Theatro São Pedro estreia temporada com equilibrado “Elixir do amor”. Crítica de Nelson Rubens Kunze no blog de Ópera e Ballet
Demorou mas vingou: após as mudanças de gestão e direção por que passou desde o fim do ano passado, o Theatro São Pedro de São Paulo finalmente estreou sua temporada lírica. O título escolhido pelo novo diretor artístico, maestro Júlio Medaglia, foi O elixir do amor, de Gaetano Donizetti (1797-1848). E pudemos apreciar uma produção equilibrada e de muito bom resultado.
O prolífico Donizetti, autor de dezenas de óperas, escreveu O elixir do amor em 1832 e é um dos principais representantes da primeira leva do Romantismo italiano. O elixir pertence ao gênero da ópera cômica, mas não deixa de evidenciar a veia sentimental de seu autor. O libreto é de Felice Romani e a obra foi escrita em menos de um mês, em substituição a uma encomenda cancelada, para o Teatro della Canobbiana, de Milão.
Cena de O Elixir do Amor, no Theatro São Pedro [foto: divulgação / Décio Figueiredo]
Foi ótimo e coeso o desempenho do elenco solista. Encabeçando o time, o jovem tenor francês Sébastien Guèze fez um excelente Nemorino. Além de uma bonita voz com emissão homogênea e bem controlada em todos os registros, Guèze movimentou-se com muita naturalidade em cena. Seu porte físico e expressão combinaram perfeitamente com o personagem – comentário, aliás, que pode ser estendido aos outros cantores. Adina, a jovem e rica proprietária de terras, foi feita de modo convincente pela soprano Gabriella Pace, em atuação extrovertida e com linda e brilhante voz. O barítono Sebastião Teixeira fez Belcore, o sargento galanteador, com muita propriedade. E excelente foi a atuação do baixo Saulo Javan no papel do charlatão Dulcamara. A jovem soprano Thayana Roverso interpretou Gianetta com correção.
Mas bons cantores também já tivemos em outras produções do Theatro São Pedro. A diferença aqui foi a encenação de Walter Neiva, no todo bem conduzida e acabada. De corte tradicional, a montagem trabalhou com cenários naturalistas (Silvio Galvão), bonitos figurinos (Ingrid Furtado) e uma iluminação eficiente (Fábio Retti). Ambiciosa na medida certa de seus recursos, a produção acabou alcançando um resultado muito bom, certamente também influenciado pelo engajamento do diretor de produção José Roberto Walker.
Cena de O Elixir do Amor, no Theatro São Pedro [foto: divulgação / Décio Figueiredo]
A Orquestra do Theatro São Pedro, dirigida pelo maestro Emiliano Patarra, mostrou-se bem preparada e acompanhou corretamente o desenvolvimento da ação. Apenas o coro arregimentado para a ocasião destoou em algumas passagens, encobrindo a cena com fortes ligeiramente estridentes.
No geral, ficarão na memória algumas cenas realmente felizes, seja pela naturalidade, graça e beleza vocal do par protagonista, seja pelo talento histriônico do Dulcamara de Saulo Javan, seja pela eficiência cênica de Sebastião Teixeira. Essa produção de O elixir do amor, sem dúvida, sinaliza um novo referencial para o Theatro. A expectativa é de que, a partir daí, se consolide uma nova cultura de produção de qualidade, em que, qual um círculo virtuoso, novas exigências artísticas motivem novos investimentos financeiros. Que tal um animado Theatro São Pedro com oito produções anuais, com títulos instigantes e bem produzidos? Acendeu-se uma luz no fim do túnel!
Nelson Rubens Kunze
Fonte: http://www.concerto.com.br/
O prolífico Donizetti, autor de dezenas de óperas, escreveu O elixir do amor em 1832 e é um dos principais representantes da primeira leva do Romantismo italiano. O elixir pertence ao gênero da ópera cômica, mas não deixa de evidenciar a veia sentimental de seu autor. O libreto é de Felice Romani e a obra foi escrita em menos de um mês, em substituição a uma encomenda cancelada, para o Teatro della Canobbiana, de Milão.
Cena de O Elixir do Amor, no Theatro São Pedro [foto: divulgação / Décio Figueiredo]
Foi ótimo e coeso o desempenho do elenco solista. Encabeçando o time, o jovem tenor francês Sébastien Guèze fez um excelente Nemorino. Além de uma bonita voz com emissão homogênea e bem controlada em todos os registros, Guèze movimentou-se com muita naturalidade em cena. Seu porte físico e expressão combinaram perfeitamente com o personagem – comentário, aliás, que pode ser estendido aos outros cantores. Adina, a jovem e rica proprietária de terras, foi feita de modo convincente pela soprano Gabriella Pace, em atuação extrovertida e com linda e brilhante voz. O barítono Sebastião Teixeira fez Belcore, o sargento galanteador, com muita propriedade. E excelente foi a atuação do baixo Saulo Javan no papel do charlatão Dulcamara. A jovem soprano Thayana Roverso interpretou Gianetta com correção.
Mas bons cantores também já tivemos em outras produções do Theatro São Pedro. A diferença aqui foi a encenação de Walter Neiva, no todo bem conduzida e acabada. De corte tradicional, a montagem trabalhou com cenários naturalistas (Silvio Galvão), bonitos figurinos (Ingrid Furtado) e uma iluminação eficiente (Fábio Retti). Ambiciosa na medida certa de seus recursos, a produção acabou alcançando um resultado muito bom, certamente também influenciado pelo engajamento do diretor de produção José Roberto Walker.
Cena de O Elixir do Amor, no Theatro São Pedro [foto: divulgação / Décio Figueiredo]
A Orquestra do Theatro São Pedro, dirigida pelo maestro Emiliano Patarra, mostrou-se bem preparada e acompanhou corretamente o desenvolvimento da ação. Apenas o coro arregimentado para a ocasião destoou em algumas passagens, encobrindo a cena com fortes ligeiramente estridentes.
No geral, ficarão na memória algumas cenas realmente felizes, seja pela naturalidade, graça e beleza vocal do par protagonista, seja pelo talento histriônico do Dulcamara de Saulo Javan, seja pela eficiência cênica de Sebastião Teixeira. Essa produção de O elixir do amor, sem dúvida, sinaliza um novo referencial para o Theatro. A expectativa é de que, a partir daí, se consolide uma nova cultura de produção de qualidade, em que, qual um círculo virtuoso, novas exigências artísticas motivem novos investimentos financeiros. Que tal um animado Theatro São Pedro com oito produções anuais, com títulos instigantes e bem produzidos? Acendeu-se uma luz no fim do túnel!
Nelson Rubens Kunze
Fonte: http://www.concerto.com.br/
Estive na estreia da ópera e realmente a produção foi muito bonita, a apresentação foi extremamente divertida e os cantores cantaram proporcionalmente ao tamanho do Theatro.
ResponderExcluirEm relação ao que vi esse ano no Theatro Mvnicipal essa produção do Theatro São Pedro mostrou qualidade e preocupação com os detalhes, a ópera é um gênero no qual a produção e cenários também contam pontos.
Valeu muito à pena e felizmente tenho ingresso para mais uma récita na qual irei extremamente feliz