ARACY EVANS: MITO DA DANÇA EM SÃO PAULO.



Aracy Evans nasceu em São Paulo, a 13 de março de 1931 e estudou ballet na Escola Municipal de Bailado, na época (1940) funcionava na cúpula do Teatro Municipal. Depois, o prefeito Prestes Maia fundou a Escola que veio a funcionar nos baixos do Viaduto do Chá já em 1944. 
Depois de estudar com grandes nomes do balé, como  o russo Weutichk, Maria Olenewa, a italiana Maria Melló, e de especializar- se em Londres, na Royal  Academy of Dance, década de 1970, oportunidade em que 10 bailarinas, suas alunas, avaliadas por Arthur Rubinstein (1887-1982). Durante um mês de inverno cursaram e audicionaram em Londres, com brilhantes resultados, sob a orientação de Aracy. O método da Royal foi desenvolvido por  Aracy, quando  de volta para o Brasil, ocasião em que  aplicou em São Paulo, com grande repercussão e excelentes resultados técnicos, o qual foi seguido posteriormente, por vários professores de dança residentes no Brasil, especialmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. 
   Aracy atuou por mais de 40 anos, (1947-1989) dançando, coreografando  e dando  aulas na Escola Municipal de Bailado de São Paulo. Lá formou grandes nomes do balé clássico, como Maria Pia Finocchio, Simone Ferro, Antonio Carlos Gomes, Márcia Falani, Toshie Kobayashi, Ivonice Satie, Aracy de Almeida, Mariangela D'Andréa, Madge Branco, Esmeralda Penha Gazal  e Roberto de Azevedo, ladeados na foto por Marília Franco e Aracy Evans. 
Aracy Evans compôs o primeiro Corpo de Baile do Theatro Municipal (1949)   e foi contemporânea de nomes importantes da dança como Marilena Ansaldi, Lia Marques, Johnny Franklyn, Wilson de Lucca,  Yara Ludovico, Yellê Bittencourt,  Joshey Leão, David Dupré, Ruslan Graviluc, Mozart Xavier,  Norma Mazella, Michael Barbano com os quais dançou e contracenou no palco do Theatro Municipal. Do repertório dançado em suas décadas de carreira artística,  constam todas as óperas levadas no Municipal: "Aida", foi a primeira em que participou (dança dos pequenos escravos mouros); Alí o exigente Maestro De Guarnieri, solicitou a presença da pequena Aracy para que ao iniciar a orquestra, ela puxasse a fileira dos escravos  a fim de que não houvesse atrasos rítmicos, o que foi garantido pela pequenina Aracy. Dalí seguiram-se um crescendo nas temporadas líricas como a índia guerreira de    "Il Guarany".  "Lo Schiavo", Rainha da Dança dos Tamoios; "Adriana Lecouvreur", "La Traviata", "Andrea Chenier", "Fausto", "Thaís", "La Gioconda", "Carmen", "Rigoletto", "Os Pescadores de Pérolas, sob a batuta dos mais renomados maestros brasileiros, como Italo Izzo, Edoardo de Guarnieri, Souza Lima. Armando Belardi e Eleazar de Carvalho, debaixo de coreografias  de autoria de Vaslavy Weutichk, Maria Olenewa e Marília Franco.Coreografou "Carmina Burana" em inúmeros espetáculos de ballet, distribúidos pelo Brasil, bem como os três grandes ballets de Tchaikowsky, "Coppelia", (Delibes); "Spartacus"; "Giselle;  "O Pássaro Azul", "A Valsa do Espaço" esta última dançada sempre com David Dupré,  em coreografia de risco a qual também apresentou inúmeras vezes, por vários estados brasileiros, em espetáculo de patinação artística "Periquitos em Revista". Aracy dançou paralelamente em teatro de revista, na TV Record, TV Excelsior  ("Roquete Pinto" ), na TV Tupi, Canal 4 (Sumaré) em São Paulo, entre outras participações na TV Cultura de São Paulo. 

 Foram tantas décadas dedicadas à dança, ao ensino e à arte coreográfica, na qual Evans sempre se destacou como insigne professora, obtendo ao ser membro da Royal Academy of Dance, o diploma de " maitre do ballet". Pelas mãos e pela sua observação sábia e altamente técnica, quer também sobre a sua intensa musicalidade, ouvido rítmico  e apurado gosto na escolha de repertório Aracy Evans tornou-se um verdadeiro mito da dança de São Paulo. Parabéns pelos seus 90 anos de vida, muitos destes dedicados à arte coreográfica !

Artigo escrito por Marco Antônio Seta em 16 de Fevereiro de 2021.
Jornalista Inscrito sob nº 61.909 MTB / SP



Nesta foto temos: Dona Marília Franco, Clarice Pinto, Dona Aracy Evans que dançou a Valsa do Espaço com Ruslan Grawiluck. Aracy de Almeida, Dona Toshie Kobayashi e Joshey Leão dançaram o pas de trois de Paquita

Comentários

  1. Maravilhosa! Fui sua aluna na década de 1970, aprendi muito!

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  2. DNA.Aracy a minha amada Mestra merece todas as homenagens.Minha profunda admiração pela a profissional que é e eternamente grata por tudo que me ensinou.!

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  3. Complementando o artigo; Aracy Evans dividiu o palco do Theatro Municipal, com artistas internacionais: Mario Del Monaco, Elisabetta Barbatto, Gino Becchi, Virgínia Zeani, Aldo Protti, Maria Callas, Daniele Barioni, Renata Tebaldi, Beniamino Gigli, Tito Gobbi e a nossa grande Agnes Aires, sob a direção musical de maestros concertatores e musicais como Tullio Serafin, Nino Stinco e Franco Ghione, em óperas como "Khovanshtchina", de Mússorgsky; "Aída", "Lo Schiavo", "Os Pescadores de Pérolas", "Lucia di Lammermoor", entre outras dezenas de títulos internacionais.

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  4. O talento e a dedicação de Aracy Evans nos emociona. Meu mestre Décio Stuart me ensinou a amar o ballet e a música, sou muito grata por isso.
    É fundamental reconhecer que Aracy deixou belíssimos ensinamentos para todos nós.
    Parabéns! Texto maravilhoso 🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻
    A.I.L.

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  5. O talento e a dedicação de Aracy Evans nos emociona. Meu mestre Décio Stuart me ensinou a amar o ballet e a música, sou muito grata por isso.
    É fundamental reconhecer que Aracy deixou belíssimos ensinamentos para todos nós.
    Parabéns! Texto maravilhoso 🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻
    A.I.L.

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  6. Gosto muito das análises postadas pelo Marco Antonio.

    Acompanho seus escritos há longo tempo e aprendo muito sobre música, dança, ópera e tudo mais que ele comenta.

    Aprecio particularmente os registros históricos, que nos transportam à época dos acontecimentos.

    Tenho um apreço especial pela dança, em todas as suas manifestações, do clássico ao popular e conhecer a trajetória da Aracy é um ganho significativo. Nosso país tem artistas de grande valor, infelizmente pouco divulgados e pouco conhecidos. As postagens do Marco suprem essa lacuna, permitindo-nos aumentar nossa cultura erudita.

    A trajetória da Aracy é uma demonstração soberba do potencial brasileiro nas artes. Quando o talento encontra suporte, os artistas ganham condição de brilhar nacional e internacionalmente.

    Fico muito contente em conhecer melhor a contribuição da Aracy para o mundo das artes.

    Aguardo os novos artigos desse escritor que sempre nos brinda com seu valioso conhecimento.

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  7. Minha mestra mais maravilhosa!!! Sou grata por tanto conhecimento distribuído, dedicação e amizade. A professora dos professores. Divina Aracy Evans!

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