O SILÊNCIO DE DOIS GRANDES BARÍTONOS EM 2012. ARTIGO MARCO ANTONIO SETA NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

O ano de 2012 já levou dois dos maiores barítonos que a segunda metade do século XX conheceu.



guelfi 250 O silêncio de dois grandes barítonos em 2012
Gian Giacomo Guelfi
Gian Giacomo Guelfi,
nascido em Roma a 21 de dezembro de 1924, faleceu a 8 de fevereiro de 2012 em Bolzano aos 87 anos de idade. Uma das maiores vozes desse registro vocal e que o Brasil teve o privilégio de conferir pessoalmente. Sua estreia foi em 1950, como Rigoletto na cidade de Spoletto. Após dois anos, já estreava no alla Scala de Milão onde atuou durante duas décadas em diversas óperas, tendo sua carreira se desenvolvido rapidamente, levando-o a todos os grandes teatros: do del Opera de Roma ao San Carlo de Nápoles, do Royal Opera House ao Colón de Buenos Aires, da Opera de Viena ao San Francisco Opera House, da Opera de Paris ao Bunka Kaikan em Tókio, ao Teatro Municipal de Santiago do Chile, ao lado de divas como Renata Tebaldi, Fiorenza Cossoto, Gianfranco Cècchele, Marta Rose, Giulio Neri, Daniele Barioni, Franco Corelli, Gianni Raimondi e Nicolai Ghiaurov entre outras celebridades do cenário lírico.
Gian Giacomo Guelfi, um barítono dramático verdadeiramente verdiano atuou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro ao final dos anos 50, em 1964 na “Tosca” e em”la Fanciulla del West” ao lado da grande Magda Olivero e também em “Macbeth”, (Verdi) com Marcella de Osma, voltando ao Rio em 1969 para “Nabucco” e “La Gioconda”, contracenando com o soprano dramático Elena Souliotis. Em São Paulo, atuou igualmente nestas duas últimas, retornou em 1970 para a “Aída”, “Carmen” e uma inigualável “Tosca”, da qual foi intérprete ainda não superado. O sucesso, ao lado de Elena Suliotis nesta ópera, foi tanto que, solicitado pelo público paulistano, retornou pela última vez, em 1973 para dois personagens de Puccini: o Marcello de (La Bohème) e novamente o Barão Scarpia, desta vez com Gianna Galli, (do Teatro Comunalle de Bologna) outro êxito em São Paulo.
A voz que desapareceu, apenas fisicamente, daquelas que surgem a cada cem anos, permanecerá viva entre nós, nas poucas gravações existentes bem como em raros DVDs espalhados pelas lojas especializadas.
dieskau 250 O silêncio de dois grandes barítonos em 2012
Dietrich Fischer-Dieskau
O segundo, o alemão Dietrich Fischer-Dieskau às vésperas de completar seus 87 anos, faleceu a 18 de maio, rodeado por seus familiares em sua casa na Alemanha, ao lado de sua mulher, o soprano Julia Varady.
Considerado o maior intérprete de Lieder alemão, notável e incomparável em Schubert, Schumann, Mendelssohn, Strauss, Brahms, Mahler, Shoenberg, Berg, Wolf e Zemlinsky em registros do cancioneiro alemão. Da produção francesa, registrou compositores como Berlioz, Debussy, Fauré, Ravel e os seus contemporâneos Samuel Barber, Ferruccio Busoni, Max Reger, Albert Reimann, Odhmar Shoeck. Com Wladimir Ashkemazy, gravou em Berlim a Suíte sobre versos de Michelangelo Buonarotti, de Shostakovich; em Londres, participou da estreia de uma das mais importantes obras do compositor britânico Benjamin Britten: o Réquiem de Guerra.
No mundo da ópera, também se impôs ao interpretar personagens de Verdi e Puccini, apesar de lhe faltarem alguns predicados mediterrâneos, segundo alguns críticos europeus. Gravou o “Macbeth” com Birgit Nilsson e Bruno Prevedi; “Rigoletto”, com Rafael Kubelik, uma “Tosca”, com Franco Corelli e B. Nilsson, regida por Lorin Maazel, “Falstaff”, célebre nos catálogos bem como suas gravações de “O Crepúsculo dos Deuses”, com Von Karajan , gravou o Wotan de “O Ouro do Reno”, de Wagner; depois “Salomé”, “Arabella” e “A mulher sem sombra” com Georg Solti e Karl Bohm, constituem registros de um nível altíssimo para o prazer e deleite, através da indústria fonográfica, dos amantes da arte do bel canto.

Escrito por Marco Antonio Seta, em 20 de Maio de 2012 .Diplomado em Educação Musical, Artes Visuais e Educação Artística. Publicou artigos e críticas de óperas em vários veículos de SP ao longo de três décadas.

Fonte: http://www.movimento.com/

Comentários

  1. maravilhoso artigo em memoria destes dois grandes interpretes do Sec XX= apenas uma duvida
    Dieskau gravou este Macbeth com Nilson?? Eu tenho aqui Dieskau com Souliotis e Pavarotti nesta opera- E no Macbeth de Nilson está o grande Giuseppe Taddei. Seria interessante ouvir Birgit Nilsson e Dieskau juntos.

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  2. Marcelo Lopes Pereira28 de maio de 2012 às 10:43

    Tenho algumas gravações de Dietrich Fischer-Dieskau, sem dúvida um notável e extraordinário barítono !

    Que a Luz e os Deuses da música acompanhem mais essas duas estrelas !

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