"A FLAUTA MÁGICA", AGRADA AO PÚBLICO DA UNIOPERA NO TEATRO BRADESCO. CRÍTICA DE MARCO ANTÔNIO SETA NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

 

Design for a production of Mozart's opera 'Die Zauberflote' ('The Magic Flute'), 1816. Artist: Karl Friedrich Schinkel  Cenário para Flauta Mágica (1816) de Karl Friedrich Schinkel. 

A ópera estreou em 30 de setembro de 1791 no teatro Andre Wien, em Viena, com libreto do também diretor de teatro, libretista da ópera e intérprete,  na estreia,  do papel de Papageno: Schikaneder, um homem de teatro, ator hábil e seguramente mais instintivo que espiritual. A Flauta Mágica  é uma das obras mais belas e transcedentais do gênero lírico-ligeiro, avançadíssima para a época e fundamental para a evolução da ópera alemã. É prodigiosa a facilidade com a qual Mozart escreve cenas cômicas ao lado de outras sérias, românticas ou profundas, como domina a nota popular tanto quanto os artifícios da sua profissão; como dá a cada personagem a sua expressão e como de mil pormenores geniais surge a absoluta unidade da obra. É um trabalho sem altos e baixos e seria injusto destacar trechos. 


UNIOPERA é uma entidade sem fins lucrativos e depende unicamente da renda da bilheteria, razão pela qual, merece o respeito de todos aqueles que admiram o teatro lírico e sabem o quanto é difícil produzir uma ópera, seja ela: singspiel, como a Flauta Mágica, ou ainda várias partes de "Fidelio", que correspondem a esse gênero;  cômica, (bufa), semi-séria (Don Giovanni),  lírica ou melodramática. 

O Teatro Bradesco, no Shopping Bourbon, na Pompéia desta capital; com lotação esgotada, apresentou no domingo (03/11) o espetáculo de A Flauta Mágica, com o elenco que se analisa a seguir: O competente maestro regente Luciano Camargo regeu a ópera sabendo extrair e evidenciar toda a sua perfeição como composição magistral que é. Muito aplaudido ao final pelo público presente na récita.

Os cenários de Priscila Soares estilizados conforme a proposta escolhida em harmonia com os figurinos de Amanda Pilla e Samantha Macedo, com bonita maquiagem de Ana Paula Costa e interessante iluminação de Guilherme Bonfanti. A inteligente direção cênica de Rodolfo Garcia Vásquez revela a sua experiência de décadas pelos palcos do teatro de prosa e, recentemente da ópera. 



Dos solistas que se sobressaíram há que citar a rainha da noite na interpretação do soprano Jéssica Leão, dona de apreciável coloratura, indispensável para viver esse personagem que celebrizou a Flauta Mágica nas mais populares correntes do canto lírico de coloratura. Outra revelação é a interpretação de Isaque Oliveira como o Papageno (barítono) que já consta em teatros oficiais como o Municipal de São Paulo, quando interpretou o príncipe Yamadori de Madama Butterfly (março de 2024).


Sarastro, sumo sacerdote de Isis, requer um baixo profundo. Flávio Borges corresponde à tessitura vocal do personagem, emitindo belos e profundos graves, somados a sons médios e agudos de excelente ressonância em emissão e projeção de boa escola de canto. Também Giulia Moura, soprano lírico deu conta de Pamina com notas de boa emissão canora em registro cômodo para essa personagem. Vinícius Cestari, o Tamino de domingo (dia 3/11) não foi tão feliz,  cuja voz um pouco áspera e inadequada a esse papel, por não possuir a leveza de um tenor lírico ligeiro. Igualmente Felipe Vidal, tenor metálico,  não conseguiu a desenvoltura vocal para um Monostatos mouro, a serviço de Sarastro. 

Na parte de Papagena ouviu-se Yohana Granatta, um soprano soubrette (tipo de sopranos encarregados de papéis juvenis, leves ou cômicos); .com graciosidade que o papel exige, soube interpretá-lo satisfatoriamente. Todos os solistas conseguiram representar corretamente os seus personagens sob a direção firme de Rodolfo Garcia Vásquez. Completaram o cast as três damas com destaque ao soprano Caroline Raquel (1º soprano); Marcela Vidra (2º soprano) e Gabriela Bueno (contralto); os três gênios Thainá Biasi, Mosielly Oriente (sopranos) e Bruno Costa (alto). Marcus Ourus (Arauto), satisfatórios. 

O coro preparado por Francisco Campos Neto colaborou plenamente com o elenco e a Orquestra Cia. UNIOPERA executou com correção a parte instrumental, com um número reduzido de músicos em sua partitura. 

Escrito por Marco Antônio Seta, em 04 de Novembro de 2024.
Jornalista inscrito sob nº 61.909 MTB - SP (FCL)
Estudou no Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, em Tatuí, SP
Licenciado em Artes Visuais pela UNICASTELO, em São Paulo
Licenciado pelo Instituto de Educação "Peixoto Gomide", em Itapetininga, SP



Comentários

  1. Maria Alice Alburquerque5 de novembro de 2024 às 09:53

    Assisti no sábado de estreia e me surpreendi com a desenvoltura cênica e musical do trio protagonista. Jovens muito talentosos em cena.

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  2. Crítica bem elaborada, contemplando o conjunto da apresentação e realçando os pontos mais importantes, dando uma ideia ao público sobre o desempenho dos principais cantores.
    Ainda não assisti, mas pelo que descreve vale a pena comparecer.

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  3. Muito obrigada, Prof. Marco Antônio Seta!

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  4. Ana, bom dia, acho que vc poderia escrever assim :

    Estive na recita de domingo (3/11) no Teatro Bradesco.
    E fiquei lisonjeada ao ver tantas crianças e adolescentes assistindo a esse belo espetáculo de A Flauta Mágica.
    A ocasião ofereceu um momento educativo a esses jovens que já se encontram no caminho encantado da música clássica e no universo de Mozart, um dos ícones da ópera. Valeu pela beleza e comprometimento da UNIOPERA em São Paulo. No próximo final de semana há apresentação sábado e domingo específico para crianças, com espetáculos às 16h00.

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  5. [06/11, 10:17] Seta: Ana, bom dia, acho que vc poderia escrever assim :

    Estive na recita de domingo (3/11) no Teatro Bradesco.
    E fiquei lisonjeada ao ver tantas crianças e adolescentes assistindo a esse belo espetáculo de A Flauta Mágica.
    A ocasião ofereceu um momento educativo a esses jovens que já se encontram no caminho encantado da música clássica e no universo de Mozart, um dos ícones da ópera. Valeu pela beleza e comprometimento da UNIOPERA em São Paulo. No próximo final de semana há apresentação sábado e domingo específico para crianças, com espetáculos às 16h00.
    [06/11, 11:17] Ana Maria: Ana Maria Santos Carvalho

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  6. No próximo sábado e domingo às 16h00 haverá apresentação resumida da ópera para as crianças menores. Será na versão em português para toda a criançada. Compareçam crianças!

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