Die Walküre ou As Valquírias no Theatro Municipal de São Paulo.

  

Der Ring des Nibelungen (O Anel dos Nibelungos) libreto e composição de Richard Wagner é um ciclo  composto por quatro partes, ou seja, uma tetralogia. Das Rheingold (O Ouro do Reno) , Die Walküre, (As Valquírias) , Siegfried e Gotterdämmerung (O Crepúsculo dos Deuses). As quatro partes se completam, para entender o ciclo é necessário conhecer todas as partes.
   Wagner tem um estilo único, usa motivos condutores que aparecem de diversas formas no desenrolar da trama. Musicalmente a obra é complexa e fascinante, nem sempre o libreto informa todas as tramas da história. Uma primeira audição confunde, é necessário ouvir ou assistir diversas vezes a obra para começar a entendê-la. Para compreender O Anel dos Nibelungos é necessário pesquisa e estudo.
   Richard Wagner pensou no ciclo para quatro dias. A duração total excede as 13:00 horas (no século XIX ninguém tinha muito que fazer), é muita ópera , é muita música , é muita mitologia. Desfilam deuses, mortais, motivos condutores aparecem à toda hora. Tudo inspirado na mitologia nórdica.
   O Theatro Municipal de São Paulo em seu centenário resolve apresentar Die Walküre (As Valquírias) no mês de Novembro. Não entendo o por que de começar pela segunda parte do ciclo. Assisti recentemente as quatro partes do Anel dos Nibelungos em vídeo, cantadas em alemão e com legendas em português . Tive dificuldades para entender a trama. Pesquisei em alguns livros  e tirei muitas dúvidas.
   Pensando no respeitável público que vai assistir a ópera (ingressos esgotados há meses) , vejo enormes dificuldades de compreensão. Os chatos de plantão vão dizer que o programa explica tudo, mas quem tem tempo de ler o programa? A maioria chega em cima da hora, lembrando que em dias de semana a récita começa as 19:00 horas e  no sábado as 18:00. Pelo andar da carruagem a récita acaba um pouco antes da meia noite. Os que chegam mais cedo se lambuzam com o cafezinho e os quitutes disponíveis no saguão.
   A lógica é iniciar O Anel dos Nibelungos pelo começo (é óbvio e redundante). A ópera que deveria estar em cartaz é Das Rheingold (O Ouro do Reno) primeira parte do ciclo e com o passar das primaveras irem montando as outras três partes restantes. Em alguns anos teríamos o ciclo completo, que poderia ser apresentado na seqüencia pensada pelo compositor. Imagino que a diretoria do teatro não pense em fazê-lo.
   Apresentar Die Walküre é como começar a ler um livro de quatro partes pelo segundo capítulo, estranho isso. O respeitável público vai estranhar, muitos vão ficar boiando. As madames vão desfilar suas roupas de marca e jóias até o primeiro intervalo e irão para casa mais cedo. Minha previsão é que metade da platéia não resista as quase cinco horas no teatro. É ver pra crer.
Ali Hassan Ayache.    

Comentários

  1. João Luís T. Prada e Silva9 de novembro de 2011 às 12:53

    Parece que a diretoria realmente não tem intenção de encenar o ciclo completo; só isso pode explicar. E, sendo esta a razão, decidiram-se pelo mais "musical" dos quatro dramas, que é exatamente "Die Walküre". A assistência brasileira média não conhece as minúcias do enredo e, concordo, não sei se vai aguentar as 4 horas da récita (com intervalos, deve dar mais de 5). A minha curiosidade maior está na cenografia. Espero que não me venham com esquisitices como houve no último Rigoletto. De resto, esperar para conferir.

    ResponderExcluir
  2. Cinco horas é bastante tempo mesmo! Há que ser amante da ópera, amantíssimo.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas