MISSÃO DADA NÃO É MISSÃO CUMPRIDA. MAESTRO GIANCARLO GUERRERO E A OSESP . CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

  Sala SP -Foto Internet

A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo tem estrutura e qualidade técnica para tocar com excelência as mais diversas obras do repertório clássico. Adquiriu isso ao longo dos anos e sendo regida pelos maiores maestros do mundo. Estes foram convidados para acrescentar qualidade à orquestra. O convidado da vez é Giancarlo Guerrero , sua missão: reger um programa complexo. De Anton Webern , Passacaglia, Op.1 , de Gustav Mahler, Sinfonia nº 10: Adagio e de Richard Strauss Burleske em Ré Menor, Op.11 e O Cavaleiro da Rosa, Op.59: Suíte.


   Contrariando o lema do "Capitão Nascimento": missão dada,  não é missão cumprida. O jovem maestro se perdeu nas complexidades das difíceis partituras. Sua Passacaglia , obra que repete um mesmo tema diversas vezes e lembra os leitmotiv (motivos condutores) wagnerianos, mostrou uma frieza na execução que não empolgou. O adagio, da inacabada Décima Sinfonia de Mahler, trouxe uma falta de coesão entre os naipes da orquestra, parece que cada um tocava por si e Deus por todos. A sonoridade ficou estranha e sem a menor graça. O digno maestro não convenceu regendo as difíceis passagens do adagio.
Arnaldo Cohen - Foto Internet

   Burleske de Richard Strauss tem a função de mostrar a técnica e a virtuose do pianista. Musicalmente é sem graça, piano e orquestra entram em diálogos inexpressivos. Um pouco de lirismo aliados a uma ou outra valsa tentam arrumar a casa, impossível. Arnaldo Cohen mostrou porque é um grande e exímio pianista, tocou muito e venceu todas as dificuldades técnicas da partitura. Sua técnica é absurda, seu dedilhado é arrojado, transmite uma vibração poucas vezes vista. O maestro Guerrero conseguiu não atrapalhar a performance de Cohen, grande feito.
   A suíte da ópera O Cavaleiro da Rosa de Strauss é recheada de belas valsas. Inspiração de Richard Strauss na Viena de seu compatriota, o Johann Strauss, esse o rei da valsa . Uma bela peça do romantismo tardio vienense. Guerrero conseguiu a proeza de transformar as belas valsas de Strauss em marchas frias e secas. Regeu de forma espalhafatosa e desnecessária . Pulou muito e agitou a batuta em movimentos que nem os músicos entendiam. Um regente que não acrescentou nada a OSESP , veremos como ele se saí na próxima semana tendo o grande violoncelista Antonio Meneses ao seu lado.  

Ali Hassan Ayache
  
  
  

Comentários

  1. Ali, Vi o programa na quinta e na sexta. Na minha opinião a orquestra foi muito melhor na quinta no adágio de Mahler (que foi sem dúvida meu maior interesse ), pois a orquestra conseguiu tocar fundo na alma,tivemos um certo silêncio respeitoso do público ao final do Adágio. No entanto na quinta os metais não foram tão bem. E gostaria de lançar uma pergunta:
    Será que os metais da Osesp com destaque especial junto
    às trompas não precisam de mais estudos e empenho por parte dos artistas ?

    O programa foi muito complexo e nada fácil, exigindo muito da Orquestra, que já está em final de temporada, sinto que os músicos já estão bem cansados pois 3 apresentações semanais não são brincadeira, fora a correria que fizeram nesse ano na Europa, talvez se tivéssemos menos maestros convidados e mais maestros fixos, talvez ajudasse a orquestra a moldar melhor o seu som. Uma verdade na qual devemos concordar é que a OSESP é a melhor orquestra do país porém ainda precisa se aperfeiçoar e modelar o seu som para amadurecer e ter uma "ALMA mUSICAL" mais consistente.

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