ÓPERA "HOMENS AO MAR", DE VAUGHAN WILLIAMS, ESTREIA NO THEATRO SÃO PEDRO/SP.


Com direção musical de Cláudio Cruz e direção cênica de Caetano Vilela, obra de Ralph Vaughan Williams, baseada em uma peça de teatro irlandesa, terá récitas nos dias 01, 02, 03, 08, 09 e 10 de março, em apresentações precedidas pela emblemática obra instrumental “Fantasia sobre um tema de Thomas Tallis”, do mesmo compositor

Neste ano, a temporada de óperas do Theatro São Pedro, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerido pela Santa Marcelina Cultura, terá início no dia 1º de março, com a estreia de Homens ao Mar, do compositor Ralph Vaughan Williams (1872-1958), tido como o maior sinfonista britânico.

Parente, do lado materno, do naturalista Charles Darwin, Vaughan Williams estudou no Royal College of Music, em Londres, mas se aperfeiçoou em Berlim com Max Bruch e ninguém menos que Maurice Ravel em Paris, em 1907-8. Três anos mais novo do que o

colega inglês, Ravel foi, nas palavras dele, “exatamente o que eu estava procurando. Pelo que sei de meus defeitos, ele acertou exatamente em todos eles”. De sua parte, o mestre francês o elogiou por ser um de seus poucos alunos “que não escreve minha música” – ou seja, tem personalidade própria. É a partir do encontro com Ravel que Vaughan Williams amadurece sua voz individual.

Homens ao Mar

Apresentada em um único ato, a obra é baseada na peça de teatro Riders to the Sea, escrita pelo dramaturgo irlandês John Millington Synge em 1904. Na trágica história, que se passa em uma comunidade intimamente ligada ao oceano, temos contato com os impactos causados na família Maurya, especialmente nas suas figuras femininas, pelas perdas de entes queridos no mar, um destino praticamente inevitável naquelas circunstâncias.

Em sua análise da peça de Synge, que parece válida também para a ópera, o crítico literário Denis Donogue afirma que “o mar torna-se mais do que um mero cenário”, emblematizando o “agente silencioso, desumano, que revela fraquezas, destrói todas as defesas humanas e finalmente resume a história em morte”.

No Theatro São Pedro, Homens ao Mar ficará em cartaz nos dias 01, 02, 03, 08, 09 e 10 de março, sendo que as récitas de sextas-feiras e sábados acontecem às 20h. Nos domingos, elas iniciam às 17h. Com a participação da Orquestra do Theatro São Pedro, os espetáculos terão o maestro Cláudio Cruz na direção musical e Caetano Vilela na concepção, encenação e iluminação.

Juliana Bertolini assina o figurino e Tiça Camargo é responsável pelo visagismo. O elenco conta com a contralto Lidia Schäffer (Maurya), o barítono Rafael Siano (Bartley) e as sopranos Elisa Braga (Cathleen) e Raquel Paulin (Nora).

"O que é importante aqui é a apresentação profissional nos nossos palcos - já que a peça nunca foi encenada - e o desconhecimento do público do repertório operístico do

compositor Vaugham Williams”, explica o diretor cênico Caetano Vilela, que comenta a escolha pelo nome da produção. “Decidi traduzir o título original da ópera (o mesmo da peça) por uma versão em português para aproximá-la mais do público nacional: será Homens ao Mar no lugar de Riders to the Sea.”

Fantasia sobre um tema de Thomas Tallis

No início do século XX, enquanto os compositores franceses começavam o resgate de mestres do Barroco como Rameau e Couperin, Vaughan Williams, além de pesquisar o folclore inglês, moldou seu nacionalismo no resgate do glorioso passado musical britânico, voltando-se para compositores como Orlando Gibbons (1583-1625), Henry Purcell (1659-1695) e Thomas Tallis (1505-1585).

E foi em uma melodia deste último que ele se inspirou para escrever aquela que seria considerada sua primeira obra realmente madura e, até hoje, a mais difundida de suas criações: Fantasia sobre um tema de Thomas Tallis, composta para orquestra de cordas dupla e quarteto de cordas, cuja estreia se deu na Catedral de Gloucester em 1910. No Theatro São Pedro, a ópera Homens ao Mar será precedida pela peça de Vaughan Williams, que se referia a ela como “a melhor coisa que eu fiz” - embora a tenha revisado em 1913 e 1919.

De acordo com o professor de História da Música e biógrafo de Ralph Vaughan Williams, Eric Saylor, Fantasia é “uma união de passado e presente, sagrado e secular, instituição e aspiração. Ela fala com a voz de Vaughan Williams, mas ecoa com as inflexões e sotaques de seus mentores, colaboradores e colegas, com seu som coletivo resolvendo anos de dissonância e desenvolvimento artístico em tons de beleza triádica cristalina.”

Para a ópera encenada no palco do Theatro São Pedro, a composição será uma espécie de prólogo, como explica o gestor artístico da Santa Marcelina Cultura, Ricardo Appezzato. “É uma obra instrumental belíssima que vai ajudar a ambientar a história dessa mulher que perde todo mundo para o mar, por meio de um interessante diálogo entre o texto musical e o literal. A proposta é criar no espetáculo conexões com outros

tipos de sonoridades e linguagens que trabalhem de forma sensível e profunda a construção da dramaturgia da ópera”, argumenta.

Segundo Caetano Vilela, o trabalho cênico passou por dar um sentido dramatúrgico para esta abertura, usando a sinfonia para apresentar os personagens dos filhos e o marido da protagonista que morrem no mar. “A transição para a ópera ocorrerá sem intervalo, assim o público terá um entendimento mais amplo do libreto”, diz.

TRANSMISSÃO AO VIVO

A récita do dia 8 de março terá também transmissão ao vivo pelo canal de YouTube do Theatro São Pedro. Acesse em: https://www.youtube.com/@TheatroSaoPedroTSP

MÚSICA DE CÂMARA

No mês de março o Theatro São Pedro vai receber também o concerto Metais Ressonantes, com a participação de músicos da Orquestra do Theatro São Pedro, no dia 16 de março, às 11h. O repertorio conta com obras de Lutoslawski, Bourgeois, Alan Raph, Leonard Bernstein e Henri Tomasi. Ingressos em: https://feverup.com/m/156706

E no dia 17/03, domingo, às 17h, o Theatro São Pedro recebe como parte de sua programação de música de câmara um concerto internacional em comemoração ao St. Patrick's Day, tradicional feriado de origem irlandesa celebrado no mundo todo. Organizado com o apoio do Culture Ireland e do Consulado Geral da Irlanda em São Paulo, três integrantes da Irish Baroque Orchestra (Michael Gurevich, violino; Alyie Cornish Moore, viola; e Jonny Byers, violoncelo) se juntam a alunas e alunos da EMESP Tom Jobim para apresentar um repertório de música barroca e música tradicional irlandesa, como encerramento de um intercâmbio artístico-pedagógico entre a orquestra irlandesa e os programas geridos pela Santa Marcelina Cultura. Ingressos em: https://feverup.com/m/155763

SERVIÇO

Homens ao Mar

Orquestra do Theatro São Pedro

Cláudio Cruz, direção musical

Caetano Vilela, concepção, encenação e iluminação

Juliana Bertolini, figurino Tiça Camargo, visagismo

Lidia Schäffer contralto (Maurya)

Elisa Braga, soprano (Cathleen)

Raquel Paulin, soprano (Nora)

Rafael Siano, barítono (Bartley)

RALPH VAUGHAN WILLIAMS (1872-1958)

Fantasia sobre um tema de Thomas Tallis – 17’

RALPH VAUGHAN WILLIAMS (1872-1958)

Homens ao Mar – 36'

Récitas: 01, 02, 03, 08, 09 e 10 de março

sextas-feiras e sábados, 20h; domingos, 17h

Local: Theatro São Pedro (Rua Barra Funda, 171 – Barra Funda, São Paulo/SP)

INGRESSOS: Plateia: R$ 120/ R$ 60 (meia)

1º Balcão: R$ 100/ R$ 50 (meia)

2º Balcão: R$ 80 / R$ 40 (meia) https://feverup.com/m/156067

CLASSIFICAÇÃO: 14 anos

THEATRO SÃO PEDRO

Com mais de 100 anos, o Theatro São Pedro, instituição do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, gerido pela Santa Marcelina Cultura, tem uma das histórias mais ricas e surpreendentes da música nacional. Inaugurado em uma época de florescimento cultural, o teatro se insere tanto na tradição dos teatros de ópera criados na virada do século XIX para o XX quanto na proliferação de casas de espetáculo por bairros de São Paulo. Ele é o único remanescente dessa época em que a cultura estava espalhada pelas ruas da cidade, promovendo concertos, galas, vesperais, óperas e operetas. Nesses mais de 100 anos, o Theatro São Pedro passou por diversas fases e reinvenções. Já foi cinema, teatro, e, sem corpos estáveis, recebia companhias itinerantes que montavam óperas e operetas. Entre idas e vindas, o teatro foi palco de resistência política e cultural, e recebeu grandes nomes da nossa música, como Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Caio Pagano e Gilberto Tinetti, além de ter abrigado concertos da Osesp. Após passar por uma restauração, foi reaberto em 1998 com a montagem de La Cenerentola, de Gioacchino Rossini. Gradativamente, a ópera passou a ocupar lugar de destaque na programação do São Pedro, e em 2010, com a criação da Orquestra do Theatro São Pedro, essa vocação foi reafirmada. Ao longo dos anos, suas temporadas líricas apostaram na

diversidade, com títulos conhecidos do repertório tradicional, obras pouco executadas, além de óperas de compositores brasileiros, tornando o Theatro São Pedro uma referência na cena lírica do país. Agora o Theatro São Pedro inicia uma nova fase, respeitando sua própria história e atento aos novos desafios da arte, da cultura e da sociedade.

SANTA MARCELINA CULTURA

Eleita a melhor ONG de Cultura de 2019, além de ter entrado na lista das 100 Melhores ONGs em 2019 e 2020, a Santa Marcelina Cultura é uma associação sem fins lucrativos, qualificada como Organização Social de Cultura pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura, Indústria e Economia Criativas. Criada em 2008, é responsável pela gestão do GURI e da Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim (EMESP Tom Jobim). O objetivo da Santa Marcelina Cultura é desenvolver um ciclo completo de formação musical integrado a um projeto de inclusão sociocultural, promovendo a formação de pessoas para a vida e para a sociedade. Desde maio de 2017, a Santa Marcelina Cultura também gere o Theatro São Pedro, desenvolvendo um trabalho voltado a montagens operísticas profissionais de qualidade aliado à formação de jovens cantores e instrumentistas para a prática e o repertório operístico, além de se debruçar sobre a difusão da música sinfônica e de câmara com apresentações regulares no Theatro. Para acompanhar a programação artístico-pedagógica do Guri, da EMESP Tom Jobim e do Theatro São Pedro, baixe o aplicativo da Santa Marcelina Cultura. A plataforma está disponível para download gratuito nos sistemas operacionais Android, na Play Store, e iOS, na App Store. Para baixar o app, basta acessar a loja e digitar na busca “Santa Marcelina Cultura”.


Comentários