MAGDALENA, DE VILLA-LOBOS, PARA EUROPEU VER.


  
   Magdalena, obra musicada por Villa-Lobos é de difícil definição. Superior e mais elaborada que os musicais da Broadway e mais simples que as óperas contemporâneas. Alguns a definem como uma opereta moderna. Estreou, em 1948 nos Estados Unidos, ficou três meses em cartaz , andou por cidades importantes como Los Angeles, São Francisco e Nova Yorque e caiu no esquecimento.
  Bernstein com sua West Side Story ou Candide fez algo parecido, trazer a linguagem e a complexidade da ópera para a Broadway. A diferença é que um era bissexual , gringo e louvado na América e o outro é brasileiro.
   Villa-Lobos utiliza vários trechos de composições anteriores suas em Magdalena. Bachianas Brasileiras número 4, Impressões Seresteiras , trechos da ópera Izath e  marchinhas de carnaval inspiradas no cotidiano brasileiro. A peça tem bons achados musicais, as duas árias de Teresa são interessantes , os duetos entre Pedro e Maria mostram um belo lirismo romântico .  
   Magdalena é apresentada pela primeira vez no Theatro Municipal de São Paulo em comemoração aos 90 anos da Semana de Arte Moderna. A produção é originária do Theatre du Chatelet- Paris - 2010. Cenários exuberantes, feitos no capricho, que abusam do clichê sul americano :  Belas jovens usando roupas carnavalescas, pássaros com penas coloridas e toda a exuberância dos trópicos. Quando a ação se transfere para a cidade luz a coisa muda, vemos e sentimos toda a efervescência de Paris. Os figurinos são corretos e condizentes com a obra. A luz é destaque, realça o colorido orquestral e transfere uma beleza aos cenários. O Padrão europeu de produção é elevado, podemos constatar nessa obra. 
   A produção do Theatro Muncipal de São Paulo optou , mais uma vez , por usar microfones em cantores  e orquestra. Esta virando moda microfonar tudo , uma perigosa rotina. A equalização esteve um horror, ouvia-se a orquestra e a voz dos solistas desaparecia por completo em diversas cenas. Trechos com orquestração forte, coro e solistas soavam alto demais, incomodavam a pestana do senhores de terceira idade. Solistas encobertos pelo barulhão da orquestra, ninguém merece uma sonoridade dessas. É preciso repensar a necessidade de usar esse tipo de recurso.
   Os solistas , todos eles profissionais tarimbados da ópera, tiraram de letra. Não comento vozes que cantam com microfones. O Coral Lírico Municipal esteve em bom nível, fato esse já rotineiro. Os dançarinos executaram com facilidade as simples coreografias. A Orquestra Sinfônica Municipal nas mãos de Luís Gustavo Petri soou sempre alta, os erros na equalização prejudicaram e distorceram a sonoridade. 
   Magdalena é uma obra interessante, uma curiosidade musical. Não é o principal trabalho de Villa-Lobos, é uma colcha de retalhos de composições anteriores. Vale a pena ser vista pela beleza da produção vinda da França, que realça o exótico das terras da América do Sul. Pena que os erros de equalização atrapalharam toda a musicalidade.

Ali Hassan Ayache  

Villa-Lobos: Magdalena - A Musical Adventure (1989 Concert Recording)

Comentários

  1. Microfonar Magdalena não é uma opção ou decisão do teatro, é uma característica da obra musical. Escrita para teatro musical, e não para teatro de ópera. Se a equalização foi problemática, a critica deve ser feita para esse ponto, não pela decisão de amplificar.

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  2. A ópera ou musical MAGDALENA, por ser uma obra que não é inteiramente cantada e possui em sua grande parte, muito texto falado, por este motivo também que a ópera ou musical esta sendo amplificado, microfonado.

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