"L'ELISIR D'AMORE" -SUCESSO NA ESTREIA EM SP. CRÍTICA DE MARCO ANTONIO SETA NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

Sucesso grande na estreia de “L’Elisir d’Amore” em São Paulo, dia 26 de Junho.
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   O acerto da direção artística e do Theatro São Pedro na escolha de “L’Elisir d’Amore”, muito bem focado em todos os seus aspectos cênicos e musicais, revela aqui conhecimento de causa, do ” mettier” de seus diretores, fazendo com que o público aflua feliz ao teatro, com a lotação máxima em suas récitas até o dia 7 de Julho.
   Gaetano Donizetti é o compositor do “Elixir do Amor”, estreada a 12 de maio de 1832, há 180 anos completos, no Teatro della Canobbiana, Milão, com libreto de Felice Romani e, como ópera cômica, é uma das mais populares da ópera romântica italiana. Do mesmo compositor são Il Campanello (1836), Lucrezia Borgia (1833), Gemma di Vergy (1834), Lucia di Lammermoor (1835), Roberto Devereux (1837) , A Filha do Regimento (1840), La Favorita(1840) e Don Pasquale (1843) englobando os gêneros dramático, lírico e cômico-engenhoso com muita propriedade e sucesso.
   “L’Elisir d’Amore”, foi a escolhida para abrir a temporada lírica do Theatro São Pedro, na noite 26/6/2012 com muito sucesso de público. Um espetáculo bem cuidado nos figurinos, transpostos para uma época mais moderna, talvez dos anos de 1950, na aldeia em que se passa a história, em tons neutros e de boa combinação e com único cenário de feliz concepção de Sílvio Galvão, ambientando plenamente e com satisfação o âmbito da ópera enfocada, com o detalhe da fidelidade e a convicção de que realmente se trata daquilo que se vai ver cenicamente. Parabéns aos responsáveis por essa ambientação.
Walter Neiva, experiente homem de teatro, fez a sua parte conduzindo nos jogos cênicos todos os figurantes, coro e solistas de maneira suficiente e muito bem cumprida da parte teatral do espetáculo, com propriedade especial para os seus intérpretes principais.
Sébastien Guèze, como Nemorino é um tenor lírico-ligeiro apropriado para esse personagem, voz conduzida em boa escola, com a coloratura necessária e timbre agradável, somado a domínio da cena com muita naturalidade de desempenho. Cantou “Uma furtiva lagrima”, essa adorável romanza com sutileza e musicalidade, muito aplaudido ao seu final, como também no dueto com Adina “Esulti pur la barbara per poco alle mie pene”.
Gabriella Pace, a Adina, para a qual Donizetti escreveu a um soprano lírico “Leggero”, não é a cantora ideal para esse personagem. Soprano lírico de timbre penetrante, porém estridulante acentuado, muitas vezes deixa a desejar nesse que é um papel tão gracioso e apimentado, com sonoridades ásperas e rígidas por demais. Uma voz com maior agilidade nas coloraturas diversas, em que são peculiares nesta ópera, acompanharia bem melhor as passagens, (ornamentos e apogiaturas) com os andamentos da orquestra que não vacilou em nenhum instante nas mãos de Emiliano Patarra. De seu desempenho cênico houve boa dose de colaboração e eficiência.
Sebastião Teixeira, barítono fez um Belcore impecável cênico e musical, fruto de sua experiência de palco, adquirida nas últimas décadas. A Gianetta de Thaiana Roverso também colaborou para o êxito do espetáculo com musicalidade e apreço.
   O charlatão Dottore Dulcamara pode dominar o espetáculo quando bem defendido. Enzo Dara, Domenico Trimarchi, Silvano Pagliughi são exemplos de grandes performances deste baixo buffo na história da ópera. Aqui, Saulo Javan defendeu o dottore. Possui um bonito timbre de baixo-barítono, todavia sua pequena extensão vocal dificulta a emissão na região mais aguda, o que o faz desafinar frequentemente nas passagens mais agudas. Na ária buffa “Udite, udite, o rustici”, tanto quanto nos duetos com Nemorino “Obbbligato!…” e no outro com Adina “Quanto amore”, ficam evidenciadas essas dificuldades por ele enfrentadas, contudo, seu trabalho cênico eficaz, convence plenamente o público que o brinda, aplaudindo-o calorosamente ao final de suas intervenções.
   À saída da sala de espetáculos uma surpresa ainda nos esperava: uma lembrança de bem-casados de Nemorino e Adina entregue ao público, num ato de delicadeza e bom gosto da direção do Theatro São Pedro, que está pois de Parabéns pelo trabalho apresentado, quer pela fidelidade, limpidez e qualidade artística do espetáculo


Marco Antônio Seta, em 27 de Junho de 2012.

Fonte: http://www.movimento.com/

Comentários

  1. Achei estranho ninguém comentar até agora, por isso preciso comentar: O Sébastien possui uma técnica bem duvidosa. Não possui igualdade nos registros e coloca MUITA força pra cantar (a todo momento podemos ver as veias do seu pescoço saltando). Claramente ele força um timbre. Sem falar na boca demasiadamente escancarada para todas as notas. Mas sua vertente cênica (tirando as caretas pra cantar) é realmente excelente, e é que realmente cativa o público em geral.

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  2. Muito bem colocado seus comentários que deve entender muito de ópera, eu modestamente achei tudo lindo. Só que o doce da saída eram amendoas confeitadas e não o bem casado informado, ou será que o senhor recebeu outro mimo?

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