FESTIVAL DO THEATRO DA PAZ 2012.
Apresentamos a programação de 2012, feita com muita elegância e discernimento.
Novos desafios…
Fazer a roda começar a girar na estrada, não da perfeição, mas da qualidade, é uma tarefa árdua, porém, depois que ela começa a girar, as perspectivas e as metas em movimento passam a ser ainda maiores. O Festival do ano passado nos deixou – a toda a nossa equipe – críticas favoráveis e um incentivo para prosseguirmos: superamos as armadilhas que uma ópera como a Tosca, de Puccini, apresenta e inundamos o teatro de luz com a formosa Carmina Burana, de Orff e, ainda, com o plus de ter a alegria de trazer de volta a nossos palcos a grande figura de Maria Sylvia Nunes.
Neste XI Festival, impusemo-nos diferentes propósitos. Ao abrir a estação com Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni, estamos retomando a brilhante virada do século XIX ao XX para festejar um dos espetáculos mais apresentados no Da Paz e queridos da plateia paraense à época, que, decerto, nossos bisavós tiveram a oportunidade de aproveitar. A ópera do jovem Mascagni, escrita quando o autor tinha apenas 26 anos, deu-lhe fama e glória, sucesso que ele não repetiria em toda a sua longa vida, e representou para o teatro lírico italiano uma das suas maiores guinadas, pois foi pela primeira vez que uma linguagem musical nova subia à cena. Gente do povo, com sofrimentos e alegrias verdadeiras, na crueza de sua vida simples, humana e despojada como a própria música do drama, direta e sem adorno, leva para o palco paixão, ciúme, ultraje e vingança, o que torna a Cavalleria uma verdadeira crônica de um crime passional, à maneira de Nélson Rodrigues.
O segundo propósito foi o de trazer a Belém a montagem mágica e onírica da obra de Humperdinck, João e Maria, para contemplar o mundo das crianças, pensando na formação de plateia e acariciando os futuros amantes do teatro e do gênero lírico, dando a eles a oportunidade, também, de se emocionarem com toda a fantasia que emana de uma ópera como essa. Em parceria com o Teatro Municipal de São Paulo, assistiremos a uma das montagens mais incensadas pela crítica e destinada a espectadores de 8 a 80 anos.
Em nosso terceiro propósito (e estou aqui de dedos cruzados), nos lançamos ao voo de um desafio de grandíssima altura, de vez que ousamos, pela primeira vez na história do Theatro da Paz, encenar uma ópera com enormes dificuldades técnicas de execução: a obra prima de Richard Strauss, Salomé, baseada em texto do não menos famoso Oscar Wilde. Salomé é uma ópera escrita sem intervalos, cujos personagens estão em permanente tensão, que, como numa corrente elétrica, se transfere imediatamente para a plateia. É como realizar uma façanha extraordinária em um só fôlego. Mas nós – e refiro-me a todos, desde o Secretário de Cultura, os artistas, até o mais humilde colaborador – vamos vencer.
Além das montagens cênicas a que me referi acima, o Festival terá ainda: a volta de masterclass, visando aperfeiçoar nossos artistas locais; um recital celebrando o centenário do Maestro paraense Gentil Puget, na voz de Carmen Monarcha; outro recital marcante com o baixo-barítono português, António Salgado, que virá do Porto para interpretar canções lusas e brasileiras com textos que vão de Camões a Vinícius de Moraes; uma apresentação da Amazônia Jazz Band interpretando famosos trechos líricos em um concerto inédito, pelo menos que eu saiba, em todo Brasil, intitulado “Quando o jazz encontra a ópera”. Finalmente, o já tradicional Concerto ao ar livre, que encerra o Festival, trará também grandes surpresas, entre as quais o Bolero de Ravel encenado.
Em 2003, dirigindo-se ao público daquele ano, o Secretário Paulo Chaves Fernandes assim finalizou suas palavras: “Concluindo de uma maneira bem lusitana, deixo o desejo fluir: eu gostava que agora fosse para sempre”. É muito difícil tirarem do público paraense aquilo que iniciamos em 2002, por isso acredito na ópera no Pará, para sempre.
Gilberto Chaves
Coordenador Geral
A PROGRAMAÇÃO DO FESTIVAL
- ÓPERA CAVALLERIA RUSTICANA, de Pietro Mascagni
Theatro da Paz – dias 17, 19 e 20 de outubro, às 20h.
- MASTER CLASS – LAURA DE SOUZA
Igreja de Santo Alexandre – dia 23 de outubro, às 19h.
- RECITAL LUSO-BRASILEIRO – Antônio Salgado, baixo-barítono
Igreja de Santo Alexandre – dia 25 de outubro, às 20h.
- QUANDO O JAZZ ENCONTRA A ÓPERA – Amazônia Jazz Band
Theatro da Paz – Dia 31 de outubro, às 20h.
- ÓPERA JOÃO E MARIA (Hänsel und Gretel), de Engelbert Humperdinck
Theatro da Paz – dia 1º de novembro, às 20h. e dias 3 e 4 de novembro, às 17h.
- CENTENÁRIO GENTIL PUGET – Carmen Monarcha, soprano
Igreja de Santo Alexandre – dia 25 de novembro, às 20h.
- ÓPERA SALOMÉ, de Richard Strauss
Theatro da Paz – dias 24, 26 e 28 de novembro, às 20h.
- CONCERTO DE ENCERRAMENTO – ao ar livre
Na frente do Theatro da Paz – dia 1º de dezembro, às 20h.
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