SÉTIMA DE SHOSTAKOVICH E CHICO BUARQUE DE HOLANDA NA OSESP. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

     
   Shostakovich é um dos grandes compositores do século XX, não foi maior devido aos comunas soviéticos. Acusado de fazer  música burguesa , íntima e pessoal. Os mandamentos do realismo socialista exigiam composições em prol do povo. A cartilha socialista mandava exaltar o trabalho coletivo e a simplicidade. Quem não cedesse aos mandos do regima ia morrer congelado na Sibéria.
   Shostakovich quase foi para lá, caiu em desgraça quando Stalin assistiu a ópera Lady Macbeth de Mtsensky e mandou o Pravda, jornal oficial , dizer que a composição era " grosseira, primitiva e vulgar". Salvo pelo gongo com o sucesso da Quinta sinfonia tornou-se um compositor inventivo e ao mesmo tempo seguidor da cartilha socialista, ele consegue uma duplicidade única em sua obra. Fazia isso de maneira engenhosa, sua música tem peculiaridades muitas vezes intimistas se analisadas a fundo, mas com a estética socialista.

    A Sétima Sinfonia homenageia os soldados que combateram no cerco a cidade de Leningrado, todo o fervor patriótico fez dela um sucesso imediato. Sua primeira apresentação se dá no auge da Segunda Guerra Mundial, sua música é dramática, tensa e reflexiva.

   A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo apresentou a Sétima Sinfonia de Shostakovich nos dias 06/07/08 de Dezembro.A regente Marin Alsop mantém a excelência na OSESP. A apresentação do dia 06/12 mostrou força, vigor e um belo equilíbrio entre os naipes. Sua leitura mostra tempos às vezes lentos, que realçam com clareza as cores dramáticas da partitura. A expressividade conseguida pela OSESP é digna de uma grande orquestra, música de qualidade executada por grandes músicos. Madeiras e metais foram um destaque.

Marin Alsop, Foto Internet

   A apresentação remeteu aos horrores da guerra, não apenas ao sítio da cidade de Leningrado pelos nazistas, tema do concerto. A música de Shostakovich lembra os horrores de todas as guerras ocorridas e as que acontecem pelo mundo. O disfarce musical do grande compositor russo aparece nessa sinfonia, ela crítica a guerra e o regime nazista, mas no fundo ela ataca qualquer regime totalitário, o soviético inclusive.  
   O encerramento da temporada da OSESP nos dias 13/14/15 de Dezembro tem um programa estranho e de gosto duvidoso. A Suíte Chico de Chico Buarque de Holanda com arranjos de Luis Cláudio Ramos. Não tenho nada contra o grande compositor da música popular brasileira,mas não vejo nada de interessante na ligação do popular com o erudito. Cada um no seu canto. Para salvar a noite trechos da ópera Porgy and Bess de Gershwin com cantores gringos.
Ali Hassan Ayache