FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS PARTICIPA DO FESTIVAL VILLA-LOBOS

Sob regência do maestro Fabio Mechetti, Orquestra interpreta importantes obras do grande mestre e conta com a participação de Sonia Rubinsky
 
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais integra a programação do Festival Villa-Lobos deste ano com um concerto no dia 24 de novembro, às 21h, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro,sob regência de Fabio Mechetti. Na ocasião, a Orquestra interpreta Prometeu de Leopoldo Miguez e três obras de Villa-Lobos: o Prelúdio da Bachianas Brasileiras nº 4, Bachianas Brasileiras nº 8 e Suíte para piano e orquestra, esta última com solo da aclamada pianista Sonia Rubinsky. Após 89 anos da única execução integral da peça, Rubinsky interpretou a obra com a Filarmônica em setembro deste ano, em Belo Horizonte, em reestreia mundial.
“Sentimo-nos muito orgulhosos de termos sido convidados a participar do Festival Villa-Lobos nesta edição. Especial, também, é a oportunidade de apresentarmos significativa peça do compositor, que havia sido praticamente esquecida no tempo. Resgatada recentemente e revisada pelo maestro Roberto Duarte, trazemos ao Rio de Janeiro, em colaboração com a pianista Sonia Rubinsky, essa original Suite para piano e orquestra de nosso maior compositor. Agradecemos, ainda, pela oportunidade de voltarmos ao Theatro Municipal, para que o público carioca tenha mais uma oportunidade de conferir o trabalho realizado em Minas Gerais”,destaca o maestro Fabio Mechetti, Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.
A pianista Sonia Rubinsky
Sonia Rubinsky gravou a integral da obra para piano de Heitor Villa-Lobos em oito volumes para o selo Naxos. Esta integral foi mundialmente reconhecida como referência. Em 2009, o oitavo CD recebeu o Grammy Latino como Best Recording of the Year, na categoria clássica. O primeiro volume foi escolhido como um dos cinco melhores CDs de 1999 pela revista Gramophone e nomeado para o Grammy do mesmo ano. O quinto volume foi eleito Editor’s Choice da Gramophone em 2006. Sua discografia inclui obras de Mozart, Scarlatti, Debussy, Messiaen, Mendelssohn, Jorge Liderman e Gabriela Lena Frank, (Selos Algol, Clássicos, Naxos, Albany Records, MSR Classics).
Sonia Rubinsky nasceu no Brasil, onde iniciou seus estudos musicais no Conservatório Musical Campinas com Olga Rizzardo Normanha. Aos seis anos deu seu primeiro recital e, aos 12, tocou com orquestra como solista. Aos 13 anos mudou-se para Israel, onde obteve seu bacharelado em Música pela Academia Rubin de Jerusalém. Aos 21 anos mudou-se para Nova York para estudar na Juilliard School, onde obteve títulos de mestrado e doutorado. Atualmente vive em Paris. Durante todo o seu percurso, Sonia Rubinsky nunca perdeu o contato artístico e profissional com o Brasil.
Recitalista nas grandes salas de concerto nova-iorquinas, a pianista se apresenta igualmente em outras cidades norte-americanas, na Europa e no Brasil. Como solista, Sonia Rubinsky tem-se apresentado com várias orquestras dos EUA e, no Brasil, com a Orquestra do Theatro Municipal de São Paulo e do Rio de Janeiro, Osesp, Orquestra de Campinas, Orquestra da USP e Orquestra da Bahia. Com a Filarmônica de Minas Gerais, esta será a terceira apresentação da artista.
O maestro Fabio Mechetti, Diretor Artístico e Regente Titular
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse trabalho, recebeu o XII Prêmio Carlos Gomes/2009 na categoria Melhor Regente brasileiro. É também Regente Titular e Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica de Jacksonville (EUA) desde 1999. Foi Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Syracuse e da Orquestra Sinfônica de Spokane, da qual é, agora, Regente Emérito.
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego foi Regente Residente.
Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.
Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.
Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia dirigindo a Filarmônica de Tampere.
No Brasil foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros.
Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha, La Traviata e As Alegres Comadres de Windsor.
Fabio Mechetti recebeu títulos de Mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.
Repertório
Embora nascido no Brasil, Leopoldo Miguez (Brasil, 1850- 1902) viveu toda a adolescência na Europa, onde, posteriormente, se aperfeiçoou em Composição. Foi um apaixonado pelos dramas musicais de Wagner e pelos poemas sinfônicos de Liszt, dos quais se tornou defensor convicto e grande difusor no Brasil. Seu poema sinfônico Prometeu é baseado no mito grego de Prometeu, que, por diversas vezes, foi transposto em sons, pois não raro sua tragicidade inspirou obras de diferentes compositores. Certamente foi o Prometheusde Franz Liszt que inspirou o compositor brasileiro a criar a sua versão. No Prometeu de Miguez percebem-se lampejos da Sinfonia Fausto de Liszt, assim como de características da orquestração do criador do gênero “poema sinfônico”, obra orquestral escrita geralmente em um só movimento, originada na abertura sinfônica. A ideia do poema sinfônico de Miguez se referencia no mito do rebelde titã Prometeu, que, com seu irmão Epimeteu, fora encarregado de criar os animais e o homem.
Suíte para piano e orquestra, de Heitor Villa-Lobos (Brasil, 1887 - 1959), segundo ele próprio, foi baseada “no sincretismo e na influência étnica dos povos que contribuíram para a formação musical no Brasil”; daí as três partes dedicadas aos portugueses, espanhóis, italianos e nativos. A estreia da Suíteaconteceu em São Paulo, a 21 de abril de 1923, em um dos concertos que antecederam a ida do jovem Villa-Lobos à Europa, viagem realizada com o apoio de Arthur Rubinstein e Carlos Guinle em meados daquele ano. Na première da obra, a execução da parte solista do concerto ficou a cargo da primeira esposa de Villa-Lobos, Lucília, sob a regência do próprio compositor, frente à Orquestra da Sociedade de Concertos Sinfônicos.
A segunda apresentação integral da obra, 89 anos depois de sua estreia, foi realizada pela Orquestra Filarmônica de Minas Gerais em concerto do dia 25 de setembro deste ano, com solo da pianista Sonia Rubinsky. Considerado um dos mais importantes compositores brasileiros, Heitor Villa-Lobos foi responsável pela descoberta de uma linguagem particularmente brasileira na música.
Na vasta obra de Heitor Villa-Lobos, as séries dos Choros e das Bachianas Brasileiras se destacam pela merecida popularidade. Esteticamente, sinalizam caminhos diversos para o nacionalismo do compositor. Composta originalmente para piano solo e depois transcrita pelo próprio autor para orquestra de cordas, a Quarta Bachiana estabelece um diálogo raro entre o elemento popular e evocações de procedimentos e sonoridades barrocas: do trabalho com registros muito amplos, como no Prelúdio, que faz remeter à sonoridade do órgão (instrumento bachiano por excelência), à exploração do caráter modal das melodias folclóricas nacionais, como na Ária. Villa-Lobos consegue, assim, transcender fronteiras nacionais e temporais, elaborando, com êxito raro, uma linguagem ao mesmo tempo sintética e universal, que vai muito além de qualquer nacionalismo. Neste concerto será executado somente o Prelúdio.
A Filarmônica de Minas Gerais finaliza o concerto com mais uma obra de Villa-Lobos. Bachianas Brasileiras nº 8, que requer grande orquestra e com papel importante confiado à percussão. Cada uma das nove bachianas destina-se a um conjunto instrumental diferente. A Bachiana nº 8 divide-se em quatro movimentos. O Prelúdio possui um prolongado tema que contrasta com ritmos regionais brasileiros. A Ária, com seu subtítulo “Modinha”, é uma canção sentimental impregnada de melancolia, com expressivo tema no violoncelo e acompanhamento das demais cordas.
A segunda parte da Ária traz novo motivo, na forma de um “dobrado”,adaptação brasileira do paso-doble, marcha de origem espanhola. O espírito da modinha retorna com outro tema, vago e profundamente lírico. A Toccataassume o ritmo da “Catira batida”, dança ligeira que se assemelha à giga europeia. A segunda metade apresenta uma melodia cantabile, mas o caráter de toccata persiste no acompanhamento pizzicato dos violoncelos. A Fuga, caracterizada por ritmo bem nacional, poderia trazer o subtítulo brasileiro “Conversa”, como as fugas de outras Bachianas. O próprio Villa-Lobos regeu a estreia dessa peça, a 6 de agosto de 1947, em Roma.
Sobre a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
Em seu quinto ano de vida, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais orgulha-se de já estar entre as melhores orquestras do Brasil. Criada para tornar-se um grupo de excelência artística, a Orquestra, em sua programação, apresenta ao público obras essenciais do repertório sinfônico e produções contemporâneas, inclusive peças raramente executadas. Entre seus convidados estão os artistas que se destacam no cenário nacional e internacional e que hoje têm a Filarmônica de Minas Gerais como mais uma referência de qualidade na música sinfônica. Neste curto espaço de tempo, a Orquestra foi reconhecida com três importantes prêmios brasileiros: em agosto último, recebeu o Prêmio Carlos Gomes de melhor orquestra do Brasil, feito que também havia alcançado anteriormente, em 2010, quando foi eleita o melhor grupo musical erudito pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA). Em 2009, o diretor artístico e regente titular, maestro Fabio Mechetti, recebeu o Prêmio Carlos Gomes como Melhor Regente brasileiro.
Entre os artistas que já se apresentaram com a Filarmônica de Minas Gerais estão Nelson Freire, Arnaldo Cohen, Antonio Meneses, Eliane Coelho, Marcelo Bratke, Augustin Hadelich, Yang Liu, Maximiano Valdés, Ligia Amadio, Daniel Binelli, Fabio Zanon, Adriane Queiroz, Vadin Gluzman, Pascal Rogé, Joshua Bell, Isaac Karabtchevsky, Sergei Nakariakov e Alisa Weilerstein. Na Temporada 2012, dividem o palco com a Orquestra artistas consagrados como Leon Fleisher, Kazuyoshi Akiyama e Krzysztof Penderecki, talentos em ascensão como Conrad Tao e Paulo Szot, entre muitos outros, inclusive artistas que voltam, como Nelson Freire, Antonio Meneses, Eduardo Monteiro e Augustin Hadelich.
Em outubro de 2012, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais realiza sua primeira turnê internacional com cinco concertos na Argentina e Uruguai. Segue com suas apresentações regulares, com duas séries no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, turnês, Concertos para a Juventude, Clássicos no Parque e Concertos Didáticos. Apresenta-se nos principais eventos de música clássica do país, como o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão e Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora. Desde sua criação, a Filarmônica de Minas Gerais visitou 18 cidades brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Campos do Jordão, Salvador, João Pessoa, Recife, Natal, Fortaleza, Belém, Manaus, Vitória, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Londrina e Paulínia) e 49 cidades mineiras, algumas delas mais de uma vez. Na Sala São Paulo, apresentou-se em duas temporadas e, nos teatros municipais do Rio de Janeiro e São Paulo, estreou em 2011, todos com ótima receptividade do público e elogiosas críticas. Em agosto de 2012, apresentou-se novamente no Theatro Municipal do Rio de Janeiro na série de Concertos Internacionais da Sala Cecília Meireles.
Serviço
Festival Villa-Lobos
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
24 de novembro . 21h . Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Fabio Mechetti, regente
Sonia Rubinsky, piano
Programa
MIGUEZ Prometeu
VILLA-LOBOS Suíte para piano e orquestra
VILLA-LOBOS Bachianas Brasileiras nº 4: Prelúdio
VILLA-LOBOS Bachianas Brasileiras nº 8
Ingressos:
R$ 30,00 (plateia, balcão nobre, frisas e camarotes)
R$20,00 (balcão superior)
R$ 10,00 (balcão superior lateral e galeria)
Meia-entrada para estudantes e maiores de 60 anos, mediante comprovação.

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