JOHN NESCHLING É ELOGIADO PELA CRÍTICA INTERNACIONAL POR SUAS GRAVAÇÕES DA OBRA DE RESPIGHI. CRÍTICA DE ISAAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.


Enquanto tinha cargo de diretor musical no Brasil os jornalistas especializados desse país acompanhavam cada passo de John Neschling. A carreira dele continua no exterior com muitas gravações mas a crítica nacional quase nada se manifesta sobre esses discos, por outro lado a crítica internacional está louvando esses lançamentos.

Como não ocupa mais nenhuma posição na paróquia de São Paulo, fingem nossos críticos que Neschling não existe. Mas ele acaba de se tornar um dos únicos maestros a gravar boa parte da obra orquestral de Respighi. Apenas outros dois regentes, Geoffrey Simon e Francesco La Vecchia registraram um vasto conjunto de obras desse compositor, muito famoso por sua Trilogia Romana, mas por exemplo uma obra como as Impressões Brasileiras, com dois movimentos lentos iniciais de um impressionismo que não deve nada a um Ravel ou Debussy, só foi gravada por Dorati, Lopez Cobos, Charles Dutoit, Joann Falletta, Eduardo Mata e mais alguns outros. No caso da Trilogia Romana, parece quase obrigatório hoje para qualquer maestro interpretar ao menos uma peça do ciclo.

Neschling nunca gerou tanta repercussão interpretando nenhum outro compositor em disco quanto Respighi. Apesar de ele ter moldado a OSESP, assim como Fabio Mechetti hoje faz com a Filarmônica de Minas Gerais, em busca de uma sonoridade germânica e tocando um repertório que além da ênfase na música brasileira, tinha a música sinfônica austro germânica como eixo principal, nenhum disco da OSESP superou as menções elogiosas em mídias especializadas recebida pela gravação dessa orquestra da Trilogia Romana. Tanto que a mesma gravadora decidiu registrar todo um ciclo desse compositor com a orquestra de Liége depois que Neschling deixou a OSESP. Comparando, o CD da OSESP com 3 obras do compositor alemão Hindemith é um desastre e pouca atenção despertou no mercado, prejudicada a gravação pela acústica cacofônica da Sala São Paulo que eu sempre critiquei, parece que a orquestra foi gravada tocando num banheiro!

Pessoas que ocupam altos cargos no meio musical como John Neschling e Fabio Mechetti precisam de críticos que falem a verdade para eles. Já temos muitos críticos bajuladores no Brasil. Recentemente falei mal do ciclo mahleriano de Mechetti nesse blog e no caso de Neschling ele também gosta muito de Mahler, mas acabou se destacando mesmo como intérprete de Respighi, além de música brasileira. As pessoas tem que conhecer quais são os seus pontos fracos e seus pontos fortes.

Isaac Carneiro Victal.

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