MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO ALTERA PROGRAMAÇÃO. ARTIGO DE LOENARDO MARQUES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
O TMRJaneiro divulgou nota oficial nesta segunda-feira, 6 de agosto, anunciando alterações em sua programação 2012.
Abaixo reproduzo a referida nota e, em seguida, teço alguns comentários sobre as alterações:
O Theatro Municipal do Rio de Janeiro, vinculado à Secretaria de Estado de Cultura, comunica que, devido a questões operacionais, promoveu alterações na sua temporada 2012.
- A opereta A Viúva Alegre, de Franz Lehár, foi transferida de setembro para novembro.
- O ballet Notre Dame de Paris, de Roland Petit, foi substituído por Coppélia, clássica coreografia, em versão de Enrique Martinez, com música de Léo Delibes.
- Ficam automaticamente transferidos para a temporada do próximo ano Notre Dame de Paris, de Roland Petit, e a ópera La Traviata, de Giuseppe Verdi, originalmente agendada para novembro.
- Em agosto, entra em pauta Requiem, de Verdi. A cantata Alexander Nevsky, concerto da série Música e Imagem, teve data alterada de agosto para setembro.
- Entram em cartaz a ópera Cavalleria Rusticana, em forma de concerto, em setembro, e Pedro e o Lobo, em outubro.
- O ballet O Quebra-Nozes permanece confirmado para dezembro.
A maioria das alterações promovidas contempla apenas a mudança de títulos, as datas permanecem as mesmas.
Como fartamente anunciado, o Theatro Municipal teve o seu Prédio Anexo atingido pelo desabamento dos prédios na Avenida Treze de Maio, em janeiro de 2012, fato que impôs o adiamento da abertura da casa em dois meses.
Acreditava-se então que a reforma do prédio estaria concluída a tempo para os ensaios da agenda do segundo semestre. O Prédio Anexo é peça vital para operar o Theatro Municipal. Ele abriga, além de área administrativa, as salas de ensaio dos três corpos artísticos.
Para que o Theatro reabrisse em maio, uma nova bilheteria foi feita no prédio histórico. E os corpos artísticos tiveram seus ensaios provisoriamente transferidos para a Escola de Dança Maria Olenewa (ballet); Fundição Progresso (orquestra) e Auditório da Secretaria de Estado da Fazenda (coro). Um verdadeiro tour de force que garantiu as encenações do ballet A Criação e da ópera Rigoletto. Entretanto, é muito complicado unir os três corpos artísticos para ensaios conjuntos em local distante do Theatro Municipal.
Frente a esta realidade, o Theatro Municipal transferiu para 2013 os títulos de produção mais volumosa e, consequentemente, operacionalmente mais delicados, que precisariam de maior tempo de preparação e ensaio. Desta maneira, o Theatro Municipal faz as adequações operacionais e financeiras necessárias e assegura a qualidade e a excelência de sua programação nesta e na próxima temporada.
Comentários
Alterações na programação do Theatro Municipal do Rio de Janeiro são uma constante. Desde 2002, apenas em 2011 o Municipal honrou sua programação. Em todos os outros anos, sempre tivemos cancelamentos, adiamentos e outras desculpas.
Para não perder o hábito, temos novamente alterações na programação, ainda que desta vez com uma justificativa minimamente plausível – o que, no entanto, não livra o Municipal de ser um teatro que, definitivamente, não é confiável em termos de programação artística, em especial no que diz respeito a produções de ópera.
É ainda importante salientar que, de acordo com o jornalista João Luiz Sampaio, do Estadão, que divulgou em primeira mão, em seu blog, que o Municipal faria alterações na sua temporada, um dos motivos para tais alterações, além do problema do Anexo do Theatro mencionado na nota oficial, seria um “contingenciamento de verbas” por parte do Governo do Estado em virtude de “problemas de arrecadação” – que, vejam só, parecem não afetar a reforma do Maracanã para a Copa de 14. Nada contra a reforma do estádio, desde que ela não afete a já minguada verba que não permite ao Municipal ter uma temporada digna.
O mínimo que se espera, depois deste balde de água fria, é que o Governo do Estado, a Secretaria de Cultura e a direção do Theatro Municipal tenham responsabilidade suficiente para, pelo menos, programar uma temporada decente para 2013, ocasião em que o mundo todo comemorará os 200 anos de nascimento de Verdi e também de Wagner.
Segundo a nota, a ópera La Traviata será montada no ano que vem, mas ela não será suficiente para honrar esse ano Verdi. Será preciso também um Verdi mais robusto, como um Otello, uma Aida ou um Don Carlo. O mesmo vale para Wagner, que, para ser devidamente honrado, precisa de pelo menos duas de suas obras encenadas. É o mínimo que se espera de um teatro que montou uma ópera do compositor (Tristão e Isolda) pela última vez em 2003.
Enquanto 2013 não chega, no próximo fim de semana, o Municipal de São Paulo estreia O Crepúsculo dos Deuses, exatamente de Wagner. Para os amantes da ópera no Rio de Janeiro, o melhor caminho, infelizmente, parece ser a ponte aérea.
Leonardo Marques.
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