DOM PEDRO II - UM BENFEITOR DA MÚSICA. ARTIGO DE MARCUS GÓES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

Neste 2 de dezembro transcorre o 187º aniversário de Pedro II (Rio de Janeiro 1825/ Paris 1891), segundo imperador da única monarquia solidamente instituída sobre bases constitucionais nas Américas.
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Sua educação e alta linhagem (sua mãe Leopoldina era uma Habsburgo, Arquiduquesa d´Áustria, filha do imperador Francisco José II ) e o tradicional amor dos Bragança pela música (seu pai Pedro I era bom compositor e seu avô D. João VI era amantíssimo da música), foram causa de ter procurado ele com vigor e entusiasmo ser um refinado amante da arte musical e das artes de modo geral.
Desde sua posse como imperador, ocorrida em 1841, Dom Pedro deu início a proveitosa atividade em favor da música, prestigiando e estimulando o funcionamento da escola de música do Colégio Pedro II, que havia sido fundado em 1837 e que, em 1838, tivera Januário da Silva Arvellos Filho como seu primeiro professor de música. Em 1841, apoia decisivamente a nomeação de Francisco Manuel da Silva como compositor da Imperial Câmara, o que seria fundamental para que Francisco Manuel continuasse suas atividades absolutamente importantes para a música no Brasil, inclusive com a fundação do Conservatório do Rio de Janeiro em 1848, embrião da então futura Escola Nacional de Música. Tudo isso foi feito sob rigorosa presença de Pedro II à frente da fiscalização e orientação devidas.
Em 1857, começou a funcionar no Rio de Janeiro, o que estimulava atividades semelhantes nas províncias, a Ópera Nacional, nome genérico de uma empresa dirigida pelo espanhol José Amat. Essa empresa, por resolução do Governo Imperial, leia-se Pedro II, foi autorizada a funcionar desde que custeasse os estudos e o aperfeiçoamento na Europa do primeiro aluno do Conservatório, de cinco em cinco anos. Foi assim que Henrique Alves de Mesquita e Carlos Gomes, ambos medalha de ouro do Conservatório, foram aperfeiçoar-se respectivamente na França e na Itália em 1857 e 1863.
Auxiliou Carlos Gomes no início de suas atividades na Itália, intervindo com seu prestígio pessoal, o qual era enorme, para que fossem resolvidos problemas de idade e outros que obstaculavam aquelas atividades. Em 1869, mandou a Carlos Gomes altíssima soma para que o compositor pudesse pagar as despesas de montagem e representação de “Il Guarany” na Scala de Milão. (Fato pouco comentado esse: Carlos Gomes teve de pagar para pôr “Il Guarany” na Scala…). O imperador não esteve presente à estreia de “Il Guarany” na Scala, mas compareceu orgulhoso com a família imperial à criação da ópera no Brasil, no Teatro Provisório em 2 de dezembro de 1870.
O imperador se preocupava com as necessidades dos compositores brasileiros e os prestigiava, assim como os auxiliava, através de medidas governamentais, na execução de suas obras por orquestras nos teatros da capital do império e das províncias. Com o interesse do imperador se beneficiaram Brasílio Itiberê, Alexandre Levy, Gama Malcher e João Gomes de Araujo, que coloca sua ópera “Carmosina”, em 1888, no Teatro Dal Verme, de Milão, com as presenças do imperador e da imperatriz Teresa Cristina!!
Em 1889, Pedro II se coloca decisivamente ao lado de Carlos Gomes em questões relativas à apresentação de sua ópera “Lo Schiavo”. O empresário Musella pretendia proibir a apresentação da ópera no Teatro Dom Pedro II por questões de dinheiro e de direitos autorais. O imperador interveio com mão de ferro, escudado em sua autoridade, e a ópera foi apresentada.
No segundo império, por estímulo ou influências diretas ou indiretas de Pedro II, foram construídos vários teatros importantes, como o Teatro São José, em São Paulo, o Teatro da Paz, em Belém do Pará, o Teatro Santa Isabel, no Recife, o Teatro Provisório, no Rio de Janeiro, Teatro Dom Pedro II, depois Teatro Lírico, no Rio de Janeiro, e vários outros.
Tão apegado à música era Pedro II que, segundo palavras do próprio Wagner, “Tristão e Isolda” poderia ter sido estreado no Brasil. Um certo “soi-disant” diplomata brasileiro, de nome Ernesto Ferreira França (filho), procurou Wagner dizendo-se emissário do imperador, o qual pagaria uma grande soma para que o Tristão fosse criado no Rio de Janeiro… em italiano!!! Wagner naturalmente (mas muito entristecido…) não aceitou a oferta, mas a famosa ópera tem esse vínculo com o Brasil, em assunto em que há lenda e verdade misturadas. Pedro II esteve presente à inauguração do teatro de Bayreuth em 1876 e se tornou amigo de Wagner, tendo contribuído com uma bela soma em favor daquele teatro.
DU HOLDE KUNST…
MARCUS GÓES-DEZ 2012


Fonte: http://www.movimento.com/

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