A ACÚSTICA DO TMRJ. ARTIGO DE MARCUS GÓES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
Considero-me, com sobras, uma pessoa que pode falar sobre a acústica do nosso querido Teatro Municipal.
Primeiro, por ser um de seus mais antigos frequentadores; segundo, porque já realizei particularmente com técnicos no assunto pesquisas com instrumentos; terceiro, porque tenho ouvidos acostumadíssimos a outros teatros, em muitos dos quais atuei como cantor de coro e comprimário; quarto, porque conheço BEM a acústica de grandes teatros do mundo, ou por ter pisado em seus palcos ou por tê-los frequentado muitas vezes. Morei em Milão ou em sua periferia durante nove anos, fui centenas de vezes somando tudo à Scala, à Opera, ao Regio di Torino, ao Comunale de Bolonha de Firenze, ao La Fenice e a vários outros teatros da Itália. Cantei como efetivo no Coro do Grand Théâtre de Dijon, França, e no Coro do Teatro Lirico d´Europa, estive dezenas de vezes na Opéra de Paris, no Metropolitan de NYC, em dezenas de teatros da Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal e naturalmente Brasil.
Durante todo esse tempo (61 anos), foi possível verificar que a acústica do TMRJ (reverberação do som, ida e volta da onda sonora, profundeza ou rarefação do som) mudou algumas vezes, em certas ocasiões de um dia para o outro, dependendo dos cenários, quando os houve, da quantidade do público, do material de cobertura das poltronas, e principalmente da existência e forma de uso e localização de rotonda e de material colocado atrás dela. Até a abertura ou fechamento das janelas dos fundos do teatro influem em sua acústica.
As mais importantes informações sobre esse tema podem ser obtidas com os artistas da música e do teatro que atuaram no TMRJ. Por volta dos anos 50/60/70, era comum ver um Arrau, um Stern, uma Schwarzkopf, uma Simionato, um Souzay, um Freire, um Del Monaco, um Sérgio Cardoso, um Rostropovich, um Pavarotti, elogiarem sua acústica e seu “retorno”, o que mudou com obras levadas a cabo no período a seguir até nossos dias.
Em torno de 1970, obras de reconstrução, recuperação e reformas, como sempre são chamadas, foram efetuadas com orçamentos caríssimos, na administração liderada pelo empresário Adolpho Bloch, com mudanças naturais na acústica. Por volta de 1990, o dirigente máximo do teatro José Carlos Barboza de Oliveira, mesmo tendo havido reformas e obras 20 anos antes, achou por bem levar a efeito outra vez obras de reforma, pintura, recuperação, e o mais que tenha sido, com novas mudanças para pior na acústica do teatro, inclusive com mudança no forro das poltronas, o que produzia incômodo barulho durante os espetáculos.
Agora, recentissimamente, menos de 20 anos depois das custosas obras da administração Barboza, a presidente da FTMRJ resolveu ela também realizar caríssimas obras de reforma, pintura, recuperações, e o que mais tenha sido, desta vez com danos aparentemente irreversíveis à acústica do TMRJ.
Recentemente, conta-se que o regente de renome internacional Kurt Mazur comentou a má qualidade da acústica do teatro. O leitor Marcelo, em comentário à minha crítica de “Rigoletto” neste site, se queixa amargamente da nova acústica do teatro, dizendo que só vai ver espetáculos da fila “A” (primeira fila) para poder ouvir.
Muitos artistas da música com quem tenho conversado, a maioria absoluta dos quais já atuou e atua cantando ou tocando no palco do TMRJ, são unânimes em afirmar a enorme diminuição de qualidade da acústica, devida, segundo a maioria deles, às modificações na rotonda ou em outro anteparo que favorecia a boa propagação e perfeito direcionamento do som, principalmente das vozes.
Pergunta-se: que obras, reformas e recuperações foram essas que danificaram uma das maiores qualidades do TMRJ? Quem é o responsável pelo dano? Que se pode fazer para melhorar a situação?
Com a palavra o general das tropas, que é o Sr. Governador do Estado, e depois a direção da Cultura no RJ e a direção do TMRJ.
GOTT SOLL ALEIN MEIN HERZE HABEN
MARCUS GÓES – JULHO 2012
Fonte: http://www.movimento.com/
Primeiro, por ser um de seus mais antigos frequentadores; segundo, porque já realizei particularmente com técnicos no assunto pesquisas com instrumentos; terceiro, porque tenho ouvidos acostumadíssimos a outros teatros, em muitos dos quais atuei como cantor de coro e comprimário; quarto, porque conheço BEM a acústica de grandes teatros do mundo, ou por ter pisado em seus palcos ou por tê-los frequentado muitas vezes. Morei em Milão ou em sua periferia durante nove anos, fui centenas de vezes somando tudo à Scala, à Opera, ao Regio di Torino, ao Comunale de Bolonha de Firenze, ao La Fenice e a vários outros teatros da Itália. Cantei como efetivo no Coro do Grand Théâtre de Dijon, França, e no Coro do Teatro Lirico d´Europa, estive dezenas de vezes na Opéra de Paris, no Metropolitan de NYC, em dezenas de teatros da Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal e naturalmente Brasil.
Durante todo esse tempo (61 anos), foi possível verificar que a acústica do TMRJ (reverberação do som, ida e volta da onda sonora, profundeza ou rarefação do som) mudou algumas vezes, em certas ocasiões de um dia para o outro, dependendo dos cenários, quando os houve, da quantidade do público, do material de cobertura das poltronas, e principalmente da existência e forma de uso e localização de rotonda e de material colocado atrás dela. Até a abertura ou fechamento das janelas dos fundos do teatro influem em sua acústica.
As mais importantes informações sobre esse tema podem ser obtidas com os artistas da música e do teatro que atuaram no TMRJ. Por volta dos anos 50/60/70, era comum ver um Arrau, um Stern, uma Schwarzkopf, uma Simionato, um Souzay, um Freire, um Del Monaco, um Sérgio Cardoso, um Rostropovich, um Pavarotti, elogiarem sua acústica e seu “retorno”, o que mudou com obras levadas a cabo no período a seguir até nossos dias.
Em torno de 1970, obras de reconstrução, recuperação e reformas, como sempre são chamadas, foram efetuadas com orçamentos caríssimos, na administração liderada pelo empresário Adolpho Bloch, com mudanças naturais na acústica. Por volta de 1990, o dirigente máximo do teatro José Carlos Barboza de Oliveira, mesmo tendo havido reformas e obras 20 anos antes, achou por bem levar a efeito outra vez obras de reforma, pintura, recuperação, e o mais que tenha sido, com novas mudanças para pior na acústica do teatro, inclusive com mudança no forro das poltronas, o que produzia incômodo barulho durante os espetáculos.
Agora, recentissimamente, menos de 20 anos depois das custosas obras da administração Barboza, a presidente da FTMRJ resolveu ela também realizar caríssimas obras de reforma, pintura, recuperações, e o que mais tenha sido, desta vez com danos aparentemente irreversíveis à acústica do TMRJ.
Recentemente, conta-se que o regente de renome internacional Kurt Mazur comentou a má qualidade da acústica do teatro. O leitor Marcelo, em comentário à minha crítica de “Rigoletto” neste site, se queixa amargamente da nova acústica do teatro, dizendo que só vai ver espetáculos da fila “A” (primeira fila) para poder ouvir.
Muitos artistas da música com quem tenho conversado, a maioria absoluta dos quais já atuou e atua cantando ou tocando no palco do TMRJ, são unânimes em afirmar a enorme diminuição de qualidade da acústica, devida, segundo a maioria deles, às modificações na rotonda ou em outro anteparo que favorecia a boa propagação e perfeito direcionamento do som, principalmente das vozes.
Pergunta-se: que obras, reformas e recuperações foram essas que danificaram uma das maiores qualidades do TMRJ? Quem é o responsável pelo dano? Que se pode fazer para melhorar a situação?
Com a palavra o general das tropas, que é o Sr. Governador do Estado, e depois a direção da Cultura no RJ e a direção do TMRJ.
GOTT SOLL ALEIN MEIN HERZE HABEN
MARCUS GÓES – JULHO 2012
Fonte: http://www.movimento.com/
Até que enfim Marcus Góes deu uma nota dentro e escreveu alguma coisa que presta!!!!
ResponderExcluirMeia crítica falando do próprio crítico! Sempre impressionante este senhor! Acabo de ler a sua última postagem,sobre o aniversário do TMRJ, e até de salários de cantor ele entende agora! Impressionante mesmo!
ResponderExcluirhahaha ironia detected
ResponderExcluirCom a última reforma, a acústica do Municipal, com relação aos espetáculos de ópera, isto é: cantores no palco e orquestra no fosso, melhorou. A melhora se deu, provavelmente, por acaso, mas o fato é que hoje se ouve melhor as vozes do que antes da reforma. Não é possível que todos os cantores brasileiros tenham, ao mesmo tempo, desenvolvido suas técnicas de projeção. Seria coincidência demais.
ResponderExcluirLamento que, pela repetição, a suposta deterioração da acústica do Municipal pós reforma se transforme em verdade histórica incontestável.