ENTREVISTA COM O SOPRANO LARYSSA ALVARAZI NO BLOG DE ÓPERA E BALLET. ENTREVISTA PUBLICADA NO BLOG "O PENTAGRAMA"
PAPO COM O ARTÍSTA: O PENTAGRAMA conversa com exclusividade com a talentosa soprano LARYSSA ALVARAZI, ovacionada pelo público e elogiada por John Neschling
Laryssa Alvarazi |
O PENTAGRAMA: Conta pra gente … Quando tudo começou ? Quando você
disse “Eu sou uma cantora Lírica.” ? Você vem de uma família de músicos? Quem
foi o primeiro incentivador ?
LARYSSA
ALVARAZI: Tudo começou quando eu tinha 10 anos, eu já cantava na igreja e
minha mãe certo dia me perguntou se eu gostaria de estudar musica num
conservatório, a resposta foi imediata: "é o meu sonho mãe!". A partir daí,
comecei a cursar o técnico em música com ênfase em canto popular e estudei
simultaneamente um pouco de piano clássico. No fim do curso de canto eu me
deparei com um repertório de musical, isso me exigiria uma voz um pouco mais
empostada, eu realizei o repertório e percebi uma disposição natural da minha
voz para o canto lírico. O 'cheque-mate' veio com o estudo da minha primeira
aria de ópera "O mio babbino caro" aos 16 anos...foi ai que eu percebi que era
isso que eu queria para o resto da minha vida.
Meu avô materno, Sr. Moacir Alvarazi, sempre cantou, chegou a se
apresentar em alguns lugares, mas era música popular romântica dos anos 60
(RISOS) de qualquer forma, penso que só pode ter vindo dele o sangue musical,
até porque ele canta até hoje e é uma senhora voz viu! Ele me incentivou muito,
sempre me contou dos grandes cantores e suas respectivas histórias de vida e
carreira, até hoje ele vai me assistir sempre! E me chama de neta com o maior
orgulho!
“ … Eu sempre oro e peço
a proteção de Deus no palco, pra que Ele me guarde e me use como instrumento de
luz …”
O PENTAGRAMA: Você tem algum cuidado com a voz ? Algum ritual antes
de entrar em cena?
LARYSSA ALVARAZI
: Tomo
cuidado com coisas básicas, em época de apresentação não bebo muito gelado e
sempre vou dormir cedo, justamente para não comprometer a voz e nem o corpo,
outra coisa muito importante é ter um acompanhamento de um profissional da voz,
no caso um otorrinolaringologista, fazer exames e ter consciência que tudo esta
saudável com a prega vocal.
Eu
sempre oro e peço a proteção de Deus no palco, pra que Ele me guarde e me use
como instrumento de luz, uso também, sempre que possível, como símbolo de força,
dois anéis das minhas duas avós, minha avó materna Regina e da avó Maria, avó de
coração.
O PENTAGRAMA: Uma cantora de ópera tem que necessáriamente fazer
algum curso de artes cênicas ou vai de forma instintiva ?
LARYSSA
ALVARAZI: Com certeza é necessário! Eu acho indispensável o curso de artes
cênicas para o cantor lírico! Após me formar na faculdade de música, iniciei
minha pós-graduação em artes cênicas. O palco nos exige muitas facetas, e mesmo
que tenhamos uma certa facilidade em construir um personagem, nunca será
dispensável um curso com uma visão pura de teatro e que nos dará a fórmula de
estudo para, de fato, dar vida a um papel. Até porque, da mesma forma que é
muito ruim assistir uma ópera e em alguns momentos perceber que o cantor não
está muito bem vocalmente, é também da mesma forma, desesperador um cantor que
não tem ação no palco, que não acontece, que não se entrega para o personagem.
Certamente, a atuação e interpretação andam juntas com o
canto.
Em cena na ópera Don Pasquale |
(Laryssa, falando do
maestro John Neschling)
O PENTAGRAMA: No seu caso, como você monta seu personagem ? como você soluciona expressões ? Tem alguma pesquisa prévia ou na hora dos ensaios a coisa sai ?
LARYSSA
ALVARAZI: Para mim, num primeiro momento de estudo, leio toda a história do
personagem e da obra através do libreto, se for necessário faço uma pesquisa
sobre o que se passava no país na época que a ópera foi escrita e observo
influências comuns entre os fatos e a ópera, isso já me adianta alguns
trejeitos, experiência e carácter do personagem. Quanto a cena, temos muitas
vezes indicações do compositor na própria partitura da obra e ainda contamos em
cada montagem com um diretor cênico que nos auxilia e nos indica o que fazer,
como e quando fazer. Uno tudo isso a uma real chance de viver o personagem,
mergulho de cabeça sem vergonha e sem medo de absolutamente nada, o palco nunca
deve nos intimidar ou nos barrar, ele deve ser apenas um canal direto de emoção
para alcançar o coração do público, seja para personagens cômicos, loucos ou
trágicos.
O PENGRAMA: Você já interpretou grandes óperas como Adina em L’elisir
d’amore”, “Die Lustige Witwe” como Hanna, “ Die Zauberflöte” como Rainha da
Noite, “La Bohème” como Musetta Juliette em “Roméo et Juliette” de Gounod,
Norina em “Don Pasquale” de Donizetti e Elvira em “I Puritani” de Bellini. Todas
as críticas sempre falam muito bem do seu trabalho.
Laryssa Alvarazi em cena na
ópera Don Pasquale como Norina |
LARYSSA ALVARAZI
: Foi
emocionante e sobretudo motivador ler a crítica do maestro Neschling sobre meu
trabalho. Lembro que a reli umas dez vezes antes de expressar qualquer
reflexo...após isso, eu ria e chorava ao mesmo tempo...(RISOS), sim, eu sou
chorona...(RISOS), mas foi muito importante pra mim, depois tive a oportunidade
de encontrá-lo e me lembro que ao entrar na sala onde ele estava junto a algumas
pessoas, ele disse pra sua esposa, a escritora Patrícia Melo e apontando pra
mim: 'É ela que lhe falei! É ela!'...fiquei paralisada porque as pessoas pararam
suas conversas e voltaram-se pra nós e para o que ele estava dizendo sobre meu
trabalho, em meio a tudo isso eu pensava 'Meu Deus, ele está mesmo falando de
mim???!!!' hahahaha, eu pude então agradecê-lo pela crítica e ainda ouvir dele
'Em breve trabalharemos juntos'...ele é um gênio e tem uma importância
fundamental na música do nosso país, ouvir isso dele é acreditar que meu
trabalho está no rumo certo. Foi e é, sem dúvida, um marco importantíssimo na
minha carreira.
Laryssa Alvarazi em cena na ópera Romeo et Juliette de Gounod |
Laryssa Alvarazi em cena com o
tenor Atalla Ayan na ópera Romeo et Juliette de Gounod |
Laryssa Alvarazi em
cena como Elvira na ópera Il Puritani |
“… Elvira não tem uma pitada, ela tem uma dose beeem recheada de loucura, (RISOS)... mas eu adoro! …”
O PENTAGRAMA: Em Manaus como Elvira em “Il Puritani “ uma das notáveis óperas de Vincenzo Bellini, apresentada no XVI Festival Amazonas de Ópera. É a primeira vez que canta em Manaus ? Conta pra gente como foi emprestar a voz à Elvira?
Laryssa Alvarazi em
cena como Elvira na ópera Il Puritani |
O PENTAGRAMA: Qual personagem que mais te marcou ?
LARYSSA
ALVARAZI : Essa é uma pergunta beeeem difícil...sempre penso nisso,
principalmente quando um novo personagem chega no pedaço, eu sempre penso como
será, se eu também irei me apaixonar por ele...enfim...é uma relação de amor,
rsrsrsrs...mas acredito que o primeiro personagem tenha uma importância
sentimental maior, a Norina foi um presente pra mim, fiz com muita alegria e
entreguei a ela meu melhor, mais que isso, foi através dela que tudo realmente
começou, então não tem como não ser marcante. Amei fazer e a faria mais umas mil
vezes!
O PENTAGRAMA: Musica Sinfônica, de câmara ou ópera. Pra você qual é o
melhor universo interpretativo? Tem alguma preferência?
LARYSSA ALVARAZI
: Todos
os três sem dúvida são incríveis! Cada um a sua forma, mas todos extremamente
ricos em texto e música. Hoje naturalmente minha preferência é ópera por estar
trabalhando com isso focadamente, mas confesso que tenho idéias futuras de
projetos para música de câmara e compromissos já com repertório sinfônico,
intercalando claro com as óperas.
O PENTAGRAMA: Quando poderemos assistir Laryssa Alvarazi ainda este ano de 2012 ?
LARYSSA
ALVARAZI : Em breve! Estou já em preparo para La Bohème (junho, em São Paulo
e cidades vizinhas), Les contes d'Hoffmann (estréia internacional em setembro na
Argentina, Buenos Aires, como Olympia) e Nona Sinfonia de Beethoven em Agosto em
Ribeirão Preto.
Obrigada pela entrevista !!
Obrigada pela entrevista !!
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