OSB, COHEN E MINCZUK: O TRIO DE OURO. CRÍTICA DE MARCUS GÓES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
É verdade que apresentar pela enésima vez o mais que vulgarizado, difícil e extraordinariamente bonito concerto no. 1 em si bemol menor para piano e orquestra de Tchaicowsky é repetir uma dose que vai acabar matando o doente.
Mas – e na vida musical há muita vez um “mas” desse tipo – com OSB, ARNALDO COHEN ao piano e ROBERTO MINCZUK na regência ,”la cosa cambia aspetto”.
Esse “trio de ouro” da música no Brasil nos deu no TMRJ em 23/06/2012 uma versão inesquecível da popularíssima obra. A regência de Minczuk foi o que ele é: o ritmo foi exacerbadamente marcado e sempre seriamente apropriado, a clareza dos naipes funcionou à maravilha (aí digamos “brava, OSB !!”), a amorosa flama de um romantismo crepuscular brilhou nas horas certas (os “cantabili” eram tão cantáveis que parecia que ouvíamos trechos de ópera, e aí digamos “bravo, Cohen !!”), enfim uma majestosa regência, de gestos mais que expressivos.
Muitas edições desse concerto são executadas com extremo brilho e solidez, digamos edições de ferro e fogo; outras edições dão ênfase ao detalhe, à valorização das muitas escalas na região superaguda com quatro pppp (no que Cohen é inigualável, indo ao extremo pianíssimo mas fazendo audíveis as notas), à delicadeza de ataque e terminação. São edições mozartianas. Outras são impressionistas, outras modernas à moda da música percutida do século XX.
A edição de OSB/MINCZUK/COHEN de agora é uma edição de porcelana, tal a exatidão da execução da partitura, tal o virtuosismo do solista, tal a contenção de sonoridades muita vez expostas com exagerado fulgor.
Arnaldo Cohen é consumado artista da música e sua atuação foi exemplar, principalmete por ter ele captado o espírito, a tendência de uma edição preparada para ser o que foi.
Antes do concerto, ouvimos uma obra do compositor brasileiro da geração atual Mateus Araujo, denominada “Bachmazonia”, muito bem urdida e interessante na parte percutida da primeira parte em contraste com um bonito cantabile que vem a seguir. Ouvir obras de compositores brasileiros da nova geração é sempre uma festa.
Infelizmente, não pude permanecer no teatro para a segunda parte do espetáculo. Pior para mim.
WIE SCHöN LEUCHTET DER MORGENSTERN (BWV 1)
MARCUS GÓES-JUNHO 2012
Fonte: http://www.movimento.com/
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