VERDIANO 200 . RECITAL DE TIRAR O CHAPÉU. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

  
  Quando se pensa em um recital em homenagem aos 200 anos do nascimento de Giuseppe Verdi, em uma casa que não tem tradição operística,  você imagina que as músicas mais populares do compositor italiano estarão presentes. O público sai feliz ao ouvir o Brindisi da ópera La Traviata e a ária La donna è mobille do Rigoletto. Minha surpresa começou ao chegar ao Clube Transatlântico de São Paulo e ver o programa do evento. Nada de árias famosas e sim o mais puro e complexo repertório verdiano.
   Primeiro um parabéns ao público presente, comportamento impecável para um recital que durou quase 3 horas, celulares não tocaram e conversas paralelas não aconteceram. Lembrando que a sua grande maioria eram de terceira idade. Me senti na Europa.
   Os solistas convidados apresentaram vozes verdianas do mais alto gabarito. O soprano Silviane Bellato mostrou uma voz de soprano dramático com timbre escuro e melodioso. Defendeu as árias das óperas Macbeht e La Forza del Destino com uma voz encorpada e adequada aos personagens. O Mezzo-Soprano Laura Ambirê tem graves fartos e uma voz de belo timbre, pecou  nos agudos e colocou potência nas árias Stride la vampa e Condotta ell'era in ceppi da ópera Il Trovatore. O tenor Richard Bauer destacou-se com uma voz consistente, mostrou grande poder vocal na complexa ária Dio mi potevi scagliar da ópera Otello . O barítono João Paulo Ribas tem graves vigorosos e sem brilho, sua interpretação da ária Per me giunto è dí supremo da ópera Don Carlo foi magistral. Sávio Sperandio arrasou, o baixo mostrou toda a técnica e o refinamento de um grande baixo verdiano, sua interpretação da ária Come del ciel precipita da ópera Macbeth foi, no mínimo memorável. Voz com graves possantes e vigorosos e uma consistência do início ao fim da ária. O baixo nos brindou com a ária Ella giammai m´amò , da ópera Don Carlo, detalhe, em francês, versão original feita por Verdi.  
   A direção de Walter Neiva mostrou com projeções e um texto bem redigido um pouco da vida e da obra de Verdi, explicar o sentido de cada ária faz com que o público entenda melhor o que se passa na ação, ideia interessante. Terminar com uma versão para cinco cantores do coro Va Pensiero da ópera Nabucco , ficou estranho pacas e o Brindisi da La Traviata foi uma bela sacada para agradar aos vovôs e as vovós que assistiam o recital. Todos participaram dos aplausos

Ali Hassan Ayache   
    

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