"TANNHAUSER" BRILHA NO MUNICIPAL DE SANTIAGO DO CHILE. CRÍTICA DE MARCO ANTÔNIO SETA NO BLOG DE ÓPERA E BALLET

chile-600

O choque entre dois mundos (a redenção do homem pecador pelo amor de uma mulher pura), evocou com acerto a época dos trovadores no palco do Municipal de Santiago.

A partir de 05 de Agosto até 16 do corrente mês com uma récita extra no dia 19 (domingo), foi um êxito a apresentação de “Tannhauser”, de Wagner na presente temporada lírica chilena.
Ópera Tannhauser. TMS 2012 250 Tannhauser brilha no Municipal de Santiago do Chile
Cena da ópera
O maestro Rani Calderón, diretor artístico de uma orquestra bem equilibrada, a Filarmônica de Santiago, desde as cordas até os sopros de metais, conseguiu emocionar com matizes de colorido satisfatórios, quase todas as alternâncias de turbulência e idealismo contidas na partitura do grande mestre alemão. A ópera datada em sua estreia mundial de 19 de outubro de 1845, no Teatro Real de Dresden, da qual não obteve o triunfo esperado, reestreou com diferentes modificações, até sua versão parisience em 1861, da qual vimos a representação atual.
O encenador Michael Hampe tanto quanto o cenógrafo e figurinista Germán Droghetti, não pouparam esforços para que fossem mantidos o realismo e o convencional na montagem tradicionalista, proporcionando momentos de rara beleza plástica complementada pela iluminação inteligente de Ramón López, que realizou, sobretudo no 1º ato uma criação maravilhosa. Colaborou ainda mais, a coreografia de Jaime Pinto, com belos, insinuantes e apropriados volteios coreográficos na cena de Venusberg.
Na récita de 16 de Agosto, quinta-feira, às 19 h. o tenor Frank van Aken não esteve tão bem, devido a uma indisposição, ocorrida pelo intenso frio que se abate sobre Santiago. Em um papel extremamente exigente para Tannhauser, o cantor enfrentou muitas dificuldades especialmente no 1º ato, quando canta “Dir tone lob”, um pouco melhor nas cenas seguintes do 2º ato, durante o dueto com o soprano e “Zu iht”. Canta com musicalidade e tem uma passagem para os pianos (p) e (pp) de consideràvel beleza canora.



Ópera Tannhauser. TMS 2012 2501 Tannhauser brilha no Municipal de Santiago do Chile
Cena da ópera
Eva -Maria Westbroek
, (Elisabeth) holandesa como o seu marido, Frank Van Aken, constitui-se em uma das maiores vozes da atualidade. Soprano lírico-dramático, senhora da cena internacional, domina o palco com facilidade e possui um extenso registro vocal, radiante e belo. Cantou soberbamente sua oração “Alimarht´ge Jungfran” e sua entrada “Dich teure Hale”, como também no trio “Lass hin zu dir ihn w allen” com Tannhauser e Landgrave ao fim do 2º ato foram impecáveis.
Para aqueles que conhecem as grandes interpretaçñoes de Eva Marton com Richard Cassilly, Nadine Secunde e René Kollo com Waltraud Meier; Petra Maria Schnitzer e Peter Seiffert; Tina Kiberg e Stig Andersen com Susanne Resmark (Decca 2009), esta encenação não ficou muito atrás. Foi brindada como uma chuva de flores ao final da ópera.
Outro destaque foi o barìtono alemão Markus Bruck como Wolfram von Eschenbach. Cantou lindamente sua cavatina no concurso de canto e também com imensa musicalidade e precisão musical a célebre “O du, mem holder Abendstern”, a canção da “Estrela Vespertina”.
Ainda em nível internacional o baixo alemão Andreas Bauer como o Hermann com notas sonoras e bem timbradas durante todo seu discurso. Merecem destaque os cantores chilenos Luis Olivares, tenor como Walther, Juan Pablo Dupré (Heinrich), Patrício Sabaté (Biterolf), David Gáez (Reinmar) e o soprano Marcela Gonzalez (Pastor). Uma nota especial ao Coro do Teatro Municipal, pela precisão musical, sonoridade redonda, afinação extraordinária e glamour apresentada nesta produção que fica na história do Municipal de Santiago do Chile.
Escrito por Marco Antonio Seta, em 17 de Agosto de 2012.

Marco Antônio Seta

Fonte: http://www.movimento.com/

Comentários

Postagens mais visitadas