JOÃO E MARIA, ÓPERA PARA TODA A FAMÍLIA. CRÍTICA DE ANDRÉIA SANTOS , ESPECIAL DE BELÉM, NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.


 


Foi bom ver na estreia da ópera João e Maria, de Humperdinck, o público lotando o teatro. Em Belém, as famílias são unidas e tradicionais, todos os programas familiares são valorizados e não foi diferente nesse evento. Um presente para continuar o clima de natal que a cidade fica depois do Círio de Nazaré. Natal dos paraenses, só que em outubro.
   Olhando bem , o teatro parecia um encontro das famílias que apreciam arte. Eram pais, mães, vovôs e vovós que levam os pequeninos para perpetuar o bom gosto de ir ao teatro e ver ópera. Ruim foi ver que alguns adultos dando péssimo exemplo aos baixinhos, com maus hábitos de conversas paralelas, fotos com flash, arrastando cadeiras (no paraíso, parte mais alta do teatro as cadeiras são soltas) que ecoou no teatro todo, portas que todo o momento se abriam e fechavam. Não houve bom senso e respeito de algumas pessoas . Graças a Deus que foram a minoria.


Cena de João e Maria - foto Internet

   A ópera começa com um injustificável atraso de mais de 20 minutos, sabe-se lá por que. As cortinas se abrem e todos ficam em silêncio, observando a magnitude dos feitos especiais . Um livro enorme com cores fortes e com o título da ópera deixa todos boquiabertos. O cenário foi um show à parte.
   A personagem Maria, cantada pelo soprano Laryssa Alvarazi , tem uma bela voz que enche o teatro, parece estar microfonada, mais não esta. Sua dicção permite que não precisemos ler  a legenda, cantou sem sotaque , agradou e encantou. Sua atuação como Maria convenceu, parecia uma menina no palco , cantou sem fazer esforços, muito à vontade e com graciosidade que o personagem permite. Soprano certo para o personagem (vontade de vê-la mais vezes em outras óperas). 
Cena de João e Maria - foto Internet

   O João de Luciana Bueno, mezzo soprano, não teve a mesma qualidade vocal , sua voz é pequena e suave e em diversas passagens, muitas vezes sumindo. A dicção da mezzo-soprano deixou a desejar . Do meu lado havia uma família e as crianças falaram  ”mãe não sei o que o João ta falando (cantando), acho que ele tá com muita fome que não consegue cantar alto né mamãe?"  Assim disse a criança de no máximo tinha 9 anos. No segundo ato Luciana Bueno melhorou, a voz aqueceu, ou o mezzo percebeu que precisava de mais força para ser ouvida (em alguns momentos tinha muito ruído no teatro). Foi o ápice de  sua atuação . Parecia que de fato tinha incorporado o personagem e convenceu dali em diante. Fez o teatro rir no momento que treme de medo por estar na floresta e perdido. Foi fantástico ver o brilho nos olhos das crianças, convenceu tanto que tinha criança querendo gritar para avisar que a bruxa se aproximava. Muito legal!
   Cena de João e Maria - foto Internet
   Gertrudes( Adriana Clis, Mezzo-soprano), mãe do João e Maria, canta sem expressão, foi lá e fez o dever de casa. Pedro o vassoureiro e pai das crianças, Leonardo Neiva (barítono)  surpreende com sua voz grande e encorpada, porém com sotaque marcante da região Sul. Homem bonito pra dedel . O cara é encantador, passou uma simpatia agradável. Pena que não me deu bola.
   O Gênio do Sono ( mezzo-soprano, Aliane Sousa)  tirou de letra , apesar do nervosismo na entrada, sua voz foi muito clara, alta e marcante. Dicção sem sotaques regionais, tranqüilamente poderia substituir qualquer outra mezzo-soprano na ópera. A sua participação foi pequena mais bem notada. Parabéns!
   A fada do orvalho ( Luciana Tavares, soprano ) fez o trabalho de casa, cantou sem erros e sem sotaque. O Eco que eram as soprano Elizabeth Melo,Ione Carvalho e Juliane Lins ,mais a mezzo soprano Aliane Sousa deram um efeito excelente na atuação do João e da Maria.

Cena de João e Maria - foto Internet
 
   No terceiro e ultimo ato, já na finalizações entra o coro infanto-juvenil Vale Música, que se atrapalhou com a orquestra e fez por alguns segundos parecer que não houve ensaio suficiente (isso foi na estréia , no sábado tudo ocorreu bem e houve sintonia entre o coral e a orquestra ). Como se trata de crianças, tem o nervosismo , mas não tirou o brilho do espetáculo.
   Tivemos  diversos erros:  logo no inicio, os canhões de luzes deixavam alguns personagens no escuro por alguns segundos. A orquestra se complicou na atuação do coral das crianças, no restante foi um brilho no espetáculo. O balé Ballare da escola de dança Cia Ana Unger cometeu diversos erros e não só na sincronia( sábado foram menores os erros mais ainda ocorreram). A atuação dos 14 anjos foi um exemplo disso.
   Cena de João e Maria - foto Internet

   Os figurinos, os efeitos especiais e a cenografia  merecem um bravo! Proporcionaram algo de novo e atual na ópera. Foi um grande espetáculo, superou as expectativas de quem nunca tinha visto a ópera João e Maria . No programa houve o esquecimento em agradecer ao Theatro Municipal de São Paulo. A montagem da ópera João e Maria deve-se a gentil cessão desta produção pelo Theatro Municipal de São Paulo. Através de sua diretora Beatriz Franco do Amaral a quem foi agradecido num folder á parte que era entregue ao publico na entrada do teatro. Tremenda Gafe!
   Outra coisa que me deixou desconfortável, foi quando a produção anunciou antes do terceiro quadro que alguns personagens estariam distribuindo guloseimas ao final do espetáculos. Não preciso nem dizer que as crianças enlouqueceram para se locomover depois das cortinas fecharem. Poderiam ter dado essas guloseimas na entrada, afinal foi notório ver que alguns pais acharam que estavam num picadeiro e fizeram piquenique no camarote do teatro. 
   Falando nisso , vale ressaltar que o café do majestoso teatro da Paz é muito simples. Uma vergonha mesmo. Nem café expresso há . Direção do Theatro da Paz, por favor vamos rever isso, o café do teatro parece um boteco de esquina, porém com outra roupagem e com funcionários uniformizados. Nada  que faz lembrar um café de um renomado teatro.Vergonhoso!

 
Andréia Santos

Comentários

  1. Paulista é assim mesmo,acha tudo estranho e ruim quando sai do seu mundinho que é São Paulo.Que fique lembrado que São Paulo não é outro país.Belém tem um belo teatro e uma excelente cultura,mas concordo que há muito sotaques regionais como foi citado em alguns cantores líricos.

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    1. Informo ao Anônimo que a crítica foi escrita por uma moradora de Belém.

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  2. Sr.Ali responsável pelo blog,gostaria de convidar a senhora crítica Andreia,para ver Luciana Bueno em outra atuação para avaliar se realmente o conhecimento da Sra.Andreia tem fundamento do que fala.Como o senhor informa ela é Belenense,seria uma honrra apresentar-lhe o Municipal de São Paulo.

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  3. Falei com a crítica Andréia Santos, ela desde já agradece o convite do Sr Anônimo e informa qua quando Luciana Bueno Cantar em SP aceita o convite , pede ao senhor Anônimo que lhe mande a passagem (Belém-SP , SP-Belém) e lhe pague o hotel e o ingresso.

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  4. Sobre o comentário do Anônimo (8 de novembro, 11:45): as pessoas muitas vezes se esquecem de que o crítico comenta aquilo que vê. O fato de um(a) determinado(a) cantor(a) ter se saído bem em récitas anteriores não garante que, algum dia, ele(a) não vá se sair mal (por alguma razão e, sobretudo, por ser humano) - e que, para sua infelicidade, o crítico esteja presente justamente nesse dia infeliz. E mesmo que um crítico conheça a trajetória de um cantor, ele tem o dever profissional de ser honesto e dizer a verdade aos seus leitores sobre aquilo que viu (embora algumas coisas possam ser bem subjetivas e dependam muito de seu gosto pessoal). Não acredito, porém, que volume vocal seja uma questão subjetiva: ou se ouve ou não se ouve uma voz.

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  5. Só achei que por ser uma pessoa que faz críticas, enviar um recado, dizendo que aceita o convite e que pede que pague passagem e hospedagem não é "de bom tom" para uma pessoa que se diz entendedora de ópera para se dizer crítica. Sou paraense, estive na Ópera no domingo e achei maravilhoso.

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  6. Meu caro anônimo (Anônimo13 de novembro de 2012 17:43),foi feito um convite a Sra.Andrea,ela aceitou e respondeu o convite.Não entendi onde está o tom ruim??? e outra o blog é de critica para ópera e não pela as atitudes dos criticos.Já que é paraense assim com a autora da critica,e como você mesmo citou foi ver a ópera.Gosto é igual cabelo.Cada um tem o seu,senão concorda,sem problemas.Mas palpitar nas atitudes da Sra. um pouquinho demais? a Sra. é muito bem casada, e não vi o esposo dela reclamando de algo do tipo.

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