CARLOS GOMES PODE SER EXEMPLO DE COMPOSITOR NACIONAL COM ESTÉTICA TRADICIONAL E VILLA-LOBOS O MODERNISTA. ARTIGO DE ISAAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

 

Comemorações ridículas dos 200 anos da Independência. Todo presidente usaria essa data para fazer propaganda política, mas se gabar da própria virilidade sendo já um idoso como nosso presidente fez hoje o torna motivo de piadas mais que o beneficia. Bolsonaro perdeu a oportunidade de restaurar o Museu Nacional incendiado e fazer uma reinauguração triunfal agora no 7 de Setembro. Vargas por exemplo tem um busto dele na frente do Museu Imperial de Petrópolis, por ter percebido a importância de criar uma instituição como essa nessa cidade serrana do RJ.

Fernando Henrique também não percebeu a importância das comemorações dos 500 anos de nosso descobrimento. Ficou para a posteridade a comemoração dessa data apenas a encomenda de algumas obras a diversos compositores, destaco a fantástica peça para violino e orquestra Orê Jaci Tatá de Almeida Prado. Também na época gravaram e lançaram em CD todas as peças encomendadas.

A revista Concerto, o próprio colega Colarusso num artigo antigo em que recordava Richard Strauss e a Filarmônica de Viena por aqui, o portal G1 entre outros estão relembrando a grandiosa exposição internacional realizada no Rio em 1922, gastaram uma fortuna na época para essa loucura e o Brasil nesses tempos era um país muito mais pobre que hoje, uma festa de arromba comparada a pífia comemoração de nosso bicentenário.

O Rio era conhecido como porto sujo e cidade da morte antes das reformas urbanísticas que culminaram com essa exposição, depois dessas reformas a cidade maravilhosa ganhou o título de cidade maravilhosa. A capital do RJ hoje largada ao Deus dará está infelizmente voltando a ser conhecida como cidade da morte!

SP nunca passou por nada sequer próximo do que fizeram para embelezar o RJ, conservaram um monte de ruelas por exemplo no centro da pauliceia desvairada para "preservar a cidade colonial". Hoje não tem nada de colonial nessas ruelas e na maioria delas nem transita carro, viraram calçadões. A cidade cresceu loucamente em cima da estrutura da cidade colonial sem nenhum planejamento, sequer pensaram na comodidade de seus atuais milhões de moradores, nem falo da estética. Em se tratando de arquitetura e urbanismo São Paulo é um exemplo de tudo o que uma cidade não deve fazer!

Gostaria de destacar algumas gravações que considero antológicas de música brasileira, ex. por favor alguém digitalize o disco com aberturas de Carlos Gomes regido por Eleazar de Carvalho com a Orquestra Sinfônica Brasileira, que sensibilidade para o fraseado!

Outra gravação que merece reedição digital é a do balé O Caçador de Esmeraldas de Mignone, orgia orquestral interpretada com virtuosismo pela orquestra do Theatro Municipal do RJ dirigida por Mário Tavares.

Também merece maior divulgação a série de gravações digitais que Ligia Amadio fez com a Sinfônica Nacional da UFF. Por exemplo em obras como o Uirapuru e os Choros 10 de Villa Lobos. Os andamentos são fluidos, nunca arrastados como o Uirapuru da OSESP. Ouvimos uma clareza no balanceamento do coro e orquestra no Rasga o Coração superior ao registro de Neschling.

Uma das coisas mais assombrosas que alguém já fez com a música brasileira foram as gravações dessas mesmas duas obras realizada na Venezuela pelo maestro Eduardo Mata e o selo audiófilo extinto Dorian. Nunca ouvimos tantos detalhes da extraordinária orquestração de Villa Lobos quanto nesse discos, são as melhores gravações que já ouvi de nossa música!

Caso similar foi outra gravação lançada por outro selo audiófilo extinto, Telarc, se trata da menos famosa das Bachianas, a oitava, talvez a mais Bachiana de todas. Gravação realizada nos Estados Unidos pela Orquestra de Cincinnati conduzida por Jesús Lópes-Cobos.  A mais polifônica das peças desse ciclo tem suas texturas orquestrais reveladas para os ouvintes como nunca ouvimos em outra interpretação.

Isaac Carneiro Victal