NOITES EM SÃO CARLOS - IMPERDÍVEL! ARTIGO DE FANÁTICO UM NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
Em Portugal, o Teatro Nacional de São Carlos foi um local mítico para os amantes
da lírica.
É um pouco desse grandioso passado que podemos
ver nesta exposição diversificada e muito bem conseguida. Guarda-roupa,
cenários, figurinos, adereços, maquetas, caricaturas, homenagem a grandes
cantores portugueses, um pouco de tudo se pode apreciar.
É permitido fotografar. Há uma boa colecção de
imagens no site do
Teatro. Também a leitura e imagens do texto
do Paulo do blogue valkirio aguça o apetite de qualquer um.
Nos tempos áureos vinham cantar ao nosso teatro de ópera os
grandes nomes da cena lírica internacional de então, consagrados ou promissores,
e as produções eram assinaláveis. Contaram-me amigos que viveram intensamente
esses períodos que, em início de carreira, quem não triunfasse em São Carlos,
não teria grande projecção internacional. E, pelo contrário, quando as actuações
eram memoráveis, outras portas se abriam mais facilmente por essa Europa fora.
Também o público era então mais conhecedor e exigente.
Apenas um exemplo, as produções de La Traviata e os nomes
que cantaram a Violetta Valéry após a reabertura do teatro em 1940 e até à
revolução de Abril: Maria Caniglia em 48, Renata Tebaldi em 50, Marguerita
Carosio em 52, Virgínia Zeani em 57, Maria Callas em 58, Mary Costa em 64,
Renata Scotto em 68 e Joan Sutherland em 74 (estava em Lisboa quando foi o 25 de
Abril e há histórias deliciosas sobre a sua saída do País, mas não é isso que
agora recordamos).
A montagem de uma produção esplendorosa da Madama Butterfly
na sala principal, repleta de público, é do melhor que se pode ver neste tipo de
exposições em qualquer parte do mundo.
Vai-se a São Carlos, assiste-se em São Carlos. Apesar de
haver quem considere uma forma elitista e snob de o dizer, só o Teatro de São
Carlos é assim referido!
A magnífica exposição agora disponível é imperdível! Numa
viagem guiada (para iniciados) ao passado glorioso do Teatro podemos também
visitar áreas interessantes que habitualmente não estão acessíveis ao público
(palco, bastidores, camarins) e ver “apenas” uma pequena parte do seu espólio
valiosíssimo e único.
Mas. tal como a ópera, ao vivo é que é! Por isso,
“corram” a São Carlos porque a oportunidade é única e termina já no dia 4 de
Setembro. Não se vão arrepender.
Espero que os responsáveis pela cultura no nosso País
também visitem a exposição. As instituições têm, ao longo da sua existência,
momentos altos e outros menos bons. Aqui podemos admirar quão grande foi o São
Carlos e, olhando para a realidade actual, no que se transformou.
Esperemos que, mesmo em tempos de crise, os responsáveis
pelo nosso único teatro nacional de ópera tenham o engenho e a arte para voltar
a prestigiá-lo com programações dignas da sua história e, sobretudo, de um
teatro de ópera de uma capital europeia, neste início do Século XXI.
Um óptimo elenco internacional, uma que outra vez, será
excelente mas, como já aqui escrevi várias vezes, recorrendo ao que é nacional,
desde que de qualidade (e há muita por cá e pelo estrangeiro, basta saber
identificá-la e ter a coragem de dar oportunidades), penso que se poderá e
deverá fazer muito melhor.
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