação radiofônica ao vivo em Amsterdam,disponível no YOUTUBE.Os trechos registrados por Bernstein não incluem passagens importantes,mas a Festa na Casa dos Capuleto está incrivelmente animada com esse regente na direção,além disso dá para escutar todas as estripulias orquestrais de Berlioz com clareza.A interpretação completa de Toscanini tem valor histórico e muita intensidade,mas está um pouco passada.Pierre Boulez nos deixou uma interessante visão da obra lançada pelo selo DG,nela podemos escutar muitos detalhes da partitura que permanecem obscurecidos na interpretação de outros diretores,mas a frieza analítica do maestro não é suficiente quando se trata do romantismo exacerbado e extravagante de Berlioz.Não gostei tanto assim dos 2 registros de Munch em Boston(orquestra e coro mal balanceados) e o de Levine em Berlin(uma interpretação algo sem personalidade,parece também menos entusiasmada que outras,apesar dos excelentes músicos envolvidos na ocasião).Uma surpresa a gravação de Maazel em Viena,essa sim dá para incluir tardiamente entre as melhores.Isaac Carneiro Victal.
ResponderExcluir