BALÉ FOLCLÓRICO DA BAHIA FAZ TEMPORADA DE “HERANÇA SAGRADA – A CORTE DE OXALÁ” EM SÃO PAULO EM NOVEMBRO.

 
BALÉ FOLCLÓRICO DA BAHIA FAZ TEMPORADA DE “HERANÇA SAGRADA – A CORTE DE OXALÁ” EM SÃO PAULO EM NOVEMBRO
Inspirado em rituais do Candomblé, com reproduções também fiéis das mais importantes manifestações folclóricas baianas – da capoeira ao samba de roda –, espetáculo tem direção geral de Walson“Vavá” Botelho e direção artística de José Carlos“Zebrinha” Santos; aplaudido nos Estados Unidos, Europa e Caribe, estreia no Teatro Sérgio Cardoso dia 30 de novembro, repaginado com 26 bailarinos, músicos e cantores e fica em cartaz até 09 de dezembro.
 
 
 
A primeira parte do espetáculo, que dá nome à temporada, traz coreografia baseada em danças do culto afro-brasileiro, reproduzindo com fidelidade sequências de movimentos de alguns dos mais importantes rituais do Candomblé. Na trilha sonora, cânticos sagrados. Na segunda parte aparecem coreografias clássicas do repertório do grupo emolduradas por músicas extraídas do folclore baiano. Entram “Berimbau”, “Puxada de Rede”,“Capoeira” e “Samba de roda”, além de“Afixirê” – essa última, com música de Antônio Portella e Jorge Paim, traz retratos da influência dos escravos africanos na cultura brasileira.
O grupo acaba de concluir temporada com dez apresentações em Auckland, Christchurch e Dunedin, na Nova Zelândia. Viajou com 34 integrantes.
Faz mais de doze anos que o Balé Folclórico da Bahia não se apresenta em SãoPaulo. “Só agora, com recursos do Programa Oi de Patrocínios Culturais é que foi possível viajar pelo Brasil”, comemora Vavá, fundador e diretor do Balé Folclórico da Bahia.
Em agosto, 32 bailarinos da companhia participaram do encerramento das Olimpíadas de Londres. No Carnaval de 2012, foi uma das atrações especiais da Portela, que homenageou a Bahia, com uma ala no desfile na Marques de Sapucaí.
Dezenas de bailarinos, muitos vindos de famílias de origem muito simples, aprenderam os primeiros passos de dança no Balé Folclórico da Bahia (BFB). Tornaram-se profissionais no grupo e hoje brilham em grandes companhias internacionais do mundo. Slim Melo, hoje, é solista da Companhia de Dança Alvin Ailey (EUA). Roberto Montenegro assina a direção artística da montagem “Rei Leão” – onde estão, atualmente mais de quarenta bailarinos formados no BFB, atuando em montagens na Broadway, Alemanha, França e Cingapura, dentre outros países; Durval Santos, que começou como bailarino, agora é coreógrafo da Companhia de Dança Alvin Ailey (EUA). A famosa companhia britânica STOMP também tem no seu corpo três ex-bailarinos do BFB.
Nos EUA, onde circulou recentemente por 30 cidades, a temporada de três meses de “Herança Sagrada” atraiu mais de 100 mil pessoas. Nesse número, destacam-se personalidades como Gloria Estefan, Steven Spielberg, Danny Glover, David Parsons, Anne Hathaway, Harry Belafonte Judith Jamison (diretora artística da Alvin Ailey American Dance Theater, que veio para o Brasil especialmente para a festa de 20 anos do Balé, em 2008) e Jessye Norman.
 
 
Caso especial dentre os fãs do BFB, a cantora lírica norte-americana Jessye Norman esteve nos cinco dias da turnê de 2011, em Nova York, levando em média trinta amigos por apresentação, inclusive pagando o ingresso deles. Depois, voltou a ir em três espetáculos em Nova Jersey e ainda foi assistir a uma apresentação em Atlanta, sua terra natal – e, nessa, levou 300 crianças e adolescentes de um orfanato que ela apoia. Depois da apresentação, ela elogiou a performance dos baianos: “pela primeira vez consegui enxergar uma catedral dentro de um teatro”, disse.
O BFB é a única companhia profissional de dança folclórica do país em atividade. A temporada paulista encerra a turnê nacional, iniciada em janeiro, em Salvador, com patrocínio da Oi e apoio cultural do Oi Futuro. Trata-se de um marco nos 24 anos de história do grupo, que possui uma intensa agenda no exterior e prestígio internacional, mas que enfrentava dificuldade para percorrer o Brasil. É a primeira vez que a companhia, selecionada pelo Programa Oi de Patrocínios Culturais, consegue recursos de uma empresa brasileira para realizar uma turnê nacional. “Manter uma equipe que se dedica à dança em regime integral, com intenso preparo técnico, preparo físico e muita pesquisa, é uma luta diária. Poucas companhias de dança privadas sem patrocinador regular conseguem existir por tanto tempo, mantendo um nível de excelência técnica tão elevado e respeito do público e da crítica. Já apresentamos o Balé ao mundo, queremos propagar nosso trabalho no Brasil”, destaca Vavá, fundador e diretor geral do Balé.
“Ao patrocinar a turnê nacional do Balé Folclórico da Bahia, a Oi pretende dar ao público brasileiro a oportunidade de aplaudir um espetáculo já consagrado em palcos estrangeiros, reafirmando o compromisso do Oi Futuro com a democratização do acesso à cultura e a valorização da diversidade cultural”, diz Maria Arlete Gonçalves, diretora de Cultura do Oi Futuro.
Balé Folclórico da Bahia: 24 anos de história
O BFB completou 24 anos em agosto de 2012. Já se apresentou em 255 cidades no exterior, sendo 182 somente nos Estados Unidos, totalizando 25 países, incluindo Itália, Canadá, Dinamarca, Austrália, Alemanha, França, Holanda, Suíça, Suécia, Portugal, Finlândia, México, África do Sul, Togo e Benin. Com sede no Pelourinho, em Salvador, funciona em regime integral de seis horas de trabalho por dia. Os 40 integrantes da companhia – dançarinos, músicos e cantores – recebem preparação técnica para dança, música e teatro. Para preservar e divulgar as principais manifestações folclóricas da Bahia, o Balé desenvolveu uma linguagem cênica que parte dos aspectos populares e atinge questões contemporâneas. O Balé também possui um segundo corpo de baile, que realiza espetáculos, diariamente, no Teatro Miguel Santana, no Pelourinho, tendo como público, principalmente, turistas estrangeiros e de outros estados do Brasil.
Dois casos interessantes
Em 1989, durante uma viagem do Balé a São Paulo, uma bailarina que fazia o solo de Yemanjá torceu o pé. De pronto, “Nildinha” Fonseca, então camareira da companhia, que sonhava ser bailarina e ensaiava escondida na coxia, pediu para fazer um teste e substituir a contundida. O sonho se tornou realidade e Nildinha não só entrou para o corpo de dança da companhia como também se transformou numa das principais solistas do Balé. Atualmente, Nildinha é professora de dança afro, bailarina solista e assistente de coreografia da companhia. Formou-se em dança pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e tem vários cursos de especialização em danças africanas em países da África, Estados Unidos e Caribe.
No Togo (África), em 2007, o rei do país outorgou a Vavá Botelho, diretor do Balé Folclórico da Bahia, o título de “Latevi” (primeiro filho do rei) e ele foi coroado como príncipe do Togo. Sua Majestade Togbé Ahuawoto Lawson VII, Rei do Togo, definiu: “este é um trabalho e esta é uma companhia de dança que nos representa para o mundo, levando nossa mensagem, nossa religiosidade de forma digna e respeitosa, mantendo acesa esta tradição, que infelizmente nós, aqui na África, estamos perdendo a cada dia. O Balé Folclórico da Bahia é o nosso grande embaixador para o mundo e o Brasil tem que se orgulhar muito dele, porque nós africanos já o fazemos”.
PROGRAMA
“HERANÇA SAGRADA - A CORTE DE OXALÁ”
Coreografia: Walson Botelho e Zebrinha
Música: cânticos sagrados do Candomblé
Nos mais de 300 anos de colonização portuguesa, milhões de escravos foram trazidos para o novo mundo. Como principal forma de resistência à sua identidade cultural, esses africanos mantiveram a sua manifestação religiosa. “Herança Sagrada” celebra esta rica tradição trazendo à cena alguns dos mais belos e importantes rituais da religião Yorubá, como uma das mais antigas e sagradas religiões da história da humanidade.
Em “Herança Sagrada”, Obatalá, criador do universo yorubá, coloca na Terra seu primeiro filho e Orixá, Exú, principal mensageiro entre os segredos do Orun (firmamento) e o Aiyê (a terra). Exú fica como responsável por dar vida a todos os seres animados, criando o mundo real.
Durante os rituais festivos, novos adeptos são iniciados saudados pelas Divindades do panteão religioso africano, a exemplo de OGUM, que rege a força da natureza contida no ferro e nas guerras; OXUM, a Deusa da vaidade e da beleza, que rege a força das águas doces; OBALUAIYÊ, Orixá das enfermidades, das doenças contagiosas e da morte; IANSÃ, que representa a força dos ventos e das tempestades e OXOSSI, divindade protetora das florestas. Alguns significados:
INICIAÇÃO DE YAÔ– Celebração da primeira apresentação pública do novo iniciado na religião. Após um determinado tempo de reclusão,onde recebe o AXÉ que guiará sua vida para sempre, o Yaô é saudado pelos Orixás e pelos demais adeptos do Candomblé.
XIRÊ – Festa. Comemoração. Sequência de danças dedicadas aos Deuses africanos delineando o aspecto central do ritual: celebração do transe permitindo que os Orixás assumam formas humanas e exibam através de movimentos espontâneos os vários aspectos da sua personalidade, criando temporariamente uma ponte entre o real e o divino.
EXÚ –Divindade enviada por Olorum, o Deus Supremo, para criar o mundo real. Este Orixá brincalhão, dono das encruzilhadas e estradas é reverenciado sempre em primeiro plano como forma de agradá-lo, pois Ele é o mensageiro entre o Orum e o Ayé (Firmamento e Terra).
OGUM: Orixá que rege os elementos da guerra e do ferro.
OXUM: Divindade suprema das águas doces, Deusa rainha da vaidade e da beleza.
OBALUAÊ: Orixá das doenças contagiosas, das pragas e da morte.
IANSÃ: Deusa guerreira dos ventos, das tempestades. Aquela que foi partida em nove pedaços.
OXOSSI: Divindade protetora das florestas, dos animais e dos caçadores.
OXALÁ: Orixá maior do Candomblé. Pai supremo de todas as divindades.
“PUXADA DE REDE”
Coreografia: Walson Botelho
Música: Folclore baiano
Manifestação popular ainda encontrada nas praias da Bahia. Pescadores, acompanhados de suas mulheres, saem à noite para a pescaria e durante todo tempo realizam rituais para IEMANJÁ, Deusa do mar, através de cantos.
“BERIMBAU”
Coreografia: Zebrinha
Música: Folclore baiano
Reza a lenda que do amor entre dois jovens de tribos rivais, por se amarem e desobedecerem às leis impostas por seus familiares de nunca se verem, foram separados e transformados por uma feiticeira em um pássaro chamado IÚNA.
O canto melancólico deste pássaro reflete a agonia dos protagonistas desta estória de amor na tentativa inútil de se reencontrarem. Foi inspirado no canto da IÚNA que surgiu o mais belo e sagrado dos toques do berimbau.
“SAMBA DE RODA”
Coreografia: Walson Botelho
Mise-en-scene: Walson Botelho e Zebrinha
Música: Folclore baiano
A dança e o ritmo mais populares na Bahia. O Samba de Roda surgiu como forma de entretenimento entre os escravos durante seus raros momentos de lazer nos fundos das senzalas. A partir de então, tomou várias formas distintas e originou diversos estilos hoje propagados por todo o país, num exemplo que varia entre o samba duro, praticado após as rodas de capoeira, aos pagodes dos morros cariocas e das festas populares na Bahia.
“CAPOEIRA”
Coreografia: Walson Botelho
Mise-en-scene: Walson Botelho e Zebrinha
Música: Folclore baiano
Forma de luta marcial que tem como base outras artes marciais e danças trazidas pelos escravos africanos, em especial aqueles vindos de Angola, durante o período colonial. Foi reprimida e proibida a sua execução principalmente em locais públicos até o início da década de 60, quando começou a ganhar força e prestígio através de grandes mestres de capoeira que a levaram para todo o mundo. Hoje, reconhecidamente, é a“arte marcial oficial do Brasil”.
“AFIXIRÊ”
Coreografia: Rosângela Silvestre
Música: Antônio Portella e Jorge Paim
Em Yorubá, AFIXIRÊ significa “festa da felicidade”. Uma coreografia inspirada na grande influência que os povos africanos tiveram na formação da cultura brasileira, em especial, na Bahia. Verdadeira festa de cores, movimentos e sons.

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