EXISTE ALGUM REPERTÓRIO MAIS SUBESTIMADO QUE A MÚSICA DE CÂMARA LATINO AMERICANA? ARTIGO DE ISAAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA & BALLET

 


Recente gravação dos 3 quartetos de cordas de Ginastera pelos texanos do Miró Quartet foi eleita disco do mês pela revista inglesa Gramophone e mereceu destaque no canal do YOUTUBE do crítico David Hurtwitz.

Se tratam de obras primas em dia com a mais avançada vanguarda da época em que foram compostas, o segundo quarteto por exemplo foi uma das primeiras obras dodecafônicas de Ginastera, peça depois adaptada, com descarte do primeiro movimento, para orquestra de cordas, pelo próprio compositor e renomeada "Concerto para Cordas. É a obra prima do ciclo.

O artigo de minha autoria nesse blog que mais recebeu comentários foi justamente quando critiquei a pianista estrela argentina Martha Argerich por praticamente ignorar a obra de Ginastera, maior compositor argentino. Foi um festival de disparates proferidos pelos fanáticos admiradores da referida pianista contra a música erudita latino americana. Pelo menos Ginastera está se convertendo no compositor latino americano mais gravado na Europa e nos Estados Unidos, com frequentes lançamentos.

Do mesmo altíssimo nível são os 17 quartetos de cordas de Villa Lobos, os 4 de Silvestre Revueltas mais a versão para cordas de "Cuauhnáhuac", a quinta sinfonia para cordas de Carlos Chávez, todas essas obras totalmente sintonizadas com as vanguardas da Europa, entre o melhor da produção de cada um desses compositores, demostrando que os grandes criadores do nosso continente não apenas produzem arrasa-quarteirões orquestrais...

Peças como o quarteto para cordas de Verdi e a sonata para violino e piano de Respighi conseguiram atrair e atenção e mereceram serem gravadas por grandes intérpretes, apesar de inicialmente parecerem como algo estranho vindo da Itália, terra da ópera. Está na hora de nós latino americanos mostrarmos ao mundo toda essa produção de música de câmara de excelente qualidade, até agora apenas explorada em toda sua riqueza justamente por um maravilhoso quarteto de cordas mexicano justamente chamado "Quarteto Latino Americano"!

Isaac Carneiro Victal

Comentários

  1. A o avassaladora da maioria do público de música clássica e mesmo de muitos músicos profissionais é demonstrada pelo desprezo que a produção cameristica tem. Ouve-se milhares de vezes a Nona sinfonia de Beethoven, mas quem conhece o Quarteto opus 131? Quanto aos quartetos de Ginastera prefiro a gravação do Quarteto Latino-americano

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    1. Estou de acordo, realmente a música de câmara como um todo é negligenciada, nem mesmo orquestrações e arranjos parecem reverter isso, por exemplo a Grande Fuga para quarteto de cordas de Beethoven transcrita por Weingartner para orquestra de cordas, o quarteto com piano de Brahms orquestrado por Schoenberg e o quarteto de cordas de Verdi em versão para orquestra de cordas por Toscanini. Todas essas 3 obras apesar de seu valor inquestionável, continuam longe de receberem a atenção que as sinfonias ou óperas desses autores recebem. Sobre a gravação das referidas obras de Ginastera pelo quarteto Latino Americano, também concordo que se trata da melhor versão disponível e ainda contam com os excelentes solos da soprano Claudia Montiel no terceiro quarteto. Ela também se saiu melhor que Kiera Duffy, solista da gravação do quarteto Miró e que Benita Valente, cantora escolhida pelo Juilliard Quartet para o registro discográfico do terceiro quarteto de Ginastera. Isaac Carneiro Victal.

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