OPERETA É COISA SÉRIA - O MORCEGO NO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO , 09/12/2011
O Morcego composta por Johann Strauss Filho é a mais famosa das operetas. Seu clima de alegria, suas situações engraçadas, onde sobram trocas de identidade e personagens hilários agradam em cheio a todo tipo de público. A música é simples, com melodias fáceis e belas. Outro grande atrativo da opereta é a possibilidade de atualizar o texto falado. Muitas das situações da opereta são transportadas para a atualidade, sobram piadas para todos os tipos que nos cercam, de políticos a personalidades.
A produção do Theatro Municipal de São Paulo resolveu traduzir toda a opereta para o português. O correto é traduzir os diálogos e deixar a parte musical no original. Assim foi feito e se obteve um excelente resultado na opereta A Viúva Alegre , de Lehar , apresentada no Theatro São Pedro em 2010. Tradução fraca na maior parte da apresentação faz perder toda a musicalidade original da opereta. Português não é uma língua musical . Quando reclamei que verteram para o português a ópera L' Enfant et les Sortilèges (O Menino e os Sortilégios) muitos disseram que a intenção era facilitar o entendimento das crianças. Verter O Morcego visa o que? Deve ser para facilitar o entendimento dos marmanjos, e para ajudar um pouquinho mais colocaram as legendas na parte musical. Piadas engraçadas, algumas sem nexo e outras estranhas fizeram parte do texto.
Os cenários e figurinos transportados para a atualidade ficaram interessantes. Primeiro ato limpo e correto. Segundo ato carregado de firulas. Lembra um inferninho da boca do lixo, onde desfilam todo o tipo de sujeitos excêntricos , tudo envolto em um vermelho total radiante. O terceiro ato é uma prisão "séria" , ficou a contento. A direção de William Pereira abusa das situações cômicas e toma liberdades excessivas. Alongou o segundo ato, inventou sátiras de óperas , balés , jazz e sei lá mais o que. Pecou pelo exagero.
A Orquestra Sinfônica Municipal , mas mãos de Abel Rocha esteve em grande noite. Musicalidade correta e sem tropeços, entradas no tempo certo e em volume exato. O Coral Lírico mostrou grande apresentação, recheado de solistas , teve vozes bela e uniformes. Os solistas cantaram com sonorização, fica complicado analisar. A atuação do experiente ator global Fulvio Stefanini como Frosch foi grandiosa.
Como entreterimento a opereta funcionou , agradou em cheio ao público, que lotou as dependências do teatro. Ficaram tristes uma meia dúzia que conhecem a versão original em alemão. Eu sou desse grupo. O Morcego fechou a apresentação lírica do Theatro Municipal de São Paulo, isso nos faz crer que a temporada de 2012 será grandiosa.
Ali Hassan Ayache
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