OSB BRILHA NA SALA SÃO PAULO. CRÍTICA DE MARCO ANTÔNIO SETA NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

Realizou-se domingo 21 de Outubro às 17 horas na Sala São Paulo o concerto da Orquestra Sinfônica Brasileira - série Safira - com a regência de seu maestro titular Roberto Minczuk.
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Abriu o programa a “Leonora” nº 3 Op. 72b composição de 1805 de Beethoven. Ele compôs quatro aberturas deferentes para a sua ópera “Fidélio”, e a respeito de sua ordem cronológica existe certa controvérsia. A Ouverture Leonora nº 2 Op. 72, foi a que serviu de prelúdio à representação original da ópera. Ao fazer sua cuidadosa revisão, Beethoven abandonou esta abertura e escreveu outra inteiramente nova, construída com o mesmo material temático, que originou a Leonora nº 3 Opus 72b, considerada hoje como uma das mais importantes obras orquestrais e um dos pilares da música sinfônica do compositor alemão.
Contém a Ouverture Leonora Nº 3 alguns dos motivos da ópera: uma parte da ária de Florestano (tenor) “In des Lebens Fruhlingstagen” (clarinete e fagote) e a fanfarra para trompete que anuncia a chegada do Primeiro Ministro. Cordas muito bem entrosadas e límpidas com solos de clarinete, fagote e trompete bastante convincentes nesta edição da OSB.
Do compositor Erich Wolfgang Korngold (1897) constou no programa o concerto para violino em ré maior, op. 35 com três movimentos. Composto em 1945, criou também trilhas sonoras dos filmes de Hollywood da primeira metade do século XX. Do mesmo compositor de “O Homem de Neve”, “O Anel de Policrates”, “Violanta” e, finalmente, o seu trabalho de maior êxito “A Cidade Morta”, o concerto cujo Moderato já demonstra o envolvimento da solista, a holandesa Simone Lamsma, no espírito de E. Korngold revelou uma performance das mais equilibradas com a orquestra nas mãos de Minczuk. Mas é no Romanze e, especialmente no Allegro assai vivace, que ela colocou a sua técnica aprimorada com passagens de virtuosismo interpretativo, repetindo assim, seu sucesso na Sala São Paulo, quando aqui se apresentou no ano passado à frente dessa mesma OSB.
Após o intervalo desnecessário seria o número de Jophn Cage, uma pantomima sem sentido e das piores inspirações, com uma orquestra totalmente muda; tomou 4,33″ de nós, público ávido dos teatros e salas de concerto, para ficar naquela mesmice vendo músicos mudos e robôs de uma total falta de criatividade de John Cage. Pêsames a ele.
Encerrou, com maestria Roberto Minczuk, a Sinfonia nº 3 de R. Schumann (em mi bemol maior, Opus 97 a famosa “Renana”, inspirada no Rio Reno e nas catedrais que cortavam a cidade). A orquestração clássica romântica do compositor colaborou com a subida e descida do teto móvel da bela Sala São Paulo, que colocou à mostra de seu público, toda a sua eficácia e o seus serviços em prol da perfeita acústica que oferece a seus espectadores.
Em suma a orquestra recém reformulada, agora com muitos de seus componentes mais jovens, e também com uma técnica aprimorada, resultou em uma apresentação de alto nível artístico, tendo no momento a direção artística de Fernando Bicudo e Pablo Castellar e seu maestro titular Roberto Minczuk, que dispensa apresentações, mediante um currículo invejável na atualidade da música erudita brasileira.
Escrito por Marco Antônio Seta, em 22 de outubro de 2012.

Marco Antônio Seta

Fonte: http://www.movimento.com/

Comentários

  1. Marcelo Lopes Pereira25 de outubro de 2012 às 11:51

    Ali, Bom dia, estive na apresentação do Domingo da OSB e ela foi estupenda ! Parece que a reformulação junto à orquestra do Rio está mostrando seus frutos !.

    A Abertura de Beethoven foi fantástica e tocou fundo. Quanto ao concerto de violino eu me surprendi coma interpretação de Simone Lamsma,seu violino não aprentava ser o Stradivarius "Habeneck" de 1734, provavelmente era um outro violino de época o qual ela também toca (um Carlo Tonini) foi algo que tocou fundo na alma, isso é muito difícil de ser conseguido na música do séc. XX exceto principalmente por Mahler e Shostakovich na minha opinião !

    O uso que o Minczuk faz do teto da Sala São Paulo é notável ele já havia feito isso com a 7ª sinfonia de Bruckner no início do ano e foi algo fabuloso com efeitos sonoros lindíssimos.Acho que o Nestróvski como diretor artistico e a Marin Alsop deveriam explorar melhor o teto retrátil da Sala São Paulo. A OSB fez muito bonito em São Paulo dessa vez.
    O único incômodo foi Cage com uma obra absolutamente dispensável, que deveria ficar restrita àpenas as faculdades de música, é estranha e não agrega nada ! Tanto que sentei na primeira fila e fiz um aplauso fingido e silencioso seguindo a proposta da obra.

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