FUNDAÇÃO OSESP – UM EXEMPLO DE IGNORÂNCIA .Artigo de Priscilla Zanoni, assinante da OSESP no blog de Ópera e Ballet.


   Entre os dias 07 e 10 de março estive na Sala São Paulo para assistir à programação da orquestra, inclusive do domingo, e me deparei com a nova realidade do ingresso da hora, em que os mesmos são colocados à venda por R$10,00 (dez reais), à partir dos últimos quinze minutos antes da apresentação, quando os ingressos estejam esgotados.

            Na prática, quando os ingressos esgotam não há a possibilidade, é obvio, de serem adquiridos. Contudo, nos últimos minutos, em razão do sistema informatizado, a Fundação OSESP tem condições de prever que um determinado percentual dos assentos ficará disponível, em razão da impossibilidade de comparecimento daqueles que haviam adquirido ingressos. Desta forma, um número limitado de ingressos é colocado à disposição, sem marcação de assentos, para serem adquiridos pelo chamado “ingresso da hora”. Assim, o comprador entra e se posta em qualquer lugar que restar vago após o terceiro sinal indicador do início dos trabalhos da orquestra.

            Até aqui tudo dentro da normalidade mental. A diferença nesta temporada é que quando os ingressos não estiverem esgotados, ainda que o sistema aponte que assentos estarão disponíveis, os mesmos serão colocados à venda pelo preço integral. Ou seja, aqueles que ficavam na fila da hora para aproveitarem o valor mais econômico, considerando que a Sala teria mesmo assentos vagos, restaram prejudicados.

            Eu, por exemplo, comprei ingressos para todos os dias, eis que tinha enorme interesse pela programação, mas a Sala estava repleta de assentos vazios, então escolhi um local muito melhor para sentar (primeira fila, aos pés do piano, na platéia central). Como os ingressos não estavam esgotados, lá fora os interessados, na grande maioria pessoas que buscam o ingresso a R$10,00, não tiveram acesso. Repito, mesmo diante de diversos assentos disponíveis, os quais poderiam ser indicados pelo sistema e pela freqüência dos ouvintes.

            Parece, portanto, que a administração da OSESP prefere a Sala com assentos sobrando. No mínimo interessante este exemplo de gestão. Todavia, na noite do dia 07 outro fato chamou a atenção dos presentes. O Coro da Sala São Paulo, que é o local mais barato (R$28,00 – vinte e oito reais, em que estudantes podem pagar meia, ou seja, R$14,00), teve a maioria dos assentos disponibilizados a convidados (da empresa patrocinadora do concerto). Estes, após o final da primeira parte do concerto, deixaram, todos, o ambiente. O que causou uma imagem pitoresca da Sala, a permanência de poucas pessoas, sobrepondo-se a cor azul dos assentos vazios, na área de maior visibilidade da Sala, e, repita-se, no local mais econômico. Este exemplo demonstra que a administração da OSESP deve repensar, inclusive, para quem oferece ingressos, e quando não quiser pensar, ao menos que os destine para uma área menos procurada por aqueles que querem ter acesso à cultura, em um estabelecimento que recebe subsídios da administração pública.

            Alguns dizem que o ingresso da hora representa uma forma de acessibilidade. Porém, a realidade é que corresponde a uma forma de preencher espaços que ficarão vazios, portanto, não é um favor, mas um benefício aos músicos e à arte. Uma sugestão à Fundação OSESP é que eles voltem os olhos para a arte e aprendam com a prática de outras sinfônicas.
Priscilla Zanoni

   Nota do Editor I: No dia 14/03/2013 vimos que os ingressos no site de vendas oficial da OSESP estavam esgotados, ligamos para a administração e nos deram a mesma informação, sendo assim pela nova regra teríamos o ingresso da hora. Chegando à bilheteria fomos informados que existiam 3 ingressos à venda, apareceram do nada e ninguém poderia adquirir os ingressos da hora enquanto eles não fossem vendidos, fato esse que não se realizou. Realmente a administração da orquestra acabou de vez com o ingresso da hora.
   Nota do Editor II : As falas frequentes, antes das apresentações, do diretor artístico da OSESP Arthur Nestrovski, exaltando os feitos heróicos da sua administração e sendo aplaudido por todos os lados ja estão cansando.
Ali Hassan Ayache   

Comentários

  1. Bom, já que vocês tocaram neste assunto dos ingressos eu gostaria de adicionar mais uma coisa a esse respeito; um dia fui assistir a um concerto da OSESP onde só me interessava a segunda parte do concerto. Como eu não dispunha de um ingresso resolvi tentar adquirir um na bilheteria que estava fechada, o que é normal pois eu tinha chegado no final da primeira parte do e também não tinha me preparado antes para assistir o concerto, aí então eu vi muitas pessoas que assistiam apenas a primeira parte e estavam indo embora. Bom, pensei eu, vou tentar usar o ingresso dessas pessoas para assistir a segunda parte e perguntei a um casal se eu poderia ficar com um de seus ingressos para que eu tivesse acesso ao concerto e eles disseram que sim. Como eu estava na parte de fora da Sala São Paulo junto aos fumantes que tem de sair sempre que desejarem fumar eu tentei entrar junto deles mas fui barrado mesmo com um ingresso válido que tinha sido comprado por este casal e que dava direito a seu portador assistir ao concerto todo. O que mais me surprendeu foi o argumento do segurança que me disse assim: "...quando o senhor vai ao cinema, o senhor sai no meio do filme e dá o seu ingresso para outra pessoa assistir o final?..." Bom, só por essa pergunta/resposta dá para perceber o quão preparado os funcionários da Sala São Paulo estão para atender uma população que busca cultura e excelência! Fica aqui a crítica para que a fundação OSESP repense sobre como os seus funcionários devem se portar ao atender o publico que frequenta a sala São Paulo!

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  2. José João da Silva Santos15 de março de 2013 às 17:08

    Realmente essa iniciativa da OSESP mostrou-se uma ato ditatorial visando apenas ao acesso de uma elite à cultura.
    Realmente essa história não me agrada nem um pouco e quem sai perdendo como sempre são a Arte, a Música e o povo em nome dos interesses de uma elite que não percebe o país em que vivemos.
    Espero que isso sirva para derrubar o Artur, e essa diretoria, pois isso é de uma sandice sem tamanho uma vergonha.
    Os preços da OSESP são absolutamente fora da realidade do país, são preços absolutamente ESTRATOFÉRICOS.

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  3. Meu caro que fato infeliz.Senhor Ali preciso do contato da critica de ópera o qual não lembro o nome nesse momento que escreveu nesse blog sobre o festival de ópera que ocorreu em belém.Quero comprar o dvd do festival.me repasse por favor.Obrigado,Sergio.

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  4. Srs.
    Não tenho procuração da diretoria da OSESP nem do Arthur mas, como assinante a quatro anos, tenho condições de dizer que esse problema de ocupação dos assentos vagos é um item pequeno diante dos fatos positivos que tenho presenciado. Sugiro que utilizem os canais de comunicação com a direção para sugestões de melhorias.
    Não entendo que estejamos sob domínio "ditatorial" mas que estamos diante de um tema que precisa ser corretamente resolvido; inclusive fui testemunha de um triste fato de uma compradora de ingresso da hora correr pra ocupar o assento à minha frente e se recusando a dar lugar à assinante que chegou instantes depois - uma senhora idosa com dificuldades de locomoção que estava a caminho para sentar. Foi uma situação surreal, com a orquestra já tocando e os atendendes tentando acomodar a situação, que só foi resolvida quando a senhora aassinante foi encaminhada para outro assento que não era o dela.
    O problema não é simples de ser resolvido e tenho certeza que críticar de forma agressiva e distorcida não vão contribuir para a solução.
    E convenhamos, achar que o funcionário seja obrigado a aceitar o "uso compartilhado" de um ingresso já me parece um tanto quanto forçar a barra. Afinal, nenhum estabelecimento desse genero permite tal prática.
    Quanto aos valores dos ingressos, sugiro uma comparação com shows populares, sertanejos e jogos de futebol. Qual o preço de uma "camisa oficial" de clube ? Também se trata de atitude elitista?

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