"MISSA DE REQUIEM " , DE MOZART , NA CANDELÁRIA . CRÍTICA DE MARCUS GÓES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

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Quase todos se referem a essa obra de Mozart taxando-a de “obra prima”, “genial” e outros superlativos com os quais não concordamos.

Em “nossa” opinião, é uma das menores obras famosas de Wolfie. Além do mais, esquecem-se quase todos de que essa obra foi composta às pressas e não foi integralmente composta por Mozart. Este recebeu a encomenda para compor tal obra em 1791, ano de sua morte, teve de interromper sua composição para compor La Clemenza di Tito, teve de atender a vários empenhos e não teve tempo para terminar a Missa nem tempo de deixar todas as instruções por escrito para seu aluno Franz Süssmayr, que foi quem compôs parte muito extensa da obra, inclusive partes de sua livre imaginação e iniciativa. Não é obra exclusiva de Mozart. O nome de Süssmayr nunca deve ser omitido como co-autor.
Isto posto, a execução dessa Missa às 18.30h. na Igreja da Candelária é o que se pode chamar “the wrong music in the wrong place”. Quem conhece o Rio de Janeiro sabe que ao redor da igreja cruza-se o tráfego mais intenso da cidade, e não é possível evitar o barulho de buzinas, motores, caminhões e outros veículos pesados  acelerando e freando, sirenes, apitos, motocicletas, pregões e até choro de criança na calçada. Tudo isso já ocorrera antes, vindo à memória a Missa de Requiem de Verdi há poucos anos regida por Roberto Minczuk no mesmo local, apesar dos excelentes resultados. É lindísssima a igreja, mas não está preparada para isolamento sonoro do que vem de fora.
O Maestro Silvio Viegas percebeu logo o problema e sabiamente procurou fazer orquestra, coro e solistas soarem menos “piano” que o usual nessa obra em outro ambiente. Sua regência não fugiu ao que já estamos habituados a ver e ouvir quando é ele o regente: precisão de entradas e terminações, tempos bem escolhidos, realce correto de ornamentos, cantábiles realmente cantábiles (aos menos acostumados, costumo aportuguesar certos termos musicais), inspiração, imaginação e capacidade de achar soluções imediatas.
Os solistas vocais, soprano Danielle Gregório, meio-soprano Andressa Inácio, tenor Geraldo Mathias e baixo Maurício Luz, estiveram em nível razoável. O coro foi a estrela da noite, em atuação de esplendorosa sonoridade. Mais uma vez rendemos homenagens a todos os seus integrantes e ao “chorus master” Maurílio Costa.
“Last but not least” o espetáculo foi valorizado pela estimulante presença na primeira fila da Presidente da FTMRJ Carla Camurati, a graça em pessoa.
ACH GOTT, WIE MANCHES HERZELEID
MARCUS GÓES – ABRIL 2012

Fonte: http://www.movimento.com/

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