REVISTA BRAVO ELEGE MELHOR CD DO MÊS: POEMA , COMPOSIÇÃO DE MARLOS NOBRE.

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CD “Poema”, traz a obra completa para cello, de Marlos Nobre, compositor brasileiro de largo conhecimento no exterior e no Brasil.

A edição de março 2012 da revista BRAVO acaba de anunciar a escolha do CD “POEMA: Obra completa para violoncelo de MARLOS NOBRE” como o melhor CD de música erudita do mês, ao lado de outros três  de música popular. O CD “Poema” é o único escolhido no gênero de música de concerto.
A escolha do CD “POEMA” pela equipe de Musica da Revista BRAVO, vem acompanhada do seguinte comentário da jornalista Paula Nadal da seção “CDs DO MÊS”:
“POEMA” - Leonardo Altino (Virtuosi).
Em seu Desafio II, o compositor pernambucano Marlos Nobre transpõe para o violoncelo os desafios de improviso travados entre os cantores nordestinos. A música abre o delicado e bem produzido disco “Poema”, do violoncelista Leonardo Altino, acompanhado por sua mãe, a pianista Ana Lúcia Altino.
O álbum mostra a intimidade do duo de intérpretes e registra a obra completa para piano e cello escrita por Nobre, um dos autores mais importantes depois da geração de Heitor Villa-Lobos. Ouça ainda a belíssima Partita 2 – PN.”

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O CD POEMA, foi lançado em dezembro, com um concerto realizado pelo duo Leonardo e Ana Lúcia Altino, no Teatro de Santa Isabel em Recife.  A gravação foi realizada no The Germantown Performing Arts Centre, Tennessee, USA, sendo produtor e engenheiro de som Jamey Lamar, co-produtor Kevin Edlin e assistente de edição digital Phil Norman. A gravação, mixagem e edição obedecem aos mais altos padrões atuais tanto artísticos como técnicos e vem merecendo os mais altos elogios em todo o mundo,  pela sua elevada categoria musical e técnica.
A obra para violoncelo e piano de Marlos Nobre, começou a ser produzida em 1968, com o DESAFIO II  quando o compositor participou do I Concurso Internacional de Violoncelo na Paraíba, idealizado pelo seu grande amigo o violoncelista Aldo Parisot, a quem a obra é dedicada. No mesmo ano, Marlos Nobre compôs a pedido de Aldo, uma versão do DESAFIO  para ensemble de violoncelos, estreada pelo Ensemble de Violoncelos da Yale University dirigido pelo próprio Aldo Parisot e lançada em CD da CBS hoje uma raridade.
Logo o “Desafio II para cello e piano” se tornaria um “hit” entre os violoncelistas em todo o mundo, tendo recebido gravações excepcionais e sendo também obra obrigatória de concursos internacionais de violoncelistas, como por exemplo, recentemente aconteceu nos Estados Unidos (SPHINX Competition) e no México (Carlos Prieto International Cello Competition).
Posteriormente, Marlos Nobre escreveria por encomenda do Octeto Ibérico de Violoncelos uma versão ampliada da obra,c om o título DESAFIO XXXII  para 8 violoncelos, gravada imediatamente por este conjunto a quem dedicou a obra e seu diretor Elias Arizcúren, no selo Channel Classic ao lado da “Três Canções Negras”, “Três Canções de Beiramar” e “Canto a Garcia Lorca”, todas elas escritas para soprano e octeto de violoncelos.
A convite do grande violoncelista brasileiro Antônio Meneses, Marlos Nobre escreveria depois a sua CANTORIA I para cello solo, uma espécie de preâmbulo à Suite em ré menor de Bach, estreada com grande êxito e gravada posteriormente  em CD por Meneses. Logo, por encomenda do violoncelista Carlos Prieto, Marlos Nobre escreveria sua mais importante obra (até o presente) para violoncelo e piano, a PARTITA LATINA em 7 movimentos, estreada mundialmente e gravada no  CD URTEXT imediatamente após sua estreia mundial no México, por Carlos Prieto e seu parceiro de sempre, o pianista Edison Quintana.
Também por encomenda do mesmo e célebre violoncelista mexicano Carlos Prieto, Marlos escreveria logo a seguir a CANTORIA II para cello solo (preâmbulo à Suite em dó maior de Bach) e as CANTILENAS  I e II para violoncelo e piano às quais o compositor agregaria em 2009 a CANTILENA  III,  dedicada a Leonardo Altino, e por ele estreada no Festival Virtuosi no mesmo ano no Teatro de Santa Isabel.
A suíte TRÊS CANTOS DE IEMANJÁ (Estrela do Mar, Iemanjá ôtô, Ogum de Lê) foi escrita a partir de um pedido da grande amiga de Marlos e esposa do compositor argentino Alberto Ginastera, a fabulosa violoncelista Aurora Nátola Ginastera que faleceu antes de estrear a obra; TRES CANTOS DE IEMANJÁ foi  estreada mundialmente  em 2009 pelo duo Bernardo Katz e Maria Luiza Corker, na série Música do Museu em concerto totalmente dedicado em homenagem aos 70 anos de Marlos Nobre, realizado no Palácio São Clemente no Rio de Janeiro.
Enfim o POEMA III para violoncelo e piano, obra que dá titulo ao CD, é possivelmente a obra para o instrumento mais tocada e gravada de Marlos Nobre, inclusive em sua versão posterior para violoncelo e orquestra de cordas.
Trata-se de uma obra de grande lirismo e que nasceu em circunstâncias especiais, um canto de amor do compositor para sua mulher, Maria Luíza. O compositor sempre declarou que esta obra é um momento diferente, totalmente isolado em sua criação musical, um canto lírico, não “romântico”. Marlos Nobre declara no folheto explicativo que acompanha o CD que tinha lido uma afirmação de Picasso, mais ou menos assim, ao comentar críticas a seus desenhos realistas em uma determinada exposição: “Sou um pintor moderno, cubista, etc…, mas também sou capaz de pintar belos desenhos naturais”. Assim, afirma Marlos Nobre, pensando em Picasso: “Sou um compositor moderno, com uma linguagem avançada, mas também capaz de escrever uma bela melodia”.
É esta bela melodia, o POEMA para cello e piano que dá titulo a este excelente CD, que tem comovido o mundo e as mais diferentes plateias no Brasil e no exterior, com sua mensagem profunda e direta.

REPERTÓRIO DO CD

* Desafio II, OP.31/2 Bis
* Partita Latina OP. 92
- Lento-estático
- Apassionatto
- Scherzando
- Calmo
- Profundo
- Vivo
- Grave
* Poema III, OP.94 Nº 3
* Três Cantos de Iemanjá
- Estrela do mar
- Yemanjá  Ôtô
- Ogum Delê
* Cantoria I
* Cantoria II
* Três cantilenas
I – Profundo
II – Fervorosamente
III – Grave e profondo

COMENTÁRIOS PARA O CD
Este CD traz todas minhas obras, escritas até hoje, para o violoncelo, este instrumento que adoro, simplesmente. E minha alegria de compositor é maior ao ter como intérprete o jovem e grande violoncelista Leonardo Altino, que considero como a maior revelação no panorama atual do instrumento em todo o mundo. Artista sensível, dotado de uma técnica perfeita, mas sempre a serviço da música, Leonardo Altino é justamente isso: o intérprete ideal para qualquer compositor. Ao lado de Ana Lúcia Altino, eles fazem um duo de extraordinária musicalidade e compreensão superior das obras.
A primeira obra que escrevi para o violoncelo, foi o DESAFIO II a pedido justamente do meu grande amigo, o violoncelista e mestre de tantas gerações Aldo Parisot. Foi no Concurso Internacional na Paraíba em 1968 que Aldo me sugeriu a obra, escrita inicialmente para um grupo de 6 violoncelistas. Eu escreveria depois e até agora um total de 50 Desafios para praticamente todos os instrumentos, chegando à orquestra de câmara e sinfônica. Este DESAFIO II tornou-se rapidamente uma espécie de “favorito” entre os violoncelistas, tendo em 2009 sido tocado por todos os semifinalistas do Concurso Internacional Carlos Prieto no México. A peça baseia-se na ideia dos “desafios poéticos” dos cantadores populares do Nordeste do Brasil, que, em longas pelejas, se desafiam mutuamente, compondo de improviso versos cada vez mais complicados. Esta tradição é secular, tendo suas origens no mundo ibérico, Portugal e Espanha. No Brasil, a invenção popular o transformaria. No meu DESAFIO II, começo com uma “cadenza” virtuosística para cello solo seguido de uma espécie de “toccata”, ou seja o “desafio” entre os dois instrumentos, com uma conotação contrapontística muito acentuada.
A PARTITA LATINA foi escrita em 2002, desta vez por encomenda de outro querido amigo, o grande violoncelista mexicano Carlos Prieto que a estreou mundialmente em 2003 no México e a gravou no selo Urtext. A obra baseia-se na ideia das partitas do século XVIII, com movimentos próprios, mas no meu caso interligados pela ideia inicial exposta pelo violoncelo. Eu poderia dizer também que são estudos de “caráter musical”, com o 1º número (Lento-Estático) expondo a ideia inicial e a desenvolvendo de forma cada vez mais complexa: o 2º (Apassionatto) é uma breve digreção melódica do tema, tratando em forma breve e dialogando com a mão esquerda do pianista; o 3º (Scherzando) é virtuosístico e sarcástico; o 4º (Calmo) explora as variantes do tema inicial desembocando em uma espécie de “habanera” enlouquecida; o 5º (Profundo) é extremamente cromático, nos dois instrumentos e intensamente calmo; o 6º (Vivo) tem um caráter virtuosístico e extremamente contrastante: o 7º (Grave) começa gravemente e paulatinamente atinge um grande clímax sonoro.
O POEMA III faz parte de outra série que comecei em 2002, dedicada também, como os “Desafios”, a praticamente todos os instrumentos da orquestra. Todas têm igualmente uma versão para solo e orquestra de cordas. A ideia do Poema partiu de um canto de amor que escrevi para minha mulher Maria Luíza. Ao mesmo tempo, me estimulou muito algo que li a respeito de Picasso que declarou um dia: “Sou um pintor cubista, sim, mas capaz de escrever belos retratos”. O POEMA III portanto é nada mais do que uma simples melodia, um canto de natureza positiva e direta.
A peça TRÊS CANTOS DE IEMANJÁ, foi baseada na minha obra de 1968 “Beiramar” para barítono e piano. Eu sempre quis escrever esta peça para o violoncelo, onde as características dramáticas e de “cantabile” tão particular do instrumento são postas em evidência. Eu fiz esta versão em 2009, especialmente para um concerto no Rio de Janeiro, em comemoração aos meus 70 anos, tendo sido a estreia com o violoncelista Bernardo Katz e a pianista Maria Luíza Corker.
As CANTORIAS são também um caso à parte. Em 2005, meu querido amigo, o grande violoncelista brasileiro Antônio Meneses me procurou com a ideia de encomendar obras a compositores baseadas nas Suítes de Bach para cello solo. Eu escolhi de imediato uma de minhas preferidas, a Suite em ré menor, escrevendo então minha CANTORIA I, que parte da ideia inicial de Bach e, a partir dela, entra em meu mundo pessoal. É como se a ideia primeira de Bach frutificasse em minha mente uma obra com seus caminhos próprios, inclusive chegando às “cantorias nordestinas” daí o título da obra. Antônio Meneses estreou a obra com enorme êxito em 2005 em São Paulo e logo depois a gravaria em CD.
No mesmo ano, me procurou mais uma vez Carlos Prieto para encomendar uma obra para violoncelo solo. Eu então propus fazer a CANTORIA II, baseada na mesma ideia da primeira cantoria, isto é, desta vez na suíte em dó maior de Bach. Mas enquanto a Cantoria I é mais melódica, esta segunda é extremamente virtuosística e endiabrada. Carlos a estreou no México em 2006.
Depois surgiriam finalmente as TRÊS CANTILENAS, sendo a primeira e a segunda por encomenda de Carlos Prieto, justamente para o concerto que ele organizou no México em homenagem aos meus 70 anos em 2009. E a CANTILENA III eu escreveria um pouco depois, ainda em 2009, para o concerto com Leonardo Altino e Victor Asunción, no XII VIRTUOSI, no qual eles apresentaram a primeira audição mundial da obra, junto com as demais “Cantilenas”.
A idéia fundamental das “Cantilenas” é simples: trata-se de obras usando a antiga forma A – A’ do barroco (como o qual minha música tem tantas aproximações, não de estilo, mas de técnica). Nestas “3 Cantilenas” uma simples ideia melódica é exposta em toda sua extensão pelo violoncelo, com uma elaborada textura contrapontística no piano e logo é repetida, mas sempre com profundas variações harmônicas e contrapontísticas.
MARLOS NOBRE
Rio de Janeiro, fevereiro de 2011

O CD pode ser ouvido em sua integralidade e baixado (Download) no seguinte enderêço do site:
http://www.virtuosi.com.br/poema/

Fonte:http://www.movimento.com/

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