A MAIOR MENTIRA DA MÚSICA CLÁSSICA, NEM BERLIM, NEM VIENA NEM AMSTERDAM, ELAS NUNCA TIVERAM A MELHOR ORQUESTRA DO MUNDO! ARTIGO DE ISAAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.


Julgo com base nos registros que temos. Para se considerar uma orquestra a melhor do mundo, não pode de maneira alguma tocar ano após ano o mesmo repertório, como fazem a OSESP e a Filarmônica de MG repetindo cavalos de batalha de Mahler e Strauss.

A história da música registra essas 3 famosíssimas instituições musicais, só muito lentamente aprenderam a dominar um sem número de obras primas desafiadoras.
Esse artigo é um complemento ao que fiz sobre a Philharmonia Orchestra, essa agrupação londrina muitas vezes deixou para trás as "3 grandes bandas".
Enquanto nos anos 60 e 70 Karajan e Bernstein gravavam ciclos de Beethoven, Mozart e Haydn em Berlin ou Viena, Klemperer e Barbirolli registravam sinfonias de Mahler com a Philharmonia.
É certo que nesses mesmos anos Haitink se aventurou em Amsterdam ao desafio de lançar em disco a integral mahleriana, mas esses esforços empalidecem diante do vistuosismo da Philharmonia nas gravações da EMI, a saber sinfonias 2, 4, 7, 9 e Das Lied com Klemperer e 5 e 6 com Barbirolli. No caso desse último, Haitink nunca teve sequer algo próximo da concepção de fraseado meticulosamente trabalhado que tinha Sir John Giovanni Barbirolli.
As Filarmônicas de Berlim e Viena só começaram a abordar Mahler seriamente nos anos 70. Barbirolli tem uma gravação de 63 da Nona de Mahler em Berlim onde é notória a dificuldade enfrentada pela orquestra com a música naquela altura.
Karajan demorou para preparar sua orquestra de Berlim para apresentar perfeitamente obras do início do romantismo como a Fantastique de Berlioz. Ele nos deixou duas gravações em estúdio da obra em Berlim, uma dos anos 60 e outra dos anos 70 e só na última as coisas parecem ter se acertado muito bem. Klemperer já nos anos 60 nos oferece duas versões uma em estúdio, outra ao vivo da sinfonia mais famosa de Berlioz, a Philharmonia brilhando como sempre.
Karajan até foi mais feliz em alguns registros em Londres do que em Berlim, o caso mais notório é sua versão de Pini di Roma de Respighi com a Philharmonia em 1958, muito superior à sua intepretação berlinense pela DG de 20 anos depois.
Pelo menos tanto em Berlin quanto em Viena, Karajan com sucesso lançou no mercado versões de óperas desafiadoras para a orquestra como Otello de Verdi e o Anel de Wagner, idem para o Anel de Solti, coisa que Amsterdam sempre se absteve de fazer, gravações de ópera, mesmo do repertório germânico.
Karajan afirmava que se fosse compositor queria escrever como Shostakovich. Só interpretou uma obra desse compositor no entanto, sua décima sinfonia. Existem dois discos da DG gravados respectivamente nos anos 60 e 80 com essa peça dirigida por Karajan e sua orquestra titular, mas uma gravação ao vivo em Salzburgo da Staatskapelle Dresden sob Karajan nos anos 70 supera ao meu ver os esforços dos berlinenses em estúdio.
Se considerarmos a música moderna a coisa se complica ainda mais para as 3 grandes bandas... Já nos anos 50 a Philharmonia foi capaz de dominar completamente quebra cabeças para a época, como a suíte do Pássaro de Fogo de Stravinsky, prova está a gravação de Giulini, bem como a Sagração de Stravinsky, em duas gravações, uma mono, outra estéreo, conduzidas por Markevitch.
Stokowiski deixou um registro terrível da suíte do Pássaro por esses anos em Berlim. No caso da primeira gravação da Sagração por Karajan com sua orquestra, os resultados foram tais que mereceram comentários desabonadores do próprio autor da obra...
Em se tratando de obras mais recentes como a Sinfonia Turangalila de Messiaen, o mesmo padrão se repete. A Sinfônica de Londres nos anos 70 pela EMI com Previn e a Philharmonia nos anos 80 pela Sony com Salonen são versões de referência. Berlin com Nagano e Amsterdam e Chailly só nos anos 90 ousam gravar tal peça, Viena até agora nunca.
Eu apenas ouço e vou apresentando as evidências.
Isaac Carneiro Victal

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