"ARIADNE EM NAXOS" NO RIO : AULA DE CANTO DA MAIOR DIVA BRASILEIRA. CRÍTICA DE LEONARDO MARQUES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET
Eliane Coelho exibe em concerto sua voz generosa e única.
Nesta segunda-feira, 10 de setembro, a Orquestra Sinfônica Brasileira Ópera & Repertório (OSB O&R) apresentou em concerto Ariadne em Naxos, ópera de Richard Strauss sobre libreto de Hugo von Hofmannsthal, em uma dita versão original de 1912, quando a mesma ainda não possuía o prólogo que mais tarde o compositor inseriu em sua obra.
Escrevo “dita” porque, na verdade, o que me pareceu foi que a ópera teve apresentado o seu 1° e único ato (posterior ao prólogo) da versão definitiva, e não o ato único original de Strauss, que era um pouco diferente em relação à versão que vingou. Pelo menos, é o que pude entender baseando-me no pouco material que encontrei a respeito da versão original da partitura.
Cabe destacar, de antemão, que uma das melhores propostas desta Série Lírica da OSB O&R consiste em unir no palco jovens promessas do canto brasileiro a artistas mais experientes. Certamente, neste quinto concerto da Série, a proposta atingiu seu auge, porque é de se pensar e se imaginar como se sentiram jovens como Loren Vandal ou Nathalia Trigo no momento em que tiveram a oportunidade de ensaiar e se apresentar ao lado da maior cantora brasileira em atividade. Essa união da juventude com a experiência só pode ser benéfica e, espero, frutífera e inspiradora.
Na apresentação desta segunda-feira, tudo começou pela orquestra, muito bem conduzida por Eugene Kohn, que dela tirou uma sonoridade rica e reluzente, com os naipes bem equilibrados, resultando, sem qualquer dúvida, na melhor performance a que pude assistir da OSB O&R, expressiva e bastante consistente ao interpretar a música nada fácil do gênio alemão.
Dentre os solistas, não comprometeram o tenor Ivan Jorgensen (Brighella) e o baixo Murilo Neves (Truffaldino). O barítono Inácio de Nonno esteve correto como Arlequim, e muito bem esteve Ricardo Tuttmann como Scaramuccio, todos estes figuras representativas da Commedia dell’Arte.
Do trio de ninfas, destacaram-se a mezzosoprano Carolina Faria (Dríade), com uma voz quente e expressiva, que se adaptou muito bem à música de Strauss, e a jovem soprano Loren Vandal (Eco), que exibiu uma técnica refinada e parece trilhar pelos bons caminhos da voz – fiquemos de olhos e ouvidos abertos para ela. Menos satisfatória foi a Náiade da soprano Nathalia Trigo, cujo instrumento ainda necessita de maior aprimoramento.
A soprano Juliana Franco oscilou como a espevitada Zerbinetta, alternando bons momentos com outros nem tanto, enquanto o tenor Juremir Vieira viveu um Baco no geral consistente. Por fim, a soprano Eliane Coelho deu uma aula a quem a acompanhava. Como de costume, dominou o palco, exibiu sua fantástica projeção, derramou sua técnica imaculada, alternou pianíssimos delicados com fortíssimos exuberantes, em momentos de enorme expressividade artística. Se a Brünnhilde que interpretou há poucos dias em São Paulo foi excelente, mas não perfeita, sua Ariadne esbanjou perfeição e arte em nível superlativo. Como todos sabem, a diva tem uma relação especial com Strauss, e sua Salomé é célebre mundo afora.
Depois deste ótimo e estimulante concerto, a próxima ópera da Série Lírica da OSB O&R será Il Pirata, de Bellini, em 1° de outubro.
Leonardo Marques.
Fonte: http://www.movimento.com/
Nesta segunda-feira, 10 de setembro, a Orquestra Sinfônica Brasileira Ópera & Repertório (OSB O&R) apresentou em concerto Ariadne em Naxos, ópera de Richard Strauss sobre libreto de Hugo von Hofmannsthal, em uma dita versão original de 1912, quando a mesma ainda não possuía o prólogo que mais tarde o compositor inseriu em sua obra.
Escrevo “dita” porque, na verdade, o que me pareceu foi que a ópera teve apresentado o seu 1° e único ato (posterior ao prólogo) da versão definitiva, e não o ato único original de Strauss, que era um pouco diferente em relação à versão que vingou. Pelo menos, é o que pude entender baseando-me no pouco material que encontrei a respeito da versão original da partitura.
Cabe destacar, de antemão, que uma das melhores propostas desta Série Lírica da OSB O&R consiste em unir no palco jovens promessas do canto brasileiro a artistas mais experientes. Certamente, neste quinto concerto da Série, a proposta atingiu seu auge, porque é de se pensar e se imaginar como se sentiram jovens como Loren Vandal ou Nathalia Trigo no momento em que tiveram a oportunidade de ensaiar e se apresentar ao lado da maior cantora brasileira em atividade. Essa união da juventude com a experiência só pode ser benéfica e, espero, frutífera e inspiradora.
Na apresentação desta segunda-feira, tudo começou pela orquestra, muito bem conduzida por Eugene Kohn, que dela tirou uma sonoridade rica e reluzente, com os naipes bem equilibrados, resultando, sem qualquer dúvida, na melhor performance a que pude assistir da OSB O&R, expressiva e bastante consistente ao interpretar a música nada fácil do gênio alemão.
Dentre os solistas, não comprometeram o tenor Ivan Jorgensen (Brighella) e o baixo Murilo Neves (Truffaldino). O barítono Inácio de Nonno esteve correto como Arlequim, e muito bem esteve Ricardo Tuttmann como Scaramuccio, todos estes figuras representativas da Commedia dell’Arte.
Do trio de ninfas, destacaram-se a mezzosoprano Carolina Faria (Dríade), com uma voz quente e expressiva, que se adaptou muito bem à música de Strauss, e a jovem soprano Loren Vandal (Eco), que exibiu uma técnica refinada e parece trilhar pelos bons caminhos da voz – fiquemos de olhos e ouvidos abertos para ela. Menos satisfatória foi a Náiade da soprano Nathalia Trigo, cujo instrumento ainda necessita de maior aprimoramento.
A soprano Juliana Franco oscilou como a espevitada Zerbinetta, alternando bons momentos com outros nem tanto, enquanto o tenor Juremir Vieira viveu um Baco no geral consistente. Por fim, a soprano Eliane Coelho deu uma aula a quem a acompanhava. Como de costume, dominou o palco, exibiu sua fantástica projeção, derramou sua técnica imaculada, alternou pianíssimos delicados com fortíssimos exuberantes, em momentos de enorme expressividade artística. Se a Brünnhilde que interpretou há poucos dias em São Paulo foi excelente, mas não perfeita, sua Ariadne esbanjou perfeição e arte em nível superlativo. Como todos sabem, a diva tem uma relação especial com Strauss, e sua Salomé é célebre mundo afora.
Depois deste ótimo e estimulante concerto, a próxima ópera da Série Lírica da OSB O&R será Il Pirata, de Bellini, em 1° de outubro.
Leonardo Marques.
Fonte: http://www.movimento.com/
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