CULTURA NA TV BRASILEIRA, A GENTE NÃO VÊ POR AQUI. ARTIGO DE OSVALDO COLARUSSO NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
TV.Rica em tecnologia. Fraca em conteudo.
A TV brasileira gera verdadeiras fortunas. Basta ver que a novela “Avenida Brasil” fez com que a Rede Globo lucrasse 2 bilhões de reais em comerciais . No entanto este lucro não reverte em nada em termos de educação e de cultura já que este não é interesse desta ou das outras emissoras. O interesse mesmo é o lucro, o ganho. Tornar um público bem numeroso em verdadeiros “dependentes” da mesmice faz com que o segundo de propaganda levada ao ar seja vendido a um preço astronômico. Se a TV aberta é hoje algo totalmente comercial, é interessante lembrar que nem sempre foi assim. Há algumas décadas a mesma Globo transmitia nos domingos pela manhã um programa de música clássica. E a mesma Globo colocou no ar nos anos 80 um programa excelente chamado “Concertos Internacionais”. Nas sextas feiras, depois do Jornal Nacional, eram transmitidas obras inteiras, sem intervalos comerciais. Pudemos assistir a Nona Sinfonia de Beethoven com Karajan, seguida de diversos vídeos maravilhosos, inclusive um, produzido pela própria Globo, da Orquestra Sinfônica Brasileira, numa produção de altíssima qualidade. Este programa foi adentrando aos poucos na madrugada, e finalmente desapareceu. Vale lembrar que o que restou de cultura na TV aberta foram as chamadas “Mini séries” , que são exibidas bem tarde (cultura parece pornografia, tem que passar em altas horas), algumas delas marcantes como o “Auto da compadecida” por exemplo.
TV a cabo
Aparece então a TV a cabo, e as grandes operadoras prometiam suprir estas “aspirações culturais” neste novo segmento. Quando a poderosa Globo colocou no ar três canais na TV a cabo (Globo News , GNT e Multishow) ficou acertado que um canal transmitiria noticias, outro variedades e outro cultura. O Multishow foi durante anos um oásis na TV a cabo entre nós, com a transmissão de concertos, óperas, filmes alternativos, séries de excelente qualidade, etc. Vale lembrar que no Multishow assisti o “Anel do nibelungo” de Wagner completo apresentado por......Renato Machado. Outros tempos, outros ares. Hoje em dia o Multishow entrou em geral na mesmice da TV aberta, com poucas exceções como o programa de viagens “Não conta lá em casa”, que apresenta algo de diverso, informativo. Mas programas deste tipo constituem um espaço muito pequeno numa programação bem comercial.
Um canal que sempre apresentou uma programação excepcional , encontra-se hoje na lista de “espécies em extinção”. Trata-se do “Film and arts”. Canal argentino, em versão para português, foi transmitido pela então TVA, hoje VIVO TV. Por algum tempo foi transmitido pela TV via EMBRATEL, mas sumiu dos canais ofertados por esta operadora. O “Film and Arts” não só desapareceu da TV via Embratel, como aos poucos está desparecendo da VIVO TV. Nós que moramos em Curitiba não temos mais chance de assistir este excelente canal, que no momento só está oferecido pela operadora em São Paulo. O “Film and Arts” tem uma programação extremamente interessante: Séries sobre história da arte, Séries e documentários da BBC de altíssimo padrão de produção, óperas sempre impecavelmente legendadas, concertos, entrevistas, peças de teatro, entre outras coisas. Operadoras como a Sky e a Net, que rapidamente colocam no ar coisas bem rentáveis como “Canais de luta livre”, estão longe de pensar em algo cultural. Para quem como eu, cliente da Sky, o que resta de opção cultural em termos de TV é alguma coisa de alta qualidade transmitida pela TV Cultura de São Paulo (“Mostra Internacional de Cinema” e alguns documentários e concertos), algo da TV 5 (em francês ) e quase nada mais. Cumpre dizer que a VIVO TV oferece outro canal de cultura, o “Eurochanel”, mesmo aqui em Curitiba. Mas este canal está em franca decadência, com inúmeras reprises, e é mais um da lista de “espécies em extinção”.
A TV pode ser um veículo excelente para a transmissão de educação e cultura. Na Europa, nos Estados Unidos, em Israel e no Japão canais como o “Mezzo”, “Arte” e “Classica” mostram uma ampla opção de possibilidades culturais na televisão. Há uma esperança num novo canal da Band , o Arte1, que está sendo prometido na Sky, mas confesso que não coloco nele muitas esperanças. Entre nós resta comprar DVDs , e concluirmos que somos mesmo um país atrasado.
Osvaldo Colarusso.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/blog/falando-de-musica/
A TV brasileira gera verdadeiras fortunas. Basta ver que a novela “Avenida Brasil” fez com que a Rede Globo lucrasse 2 bilhões de reais em comerciais . No entanto este lucro não reverte em nada em termos de educação e de cultura já que este não é interesse desta ou das outras emissoras. O interesse mesmo é o lucro, o ganho. Tornar um público bem numeroso em verdadeiros “dependentes” da mesmice faz com que o segundo de propaganda levada ao ar seja vendido a um preço astronômico. Se a TV aberta é hoje algo totalmente comercial, é interessante lembrar que nem sempre foi assim. Há algumas décadas a mesma Globo transmitia nos domingos pela manhã um programa de música clássica. E a mesma Globo colocou no ar nos anos 80 um programa excelente chamado “Concertos Internacionais”. Nas sextas feiras, depois do Jornal Nacional, eram transmitidas obras inteiras, sem intervalos comerciais. Pudemos assistir a Nona Sinfonia de Beethoven com Karajan, seguida de diversos vídeos maravilhosos, inclusive um, produzido pela própria Globo, da Orquestra Sinfônica Brasileira, numa produção de altíssima qualidade. Este programa foi adentrando aos poucos na madrugada, e finalmente desapareceu. Vale lembrar que o que restou de cultura na TV aberta foram as chamadas “Mini séries” , que são exibidas bem tarde (cultura parece pornografia, tem que passar em altas horas), algumas delas marcantes como o “Auto da compadecida” por exemplo.
TV a cabo
Aparece então a TV a cabo, e as grandes operadoras prometiam suprir estas “aspirações culturais” neste novo segmento. Quando a poderosa Globo colocou no ar três canais na TV a cabo (Globo News , GNT e Multishow) ficou acertado que um canal transmitiria noticias, outro variedades e outro cultura. O Multishow foi durante anos um oásis na TV a cabo entre nós, com a transmissão de concertos, óperas, filmes alternativos, séries de excelente qualidade, etc. Vale lembrar que no Multishow assisti o “Anel do nibelungo” de Wagner completo apresentado por......Renato Machado. Outros tempos, outros ares. Hoje em dia o Multishow entrou em geral na mesmice da TV aberta, com poucas exceções como o programa de viagens “Não conta lá em casa”, que apresenta algo de diverso, informativo. Mas programas deste tipo constituem um espaço muito pequeno numa programação bem comercial.
Um canal que sempre apresentou uma programação excepcional , encontra-se hoje na lista de “espécies em extinção”. Trata-se do “Film and arts”. Canal argentino, em versão para português, foi transmitido pela então TVA, hoje VIVO TV. Por algum tempo foi transmitido pela TV via EMBRATEL, mas sumiu dos canais ofertados por esta operadora. O “Film and Arts” não só desapareceu da TV via Embratel, como aos poucos está desparecendo da VIVO TV. Nós que moramos em Curitiba não temos mais chance de assistir este excelente canal, que no momento só está oferecido pela operadora em São Paulo. O “Film and Arts” tem uma programação extremamente interessante: Séries sobre história da arte, Séries e documentários da BBC de altíssimo padrão de produção, óperas sempre impecavelmente legendadas, concertos, entrevistas, peças de teatro, entre outras coisas. Operadoras como a Sky e a Net, que rapidamente colocam no ar coisas bem rentáveis como “Canais de luta livre”, estão longe de pensar em algo cultural. Para quem como eu, cliente da Sky, o que resta de opção cultural em termos de TV é alguma coisa de alta qualidade transmitida pela TV Cultura de São Paulo (“Mostra Internacional de Cinema” e alguns documentários e concertos), algo da TV 5 (em francês ) e quase nada mais. Cumpre dizer que a VIVO TV oferece outro canal de cultura, o “Eurochanel”, mesmo aqui em Curitiba. Mas este canal está em franca decadência, com inúmeras reprises, e é mais um da lista de “espécies em extinção”.
A TV pode ser um veículo excelente para a transmissão de educação e cultura. Na Europa, nos Estados Unidos, em Israel e no Japão canais como o “Mezzo”, “Arte” e “Classica” mostram uma ampla opção de possibilidades culturais na televisão. Há uma esperança num novo canal da Band , o Arte1, que está sendo prometido na Sky, mas confesso que não coloco nele muitas esperanças. Entre nós resta comprar DVDs , e concluirmos que somos mesmo um país atrasado.
Osvaldo Colarusso.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/blog/falando-de-musica/
O Brasil está no 84° lugar do mundo em educalçao. Será que tudo faz parte de um processo bem planejado? Seja como for, reagir está em maõs da audiência, mas...
ResponderExcluirNão, não: não pense, não diga nada, só repita o que a mídia indica que as multidões preferem e pronto. Fique a vontade, Senhor Povo. E, depois, o tempo dirá a última palavra.
Este artigo é um chamado à atenção absolutamente necessário. Eu apoio.
Belíssimo e infelizmente é um artigo extremamente realista !
ResponderExcluirA alta cultura é negligenciada pelas nossas elites,parece que a cultura está cada vez mais longe das pessoas, hoje só se pensa em dinheiro, trabalho e lucros abusivos e ninguém pensa na mais básica das necessidades humanas a felicidade.
assistir a uma bela ópera ou um lindo concerto são emoções alegres e profundas que realmente tocam na alma.