NONA SINFONIA DE BEETHOVEN PELA ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SP. CR´TICA DE MARCO ANTÔNIO SETA NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

 


Orquestra Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo apresentou a sua 13ª premiação aos jovens e talentosos músicos em prêmio Ernani de Almeida Machado em cerimônia marcada para domingo, 15 de dezembro,  às 15 horas na Sala São Paulo, seguida pelo concerto da OSJESP quando interpretou a IX Sinfonia de Beethoven sob a direção do  maestro Claudio Cruz. Os solistas da IXª Sinfonia ; foram  Rosana Lamosa, Juliana Taino, Matheus Pompeu e Savio Sperandio. 
A Orquestra Jovem do Estado revela assim, uma vez mais, a sua capacidade de enfrentar uma grande obra da transição do período clássico/romântico, o qual foi introduzido por Beethoven,  já na fase final de sua vida artística. Outros grandes compositores de sua época, o seguiram em suas evoluções construtivas de composição e,  principalmente na complementação da instrumentação orquestral a que Beethoven ali iniciara.                                    
Imagem incorporada    
  Beethovem apresentou-a pela primeira vez a sua Nona Sinfonia  contando com a colaboração de Friedrich Shiller, JohannChristoph; dramaturgo, filósofo, historiador e poeta alemão. Ele escreveu o poema do Hino à alegria que ornamenta com tanta beleza a última sinfonia do mestre. O dramaturgo notabilizou-se com obras de valor extraordinário: Os Salteadores, A Conjuração de Fiesco, Intriga e Amor, Don Carlos, Canto do Sino, Cartas Filosóficas de Júlio e Rafael e as tragédias Maria Stuart, Donzela de Orleans, Noiva de Messina e Guilherme Tell, obra que o consagrou definitivamente na cena alemã. 
  Sua estreia deu-se a 7 de maio de 1824, no Kamtnertortheater, em Viena, com dedicatória a Frederico Guilherme III da Prússia e Schiller não canta a alegria vulgar, a embriaguez grosseira, material, mas o gosto ideal, o contentamento moral e filosófico, a posse da paz do corpo e do espírito pela completa harmonia, necessária e inatingível neste mundo. Seu poema é um poema de fé otimista, um Hino de uma limpeza absoluta; o pensamento altivo é digno do pensamento de Schiller, e Beethovem, nele se inspirando, sente nesses versos maravilhosos a exaltação do seu próprio sentimento. O poeta e filósofo canta a Alegria, a Alegria, mola real da natureza que Beethovem procura com todas as forças da sua alma, mesmo na dor..."Dai-me, Senhor, um só dia de Alegria".
    
Imagem incorporada
     Johann Christoph Friedrich Schiller ( o poeta, filósofo e dramaturgo do Hino à Alegria )

     Na apresentação ora enfocada, observamos uma regência bem equilibrada do maestro Claudio Cruz, conduzindo a Orquestra Jovem do Estado, ressaltando a fluência sonora das cordas friccionadas, e também nos sopros de madeira. Vale ressaltar o equilíbrio de massa orquestral que extraiu quando no acompanhamento de coros ou dos solistas. Os tímpanos em fá em oitava, que falam por si só no II movimento:  Scherzo, Molto vivace; Trio, Presto com momentos suaves, são de alegria infantil, mas de uma alegria forte e ingênua, traduzida nas cordas e nos sopros de madeira; seguidos das saudades do campo e das imagens pastoris ( canto dos violoncelos e violas beliscadas pelos contrabaixos e marcações dos tímpanos, ora vibrantes e agressivos, ora de mediana reverberação sonora, muito bem explanadas pela orquestra. 
     Os coros resultaram da junção de cinco corais abaixo relatados: 

Coral Jovem do Estado

Coral Juvenil do Guri

Coro Contemporâneo de Campinas

Coro Acadêmico da OSESP

Coro Intermediário da EMESP;  preparados pelos seus regentes oficiais, resultando numa massa coral de grande efeito sonoro, denotando um trabalho sério e acadêmico. 
   Os solistas vocais transmitiram a emoção que a voz humana produz no âmbito musical, na qual Beethovem foi o pioneiro em colocar coros e vozes numa sinfonia. Dentre esses solistas revelou-se o tenor Matheus Pompeu, cantor lírico que vem se destacando em todas as suas aparições "La Traviata" ( e vimos a sua interpretação de Pinkerton de Madame Butterfly, em Belo Horizonte),  onde brilhou rotundamente, confirmando plenamente  nesta apresentação da Nona de Beethovem. O baixo Savio Sperandio mais uma vez defendeu muito bem o seu Recitativo para um baixo-barítono e,  seguido pelo quarteto solista, com a participação de Juliana Taino (mezzosoprano) nos altos da partitura e a Sra. Rosana Lamosa,  numa leitura rasa e calante nos agudos, denotando a modéstia do declínio.vocal.
        A Nona Sinfonia é a última palavra do estilo sinfônico. É uma obra intensa, incomensurável, a que todo artista se refere com o mais profundo respeito. Esta sinfonia provocou muitos comentários, muitas discussões, mas hoje só possui admiradores, que nela reconhecem uma das grandes obras primas da música, a expressão do sentimento moderno e as aspirações de felicidade e fraternidade universal. E disso tinha consciência, seu genial autor, quando exclamou:
        "Venha a morte, ......está terminada a minha obra !"

Escrito por Marco Antônio Seta, em 18 de dezembro de 2024
.
Jornalista inscrito sob nº 61.909 MTB - SP (FCL)

Estudou piano no Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de

Comentários

  1. Permita-me uma correção ao autor: o tenor que cantou a apresentação foi o Giovanni Tristacci, e não Matheus Pompeu.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas