GRANDES SOLISTAS, MAESTROS E ORQUESTRAS INTERNACIONAIS, NAS RARAS OCASIÕES EM QUE INTERPRETAM MÚSICA BRASILEIRA, HUMILHAM A GENTE! ARTIGO DE ISAAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA 7 BALLET.


Já escrevi aqui sobre a interpretação excelente de Alicia de Larrocha do ciclo pianístico IBERIA de seu compatriota Albéniz. Ainda não falei mas reverencio as interpretações de Rafael Kubelik do ciclo de poemas sinfônicos MA VLAST, do conterrâneo dele Smetana. Existem gravações históricas ao vivo desse maestro interpretando essa obra, uma com a orquestra da Rádio Bávara e duas com a Filarmônica Checa no final da vida, em Praga e em Tóquio.

Quantos intérpretes brasileiros que alcançaram destaque similar interpretando música brasileira? A única soprano daqui que ficou famosa mundialmente interpretando as famosíssimas Bachianas n. 5 foi Bidu Sayão e isso já faz muito tempo!

Outro dia estava escutando uma gravação dos Choros n.6 de Villa Lobos com a regência de Lorin Maazel feita no municipal do RJ. As versões no mercado da OSESP e da Filarmônica de MG soam corretas e disciplinadas, a de Maazel ao vivo editada pelo selo Auvidis com uma orquestra de músicos agrupados para a ocasião, uma tal Filarmônica Mundial, está num outro nível em termos técnicos e interpretativos. Parece que o regente e a orquestra tocam a peça com a mesma frequência das sinfonias de Mahler, tamanha a desenvoltura, embora provavelmente muitos músicos estrangeiros ali talvez, nessa única ocasião na vida, tiveram que encarar os Choros n.6 de Villa Lobos!

Já escrevi aqui sobre casos similares, por exemplo uma orquestra de estudantes de Miami chamada New Word Symphony registrou por exemplo as Bachianas n. 4 de Villa Lobos sob direção de Michael Tilson Thomas, a comparação com a versão da OSESP é humilhante. Humilhação maior ainda é a gravação dos Choros n.10 de Villa Lobos feita com orquestras e coros da Venezuela, dirigidos por Eduardo Mata. Nesses dois casos a qualidade técnica dos músicos e da gravação, a interpretação e até a acústica dos recintos onde se realizaram os registros deixam a OSESP e sua Sala SP muito para trás!

Nelson Freire e Cristina Ortiz são os únicos interpretes brasileiros que realmente deixaram interpretações da nossa música que nenhum estrangeiro conseguiu superar. Cito por exemplo o disco vila lobiano de Nelson Freire para a Teldec e a gravação do Momoprecoce desse compositor por Cristina Ortiz e Vladimir Ashkenazy, com a orquestra Philharmonia.

Acho bom mesmo as orquestras brasileiras estarem gravando agora para a Naxos repertório brasileiro que nunca ninguém gravou. Alguém tem que dar o primeiro passo, por exemplo o ciclo dos Choros de Villa Lobos pela OSESP e John Neschling foi a primeira gravação decente completa. Por outro lado, quando se trata de repertório no qual a competição é maior, as coisas se complicam!

Entretanto se a gente acompanhar a imprensa nacional, jamais teremos notícia disso, mesmo por exemplo o fato notório da OSESP hoje ser uma sombra do que era na época de sua reestruturação, quase não se fala nisso. Toda hora aparecem na mídia especializada novas "estrelas" da música clássica brasileira, em poucos anos ninguém se lembra mais delas... Apresentações pavorosas muitas vezes são ignoradas, quando não elogiadas, raríssimas vezes criticadas, mas em tom de condescendência nos veículos da "imprensa oficial". Ainda bem que existe esse blog para a gente se manifestar!
Isaac Carneiro Victal

Comentários

  1. Comentário de Osvaldo Colarusso no Face:
    Realmente o Choros 6 com Maazel é surpreendente. Na orquestra de brasileiro só tinha o Paulo Sérgio no saxofone e o naipe de percussão, apesar da gravação ter sido feita no Rio de janeiro. E muito bom lembrar de Eduardo Mata. Ele gravou também a Bachianas 2 de forma brilhante

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    1. Agradecemos as informações, acrescentam muito! Também gosto da referida gravação do maestro Mata, ela revela detalhes da orquestração da segunda Bachiana que nunca escutei em nenhuma outra versão! Isaac Carneiro Victal

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    2. Agradecemos as informações! Também gosto muito dessa gravação das Bachianas n.2 sob a direção de Eduardo Mata, nela podemos ouvir detalhes que nunca apareceram em nenhuma outra interpretação! Isaac Carneiro Victal.

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