Um olhar ... Pessoal .... Concertos série um certo olhar... Artigo de Marcelo Lopes Pereira no Blog de Ópera e Ballet.
Quero destacar agora um público, que merece ser
chamado de fanático, pessoas que possuem um caso sério de amor com a música, e
preparam seu tempo, dinheiro, questões pessoais para assistirem ao máximo que
podem de concertos. Percebi que são pessoas das mais variadas idades, classes
sociais e estilos, pois acredito que o amor da música erudita vem de dentro
jamais podendo ser imposto à ninguém, e depois que essa flor nasce ela jamais
fenece.
Leos Janácek, foto Internet
O concerto do último sábado, 16 de março de 2013, foi
um conjunto de joias musicais quase impossíveis de serem apreciadas em São
Paulo. Para nós são raridades como a suíte Mládi de Leos Janácek que foi
tocante, envolvente e elevada. As seis
Bagatelas de György Legeti foram um brinde aos ouvidos e ao coração, porém a
"cereja do bolo" foi o Quarteto Americano do Dvorák num arranjo de quinteto de sopros que foi no
mínimo sublime.
Voltando ao público, não sei se o caráter intimista do
concerto influencia ou se é um público
mais maduro e acostumado com o ambiente de sala de concertos, merece muitos
elogios. Cinco minutos antes dos artistas entrarem todos que já estavam
sentados em sua maioria num silêncio
contemplativo, os que conversavam, discretamente comentavam à respeito, é
claro, do concerto de sopros ou do próximo concerto da Missa Glagolítica. Assim
que os músicos entraram o silêncio absoluto se impôs, todos esperaram
respeitosamente o início do primeiro concerto vespertino. Durante a performance, ao contrário do que
acontece usualmente na OSESP, não ouvimos ruídos estranhos, ninguém tossiu ( ou tossiram
silenciosamente), nada caiu no chão, nenhuma cadeira arrastada, todos se
arranjaram facilmente nas cadeiras não numeradas. Quando acabou a primeira
performance alguns atrasados chegaram, até aos sábados São Paulo está
difícil, sentaram silenciosamente e sem alarde nas cadeiras remanescentes. Os
aplausos não raro acontecem fora de hora nos concertos, no "um certo
olhar" todos respeitam o tempo dos músicos, aplausos na medida certa.
György Legeti, foto Internet
Ao final da apresentação tivemos uma correria de algumas pessoas do público,
absolutamente justificada, pois eles correram para a fila da hora na tentativa
de conseguir um ingresso para o próximo concerto. Consegui aferir pelo menos
seis felizardos que conseguiram entrar novamente, afinal eu já estava prevenido
com os ingressos dos três concertos do dia na Sala São Paulo. O mais
interessante e bonito: Algumas pessoas
que vi no certo olhar estavam, na sexta feira, na estreia da Ópera La
Cenerentola de Rossini no Theatro São Pedro, no segundo concerto da tarde, e por fim com a Orquestra do
Heliópolis à noite e na manhã de domingo no Theatro Mvnicipal apreciando a sexta Sinfonia de Bruckner.
Os músicos foram fantásticos é claro, porém um
concerto exclusivo de sopros é fisicamente muito cansativo para os músicos, e
quase todos eles foram tocar no concerto seguinte. Acredito que os músicos ao tocarem
no primeiro concerto vespertino deveriam automaticamente ficar de folga no
segundo, pois não são apenas as performances que devemos considerar, por detrás
disso há os ensaios e ajustes, quem sabe um incremento no número de músicos
poderia ajudá-los nesse quesito pois devemos pensar na qualidade de vida do
corpo artístico da OSESP, afinal eles são artistas, que não podem ser medidos
por critérios de eficiência e eficácia que cada vez mais desumanizam nossa
sociedade.
A crítica final é claro, fica para os elevados preços
dos ingressos, a principal premissa da Sala São Paulo deve ser a acessibilidade
para as todas as pessoas da sociedade por se tratar de uma entidade de caráter
público. Acredito, quase na certeza, que um patrocinador financia um pequeno
buffet ao final do concerto, na minha opinião seria muito mais interessante
esse patrocinador ajudar na diminuição do valor dos ingressos. Sem o buffet
teríamos mais espaço na Sala de para que mais pessoas pudessem sentar e apreciar a música de Câmara.
Um grande abraço a
todos os que gostaram e também aos que não gostaram desse artigo.
Sala São Paulo, foto Internet
A música de Câmara precisa ser mais explorada no Brasil. Afinal, é um dos meios que mais aproxima o público dos naipes orquestrais. Permitindo o conhecimento específico de cada instrumento e sua potencialidade.
ResponderExcluirPatrícia Luciane de Carvalho